segunda-feira, 14 de agosto de 2023

Almerinda Espíndola

Almerinda Marinho Espíndola Rodrigues
Em  23 de agosto de 1915, nascia em Canhotinho - interior de Pernambuco, Almerinda Marinho Espíndola Rodrigues, filha de José Pedro  e Rosalina. Ainda criança, veio morar em Garanhuns-PE, onde concluiu os ensinos primários no Colégio Quinze de Novembro. Foi nesta cidade que Almerinda constituiu a sua história, conquistou o carisma de alunos, vizinhos e, tantos conterrâneos, com a sua maneira bem humorada, feliz e honesta de viver a vida. Mas aos 14 anos foi morar no Recife, onde concluiria os estudos pedagógicos - hoje magistério no Colégio Agnes.

Depois de então, quando completou 20 anos, foi convidada para lecionar no Colégio 2 de julho em Salvador - BA. Mesmo com todo apreço pela cidade e pela dedicação à arte de ensinar, a saudade pela sua terra, Garanhuns, falava mais alto, fazendo com que, dois anos mais tarde, voltasse para Pernambuco.

Chegando em Garanhuns, Almerinda foi convidada para ensinar no seu estimado Colégio Quinze de Novembro. E foi lá onde dedicou 50 anos de sua vida, ensinando nas salas de aula, mais do que as materias convencionais. Mas, acima de tudo, lições de vida para os seus alunos que, ano após ano, se encantavam com a dedicada professora Almerinda.

Foi também quando retornou a Garanhuns, que se casou, aos 28 anos, com David Jorge Rodrigues - seu companheiro, amigo fiel e temas de tantas poesias. E por falar em poesias, essas eram um dos principais passatempos de Almerinda e um dos seus vários talentos. Sabia transformar em rimas tudo aquilo que sentia: amor a Deus, ao próximo, aos filhos, amigos, alunos, professores, sobrinhos, netos, bisnetos e a paz de espírito que carregou consigo em sua inesquecível passagem pela terra.

Momentos tristes em sua vida, existiram vários. Fatos que impediram que ela escrevesse a sua autobiografia. Já que não gostava de sofrimento e lutava para não ver as pessoas de que gostava tristes. Mas a verdade é que, justamente, a forma como ela encarava as dificuldades da vida foi  o maior legado que ela pode ter deixado à humanidade. Já que mesmo com tantos obstáculos encontrados no decorrer de sua existência,  ela não desanimou. Soube encontrar, em cada um deles, uma lição de vida, um aprendizado e força para encher o peito de energia e dizer: "Sou uma mulher feliz".

Almerinda  deixou uma lacuna muito grande em Garanhuns, terra que amava de todo o coração. A professora Almerinda foi muito atuante na sociedade, participando da Casa da Amizade do Rotary Clube e do Clube Literário Brasil - Estados Unidos. "Seus versos estavam sempre presentes nas reuniões, aniversários e festas, onde dividia com todos suas alegrias. Por várias vezes foi homenageada, entre elas na gestão do Prefeito Silvino Duarte, recebeu a medalha no dia Internacional da Mulher no ano de 2004. A fé deu significado especial à sua vida, fazia parte da 1ª Igreja Presbiteriana de Garanhuns onde era bastante atuante.

A escritora, poetisa e professora Almerinda Espíndola Rodrigues,  faleceu em 2005, aos 90 anos. Ela foi professora por mais de 50 anos do Colégio Presbiteriano Quinze de Novembro, um dos mais tradicionais do município. Almerinda adotou mais de dez filhos ao longo da vida.

SAUDAÇÃO A GARANHUNS

Almerinda Espíndola Rodrigues

Minha hospitaleira terra

Situada numa serra,

Meu desejo é te saudar;

Dá-me pois inspiração,

Terra da minha paixão,

Garanhuns, meu doce lar.


Dá-me a fé que se ascendeu

E que tanto floresceu

Na senda do meu passar;

O rumo da tua história,

Como foi tua vitória,

Teus louros, quero contar.


Quem subir a grande altura

Pode ver a estrutura

Do teu vulto varonil,

És a cidade ideal; Teu clima não tem igual,

Retalho do meu Brasil.


Tua linda primavera

Ressurgindo na esfera

Deste céu que nos rodeia

É mania que atrai

A quem vem e a quem vai

Como canto da sereia.


Lá de cima do Sinai

A nossa visão se esvai

Num agreste campinal,

De onde a mão da natureza

Te despertou com certeza

Numa manhã de cristal.


Antes mesmo do magano

Destacando um novo plano

Do mirante a ti olhar,

Dos eucaliptos sombrios

Teus braços longos esguios

Parecem nos encontrar.


O pau pombo, decantado,

Nascido no teu reinado

Tem encanto sedutor.

O namorado em segredo

Ali faz o seu enredo

Num doce sonho de amor


O turista então cansado,

Muitas vezes revoltado,

Canta sonhos de ilusão.

Ao ver o seu panorama

Toda a sua alma inflama,

Num palpitar de emoção.


Dos teus sítios agrestados,

Bem pertinho ou afastados,

Surpreende o esplendor...

O cravo com seu ciúme,

A rosa com seu perfume,

O lírio com seu alvor.


Na pujança do teu brilho

Já se faz um estribilho:

Na tristeza ou no deleite,

Envolvidos na paisagem

De uma verde ramagem,

Vamos ver copo-de-leite.


No sopé destes teus montes

Jorram alvas lindas fontes

De água pura e cristalina:

Vila Maria que canta

E a serra branca que encanta,

Pau-Pombo e Vila Regina.


São Luiz e São Vicente,

Dois mananciais potentes

De água limpa salutar,

São mais duas nascentes

Para Garanhuns somente

Ter do que se orgulhar.


Doce berço de instrução

Donde emana educação

Da gente da nossa terra.

Poetas, prosadores,

Engenheiros e doutores

Nasceram sim nesta terra.


E o relógio florido,

Neste teu solo erguido

Deixa o povo a cada hora

Mais e mais embevecido

Proclamando a tua história

Neste torrão tão querido.


Serra de Garanhuns,

Terra dos guarás, dos anuns,

Onde o ensino é de verdade.

Suíça Pernambucana,

Teu povo todo se ufana,

De seres grande cidade.


Instalada ao pé do monte,

No dever alto e constante

De notícias irradiar, Fica sua difusora

De beleza promissora

Trabalhando sem cessar.


Salve, salve pioneira,

Desta terra hospitaleira

Da qual és o porta-voz

Teu nome será lembrado

Com Pessoa de Queiroz.


Eu te amo minha terra

Pela beleza que encerra

O teu manto florestal;

Em ti sempre hei de viver

E em outra não quero morrer.

Tua flâmula é meu fanal.


Pela glória dos teus brilhos

E a nobreza dos teus filhos,

Quero sim te apresentar

Esta simples saudação

Ditada do coração.

Garanhuns meu doce lar.

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