Se a oposição esboçava algo de simpatia, no seio do eleitorado, anulava-se o resultado das eleições. Nesta se colhiam as somas de votos e se consolidavam o prestigio e a posição de uma política. Esta era a regra adotada.
Os articuladores das candidaturas impunham o seu prestigio. Os nomes surgiam de acordo com as conveniências do momento.
Não entendiam que de certo modo, política é a arte de conversar. É a abertura do diálogo sincero e franco. Eleição até o seu preparo final, é palanque, é comício: participação direta do povo exercendo livremente o seu direito de escolher. Sem esta distinção mental o terceiro plenário não pode consolidar os movimentos de opinião.
Não há em se falar em democracia - quando não se conjugam previamente as vontades e as ações livres. Só dessa maneira as deficiências do progresso político serão superadas.
Não duvidamos que o poder tem que se consolidar. Mas o autoritarismo pode ser sublimado. Sem essa complementação dos valores - as instituições se definem como democracia "cabocla". Segundo os relatos políticos da época não havia o desejo de luta no sentido do bem público. O grupo dominante, talvez pagasse qualquer preço para se manter imperturbavelmente no poder. Os chamados oposicionistas pagariam um preço maior contanto, que substituíssem os seus adversários no domínio político. O povo sempre foi uma figura simbólica que na realidade teria de lutar pelo seu próprio status. Se a lei natural determina que todo homem deve orientar a sua conduta para o bem comum, a um democrata essa lei, se lhe apresenta com os caracteres mais nítidos, por estar melhor definidos na revelação do homem como consciência cósmica. De modo que marcha política não passou um compasso bárbaro. O seu processo servia apenas de documento triste e sombrio do vale da morte, onde a palavra democracia falou-se sempre errado. Entre esses grupos políticos em choque não se cogitaria ainda de alguma esperança de um sistema melhor.
De uma legislação municipal, mais adequada, que levasse a uma justiça social. O que havia o domínio de troca de favores, barganhas, interesses pessoais. A estrutura política, por seu torno, não estava sólida. A falta de vínculo entre o povo e seus representantes revelavam sobretudo, o despreparo dos homens que se propunham dominar os destinos da comunidade.
Não havia participação direta em termos de opinião pública, esta era substituída pela participação imediatista. Contudo, certos homens existiam que por motivos óbvios, não se omitiam em colaborar. Tentavam mesmo comprometendo a sua liberdade, conduzir humanamente o seu povo.
O Tenente Coronel Argemiro Tavares de Miranda, eleito prefeito de Garanhuns, em 22 de março de 1911, sem oposição. Mereceu portanto, a confiança de seus correligionários políticos. A sua administração foi bem acentuada em vários setores.
A iluminação pública abandonada pelos seus antecessores, foi restaurada com a substituição do carbureto por lâmpadas à álcool com nova posteação. Alargou as calçadas e manteve sempre limpa a sua e nossa cidade. Aparelhou as poucas escolas municipais que existiam.
Alto comerciante, dono de um verdadeiro Empório neste setor. Portador de certos conhecimentos gerais. Pendor bem acentuado para as artes. Pintava muito bem. Alguns quadros foram apresentados como verdadeira vocação. A sua inteligência se revelava em todos os seus atos. Jornalista combatente. Foi forçado a renunciar o mandato de prefeito. Atitude esta que contribuiu para o estacionamento do progresso de Garanhuns. Não era predisposto ao diálogo. Meio introspectivo. Depois de sua renúncia, recolheu-se aos seus encargos comerciais. Os seus amigos continuavam em busca de sua orientação. Na sua residência, era visitado por políticos e intelectuais. Talvez, por isso, foi desprestigiado pelos vitoriosos correligionários de Júlio Brasileiro. Jamais perdera a serenidade. Continuou ao lado do povo de sua terra. Foi um dos injustiçados e barbaramente sacrificado na hecatombe de 1917.
*Advogado, jornalista, cronista e historiador.
Nenhum comentário:
Postar um comentário