sábado, 19 de agosto de 2023

Américo da Silva Maia

A nossa mente é muito problemática. Vive sempre em constante dualismo. Quanto mais pensamos a  respeito de um problema, quanto mais o investigamos, tanto mais complexo ele se nos apresenta. O  melhor é encararmos esse problema por via direta. Globalmente e de maneira total. O objetivo é real. Essa realidade não pode ser adiada, depende do  nosso comportamento atual. O hoje nos conduz por  caminhos corretos no  sentido de alcançarmos um porvir melhor. Percebendo-se este complexo problema do presente, a solução se encontra em pleno funcionamento. Não depende de esforços e sim de entendimento. Tudo o  que não entendemos é muito difícil. A compreensão facilita e afasta o isolamento. Quem se separa provoca distância. É, portanto, a negação do sentido da vida. Viver é, sem dúvida, bem relacionar-se. Só quando sabemos executar o mandamento cristão, é que a nossa inteligência se torna criativa. Não mais resistimos contra os nossos semelhantes. As nossas imagens não serão, na realidade, mais do que as coisas. Representam a força do pensamento que se consolida. O presente se desdobra a todo instante, em jorro, mesmo em dois jatos simétricos, dos quais um se retrai no passado e o outro se lança para o futuro. A força dos contrastes não criam opostos. Não há mais o vazio e se começa a perceber a espiritualidade imponderável da alma. A presença em todos os  nossos atos da espiritualidade maior. Da projeção da fina flor do sentimento humano que não é mais  um desejo e sim uma realidade. Não se perde mais a melodia dos nossos corações e não sairemos atrás do cantor, pedindo-lhe que nos ensine a cantar. A vida é uma sinfonia de todas as canções. A sua manifestação é um progresso de  renovação de todos os cantos e harmonias do Universo. O cântico dos Cânticos na boca da Sulamita não são mais síplicas do Egito, nem gemidos da Babilônia, nem tão pouco pedras de Jerusalém. Temos a  consciência em paz. A consciência em paz. A consciência que é -  segundo Raul Pompeia: "O espetáculo de Deus." O homem neste estado psicológico não marcha grave e mudo como um diplomata a caminho da conferência. Mas, com um sorriso franco de quem percebeu que o relógio do tempo não marca contra ele. Como quem tem verdadeiramente o que dizer e sabe com frequência como dizer."

Américo da Silva Maia. Não era filho da nossa Garanhuns. Aqui viveu os dias de sua mocidade. Na primavera de sua existência tornou-se poeta e jornalista. Irmão do professor e poeta Arthur Maia. Ao seu lado militou no campo luminoso das ideias. Eram muito unidos. Recato e simples. Muito introspectivo levavam tudo com muita seriedade. Ficara viúvo e a solidão o tornara descrente das belezas da vida. Autor de um trabalho literário muito bom.

O qual foi publicado no  Álbum de Garanhuns do  ano de 1922. Em "Tormentos" ele diz: "um dia porém, (como é triste lembrá-lo) a negra visão aternadora da Morte veio buscá-la... e levou-a... para não mais voltar. Sua alma subiu ao céu, enquanto seu corpo baixava ao seio da  terra fria... E eu fiquei a chorar, sozinho, pelas velhas estradas tortuosas e íngremes da desilusão". O sentimento profundo pela separação de sua esposa querida estava personificado no recanto de sua alma em pranto. Era pai do grande Luís Maia. O jornalista e teatrólogo, seu  filho único. Não gostava de aparecer a humildade era o sentimento mais puro de sua capacidade intelectual. Foi um dos  patronos do Centro Severiano Peixoto, cuja cadeira foi ocupada pelo jornalista Raimundo de Morais. Suas atividades não foram várias limitou-se apenas como empregado da "Estrela Polar" de seu irmão mais velho, Tomaz Maia. Fora nosso particular amigo e colaborador da imprensa do nosso tempo. Dado ao seu comportamento psicológico, nem sempre seus trabalhos intelectuais ocuparam o espaço dos jornais da época. Contudo, todos que privaram de sua amizade, tinham-se como um talento de escol. Escreveu pouco e bom. Inspirado cantor das belezas dos nossos recantos. Do seu espírito jamais se apagou a viva imagem da paisagem do nosso pitoresco. Morreu como nasceu humilde, honrado e digno.

Américo da Silva Maia, poeta, jornalista, literato, fundador e colaborador de vários jornais de  seu tempo. Foi um dos vultos da nossa cidade que deve ser lembrado  com muita saudade e  respeito. Foi nosso contemporâneo e mestre.

*José Francisco da Silva / Grandes Vultos de Garanhuns / Advogado, jornalista e historiador / Garanhuns, 30 de junho de 1979.

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