quinta-feira, 27 de junho de 2024

Cabo Cobrinha


O Cabo de Esquadra Antônio Pedro de Souza, Cabo Cobrinha, nasceu em Garanhuns em 1889. Ingressou voluntariamente na Força Policial do Estado de Pernambuco em 01 de dezembro de 1909, destacando no 2º Batalhão. Em 25 de novembro de 1911 foi promovido a Aspençado (antiga graduação entre cabo e soldado), e em 27 de novembro do mesmo ano, a Cabo de Esquadra.

Em 15 de janeiro de 1917, estava destacando em Garanhuns, onde à frente de uma heroica esquadra, sob seu comando, constituída dos soldados Ezequiel Cabral de Souza, Pedro Antônio Dias, Francisco Maciel Pinto e Manoel João de Oliveira, defendeu a cadeia pública contra o assédio de mais de uma centena de cangaceiros, escrevendo com o seu sangue e dos demais defensores da cadeia, uma das páginas mais memoráveis e heroicas da Polícia Militar de Pernambuco.

O trágico episódio ficou registrado nos anais da história pernambucana como a Hecatombe de Garanhuns, uma vez que após o sacrifício da guarda, todas as pessoas que estavam refugiados no citado estabelecimento foram selvagemente exterminados.

Sob as ordens de Vicente de Tal, vulgo Vicentão, os cangaceiros dirigiram-se a cadeia, onde se achavam os infelizes destinados ao matadouro.

Ao chegar defronte a cadeia, Vicentão, medonho de ver, chapéu de couro enterrado na cabeça, rifle em punho, interpelou Cabo Cobrinha, que encontrava-se na porta da cadeia: "então entra nessa meleca ou não? ao que respondeu o policial: "só depois de passar por cima de meu cadáver". E partiu o primeiro tiro. A luta foi renhida e desigual. Mais de 100 facínoras, contra a guarda da cadeia com 5 homens. O tiroteio durou meia hora. A guarda, o cabo Antônio Pedro de Souza, o "Cobrinha", comandante do destacamento seus companheiros, todos os soldados da polícia, aceitaram com nobreza e bravura, o quinhão desigual e trágico que o destino lhe oferecia. Antônio Pedro de Souza tombou igualmente. Só depois de passar pelo cadáver do Cabo Cobrinha, os vândalos entraram na cadeia de Garanhuns.

Sangrando-o perversamente depois de morto, colocaram-no de bruços a porta da cadeia. A coice de rifle e punhais mataram os refugiados Sátiro Ivo, Manoel Jardim, J. Veloso, Júlio e Argemiro Miranda, Luiz Gonzaga e o médico Borba Júnior.

A matança foi completa e impiedosa, os sicários do déspota Júlio Brasileiro mataram homens inocentes, manchando assim a história de Garanhuns com uma nódoa jamais apagada da memória do nosso povo. Portanto, o Cabo Cobrinha escreveu o seu nome na história de Garanhuns com o seu ato de heroísmo.

Cabo Cobrinha nunca recuou do perigo e sempre que se deparava com situações impróprias e difíceis. Nunca a espingarda do cangaceiro nunca o punhal dos desordeiros os tinham feito vacilar nos postos de serviço que lhes foram entregues. Muitas ordens recebidas eram um convite para a morte. Portanto notou-se que esse graduado deveria ficar na História de Garanhuns, como um herói anônimo, sacerdote modesto do dever, corajoso e desprendido, chegou muitas vezes esquecer a família nas suas diligências policiais dificilmente executadas. Antônio Pedro de Souza, alistou-se na Polícia Militar de Pernambuco, no dia 1 de dezembro de 1909, com vinte e dois anos de idade, veio a jurar a Bandeira e tornou-se Soldado dedicado e prestativo.  Foi aqui na terra de Simôa Gomes que se tornou uma figura venerável, e onde praticou o seu último ato heroico.  Em dezembro de 1916, já como Cabo foi destacado para Bom Conselho e depois de um ano em janeiro de 1917, retornou para Garanhuns a fim de comandar o destacamento da cidade, onde veio a morrer.

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