terça-feira, 1 de agosto de 2023

Alimentos do amor


Cyl Gallindo | Recife - PE, 1996

Nós nos conhecemos numa noite de São João.

Aqueles fogos explodindo era música.

A música, singular, era o enlevo de toda a noite.


Os nossos corpos...

...ah! Os nossos corpos!

Ardiam mais do que os lenhos na fogueira,

e as nossas mãos se engoliam de ternura!


Foi aí que descobrimos a eternidade, 

onde não há passado, onde não há futuro.

Há o presente...concreto, definitivo,

multiplicando-se a cada instante,

eternizando este ambiente:


Onde quer que alguém, sensível, esteja

servindo-se de pamonha, canjica, mungunzá,

cuscuz com leite, tapioca ensopada, queijo assado,

milho verde, bolo de macaxeira, pé-de-moleque,

mais uma xícara de café, feito na hora!

tudo com cheiro muito próprio e com calor,


não só alimenta o corpo e o espírito

estará, seguramente, reconstruído

o mais puro momento de um gesto de amor.

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