sexta-feira, 18 de agosto de 2023

Centro Proletário Beneficente e Instrutivo de Garanhuns

Alberto Da Silva Rêgo* 

[Garanhuns] - Era localizado no último imóvel do segundo quarteirão (lado par) da Rua do Recife, Garanhuns fazendo esquina com a Avenida Dr. Luís Correia, fundado em 1905. Ali havia sempre reuniões semanais. No meu tempo de estudante secundário, gostava de assisti-las e a figura que se destacava nos debates que surgiam, era a de Zé Augusto, líder operário, que sempre defendia os seus pontos de vista com grande entusiasmo. De profissão marceneiro, na política preferia o socialismo (avesso aos comunistas, pois ele pregava a ampla liberdade de pensamento), homem de memória invejável - diziam que repetia de cor trechos e mais trechos da  História Universal de Cezar Cantú, que quando aguçado por  apartes ferinos, ia longe, nas discussões, mantendo e defendendo o seu ponto de vista. Gostava de discutir a filosofia do  materialismo e, no final, afirmava: "sou ateu".

Havia o Brasil entrado na era getulista. O problema do  operariado começava a deixar de ser unicamente "questão policial". Os sindicatos estavam em formação. Nas tertúlias, no Centro Proletário, em que o assunto versava sobre os direitos da classe obreira, entremeados, algumas vezes, com problemas políticos, a sede ficava superlotada e as calçadas próximas cheias de curiosos. É então que começam a surgir na Cidade Serrana, outros líderes, no seio dos trabalhadores, notando-se a presença de alguns mais moderados - Leonilo Ferreira, mestre de obras, protestante, Antônio Pantaleão, outro defensor da classe operária, poeta, jornalista, prolixo em seus artiguetes, misturando socialismo com esoterismo.

Eram operários que começavam a ter consciência do seu valor como elemento também essencial "à formação da nação", despertando, na década de 1930 para a defesa própria, pregando o bem social como um todo. (Fonte: Os Aldeões de Garanhuns | Alberto da Silva Rêgo | 1987).

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