terça-feira, 1 de agosto de 2023

Garanhuns entre as décadas de 1940 e 1960

Garanhuns nas décadas de 1940 e 1960

Pedro Jorge Valença*

No livro Os Aldeões de Garanhuns, editado em 1987, está incluída uma relação dos habitantes da nossa cidade. Com muita competência o autor Alberto Rêgo, informou suas origens, atividades e os principais parentes. Isso me motivou a tentar fazer uma relação dos principais comerciantes e profissionais que eram mais convocados para atender às mais diversas necessidades.

Os alfaiates mais  famosos eram Jorge Kouri e Morais. Seu sobrinho Cícero era que conduzia as roupas para os clientes. Daí levou o nome de Cícero Manequim. Depois se destacou como noticiarista da TV Globo, funcionário do Banco do Nordeste e chefe de gabinete da Secretaria de Agricultura. Mais recente Amaro Costa era um bom alfaiate, mas se destacou como comunista mais autêntico que conheci. Meu amigo de bate papo, só que  não discutíamos sobre ideologia, cada um tendo seu pensamento formado.

Uma boa joia ou um relógio de marca, era obrigatório para todos e  podiam ser encontrados nas lojas de Manoel Cipriano e de Seu Leopoldino. Seu filho Cardoso, garante que nunca vendeu produto do Paraguai.

Doca Medeiros, tinha os melhores doces e bolos, era status levar para o colégio um lanche comprado em Doca. Pão para ser bom e bem feito tinha os destinos das  padarias: José de Souza, Napoleão Almeida e Sr. Feitosa.

Os encontros eram centralizado nos cafés de Sandoval, Arnóbio Pinto e Davi, onde tomávamos cafezinhos sentados.

O sapato das festas natalinas tinha de ser comprado na sapataria Combate de Seu Campos ou com Antônio Paulo e Manoel, onde nem os sapatos e os preços apertavam. Era chique desfilar com um Fox bico fino!

As doenças bobas eram curadas quando se passava nas Farmácias de Seu Severino e Seu Hermano.

A barbearia de Seu Belarmino, cortava meu cabelo com "compadre" Everaldo desde criança. Nas lojas de Eurico Monteiro e Ferreira Costa eram verdadeiros magazines. O atendimento de Zé Cordeiro e Chá Preto eram impecáveis, na loja de Morais, Ferrabrás, também era craque da AGA, ninguém saia sem comprar.

As fotografias de aniversários, casamentos e primeira comunhão eram perfeitas. Seu Oscar e Esperidião Falcão deixavam todo mundo elegante e bonito: As moças com a mão no queixo e os homens nos joelhos.

A livraria Escolar de Manoel Gouveia era ponto certo para compra dos livros escolares. Já Seu Bemvindo dono da loja de Louças. Foi seguido por seu filho Sóstenes.

Os carros de alugueis de Barriquinha, Baiano, Zé Nambu e Luiz Cara de Choro, conduziam todos com segurança.

Na Praça Jardim Luiz Preto era o mecânico preferido e retificava os motores com perfeição. Quando ficava gripado mandava buscar um vidro de Fimatosam e tomava o remédio de uma vez, afirmando que pancada grande é que acaba com a doença. Seu filho Paulo Fernando não seguiu a profissão.

Soares era protético e deixava todos sorrindo. Foi morar no Recife onde exerceu sua profissão. Júlio Paliado, era o pintor de autos mais famoso e nas horas vagas era técnico de futebol. Vizinho da sua oficina ficava a de Zé Cow-boy, que quebrava os galhos de urgência. Muito católico era membro do Coral do Arraial.

Para Seu Vitrúvio, a eletricidade não tinha segredos. Outro mestre foi Lulu, torneiro e armeiro exímio. Joel que além de bom zagueiro era encanador de primeira, foi seguido por João Capão. Só que como goleiro deixava e desejar. Perseverante construiu um castelo medieval que é ponto de turismo em Garanhuns.

Meu primo e compadre Eronides Silvestre, se destacou como jardineiro e responsável pelo parque Ruber van der Linden (Pau Pombo). Antônio Ouro Preto era um marceneiro de primeira, convocado foi para a Segunda Guerra na Itália, voltou sem entrar em combate, não matou ninguém..

Outros personagens de destaque: Humberto Granja e Maurício Acioli como comunicadores; Manoel Teles o maior tenor de Garanhuns; Inaldo Bico Doce nunca foi batido no jogo de sinuca. O melhor juiz de futebol era Waldemar de Chico Magro e seu irmão Oséas, era uma excelente ponta esquerda, tendo jogado no América do Recife, quando foi campeão Pernambucano. Já Penha foi o pior bandeirinha, que torcia e distorcia para seu time preferido. Se o juiz não atendesse a bandeirada, Penha entrava em campo, segurava a bola e colocava no local a onde ele achava que tinha sido falta.

*Escritor, economista e agropecuarista / Garanhuns, setembro de 2008.

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