Depois de então, quando completou 20 anos, foi convidada para lecionar no Colégio 2 de julho em Salvador - BA. Mesmo com todo apreço pela cidade e pela dedicação à arte de ensinar, a saudade pela sua terra, Garanhuns, falava mais alto, fazendo com que, dois anos mais tarde, voltasse para Pernambuco.
Chegando em Garanhuns, Almerinda foi convidada para ensinar no seu estimado Colégio Quinze de Novembro. E foi lá onde dedicou 50 anos de sua vida, ensinando nas salas de aula, mais do que as materias convencionais. Mas, acima de tudo, lições de vida para os seus alunos que, ano após ano, se encantavam com a dedicada professora Almerinda.
Foi também quando retornou a Garanhuns, que se casou, aos 28 anos, com David Jorge Rodrigues - seu companheiro, amigo fiel e temas de tantas poesias. E por falar em poesias, essas eram um dos principais passatempos de Almerinda e um dos seus vários talentos. Sabia transformar em rimas tudo aquilo que sentia: amor a Deus, ao próximo, aos filhos, amigos, alunos, professores, sobrinhos, netos, bisnetos e a paz de espírito que carregou consigo em sua inesquecível passagem pela terra.
Momentos tristes em sua vida, existiram vários. Fatos que impediram que ela escrevesse a sua autobiografia. Já que não gostava de sofrimento e lutava para não ver as pessoas de que gostava tristes. Mas a verdade é que, justamente, a forma como ela encarava as dificuldades da vida foi o maior legado que ela pode ter deixado à humanidade. Já que mesmo com tantos obstáculos encontrados no decorrer de sua existência, ela não desanimou. Soube encontrar, em cada um deles, uma lição de vida, um aprendizado e força para encher o peito de energia e dizer: "Sou uma mulher feliz".
Almerinda deixou uma lacuna muito grande em Garanhuns, terra que amava de todo o coração. A professora Almerinda foi muito atuante na sociedade, participando da Casa da Amizade do Rotary Clube e do Clube Literário Brasil - Estados Unidos. "Seus versos estavam sempre presentes nas reuniões, aniversários e festas, onde dividia com todos suas alegrias. Por várias vezes foi homenageada, entre elas na gestão do Prefeito Silvino Duarte, recebeu a medalha no dia Internacional da Mulher no ano de 2004. A fé deu significado especial à sua vida, fazia parte da 1ª Igreja Presbiteriana de Garanhuns onde era bastante atuante.
A escritora, poetisa e professora Almerinda Espíndola Rodrigues, faleceu em 2005, aos 90 anos. Ela foi professora por mais de 50 anos do Colégio Presbiteriano Quinze de Novembro, um dos mais tradicionais do município. Almerinda adotou mais de dez filhos ao longo da vida.
SAUDAÇÃO A GARANHUNS
Almerinda Espíndola Rodrigues
Minha hospitaleira terra
Situada numa serra,
Meu desejo é te saudar;
Dá-me pois inspiração,
Terra da minha paixão,
Garanhuns, meu doce lar.
Dá-me a fé que se ascendeu
E que tanto floresceu
Na senda do meu passar;
O rumo da tua história,
Como foi tua vitória,
Teus louros, quero contar.
Quem subir a grande altura
Pode ver a estrutura
Do teu vulto varonil,
És a cidade ideal; Teu clima não tem igual,
Retalho do meu Brasil.
Tua linda primavera
Ressurgindo na esfera
Deste céu que nos rodeia
É mania que atrai
A quem vem e a quem vai
Como canto da sereia.
Lá de cima do Sinai
A nossa visão se esvai
Num agreste campinal,
De onde a mão da natureza
Te despertou com certeza
Numa manhã de cristal.
Antes mesmo do magano
Destacando um novo plano
Do mirante a ti olhar,
Dos eucaliptos sombrios
Teus braços longos esguios
Parecem nos encontrar.
O pau pombo, decantado,
Nascido no teu reinado
Tem encanto sedutor.
O namorado em segredo
Ali faz o seu enredo
Num doce sonho de amor
O turista então cansado,
Muitas vezes revoltado,
Canta sonhos de ilusão.
Ao ver o seu panorama
Toda a sua alma inflama,
Num palpitar de emoção.
Dos teus sítios agrestados,
Bem pertinho ou afastados,
Surpreende o esplendor...
O cravo com seu ciúme,
A rosa com seu perfume,
O lírio com seu alvor.
Na pujança do teu brilho
Já se faz um estribilho:
Na tristeza ou no deleite,
Envolvidos na paisagem
De uma verde ramagem,
Vamos ver copo-de-leite.
No sopé destes teus montes
Jorram alvas lindas fontes
De água pura e cristalina:
Vila Maria que canta
E a serra branca que encanta,
Pau-Pombo e Vila Regina.
São Luiz e São Vicente,
Dois mananciais potentes
De água limpa salutar,
São mais duas nascentes
Para Garanhuns somente
Ter do que se orgulhar.
Doce berço de instrução
Donde emana educação
Da gente da nossa terra.
Poetas, prosadores,
Engenheiros e doutores
Nasceram sim nesta terra.
E o relógio florido,
Neste teu solo erguido
Deixa o povo a cada hora
Mais e mais embevecido
Proclamando a tua história
Neste torrão tão querido.
Serra de Garanhuns,
Terra dos guarás, dos anuns,
Onde o ensino é de verdade.
Suíça Pernambucana,
Teu povo todo se ufana,
De seres grande cidade.
Instalada ao pé do monte,
No dever alto e constante
De notícias irradiar, Fica sua difusora
De beleza promissora
Trabalhando sem cessar.
Salve, salve pioneira,
Desta terra hospitaleira
Da qual és o porta-voz
Teu nome será lembrado
Com Pessoa de Queiroz.
Eu te amo minha terra
Pela beleza que encerra
O teu manto florestal;
Em ti sempre hei de viver
E em outra não quero morrer.
Tua flâmula é meu fanal.
Pela glória dos teus brilhos
E a nobreza dos teus filhos,
Quero sim te apresentar
Esta simples saudação
Ditada do coração.
Garanhuns meu doce lar.
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