terça-feira, 1 de agosto de 2023

A marca dos Thompson no Colégio Quinze de Novembro

Marcílio Reinaux*

Em 1910 o Colégio Quinze já completava a sua primeira década de existência, desde a sua antiga Escola Paroquial Evangélica de Garanhuns. Nele já trabalhavam o casal Martha e George Henderlite. Jerônimo Gueiros, Cecília Rodrigues e Soriano Furtado, além de outros colaboradores que aos poucos iam surgindo, muitos dos quais primeiros alunos como o caso dos acima citados. A chegada aos trabalhos dos  mais variados, dona Martha Henderlite não esconderia a sua alegria ao ver um novo casal de missionários, seus conterrâneos, chegar para o trabalho missionário e igualmente para o trabalho do magistério no colégio. Eram o Dr. William Thompson (foto) e sua esposa dona Catarina C. Thompson. O rumo dado ao Colégio Quinze pelos seus primeiros professores, dirigentes, funcionários com a participação de alunos, haveria de ser continuado com os Thompson.

De pronto Garanhuns começou a conhecer a personalidade marcante do Dr. Thompson. Seu caráter e sua justiça, espelhados numa conduta de personalidade irrepreensível tornara-se, com o passar dos tempos, referencias proverbiais. O Dr. Thompson tinha um amor à pontualidade  era cumpridor dos seus deveres e obrigações, como dificilmente se poderia encontrar uma pessoa assim. No que respeita à sua pontualidade em tudo que fazia e em tudo que marcava, surgiram histórias popularescas em Garanhuns, diante de tais características singulares. Chegava ao ponto de algumas pessoas que moravam nas proximidades da residência do casal Thompson, marcar as horas quando da passagem do mesmo todo dia, exatamente no mesmo horário. Diziam alguns: "Faltam 15 minutos para às oito horas, porque o Dr. Thompson já vai para o Colégio". Outros, residentes na então tradicional e muito conhecida Rua do Recife (a Rua da minha infância), hoje Dr. José Mariano diziam: "São 4 horas da tarde. Dr. Thompson já vai passando para o correio". É verdade. Para o correio Dr. Thompson ia diariamente às quatro da tarde  para apanhar na Caixa Postal nº 15 as suas correspondências e colocar no correio aquelas que enviava aos muitos amigos, parentes e autoridades da Missão Presbiteriana nos Estados Unidos. Tinha uma larga atividade, com a correspondência do  Colégio e sua em particular. Jamais deixou segundo informavam os seus contemporâneos de responder uma carta, de quem quer que fosse.

Chegando a Garanhuns em 1910, Dr. Thompson não assumiria logo a direção do educandário que permaneceria com o Dr. George Henderlite. Ele sim, com Dona Catarina assumiram parte das aulas, ministrando algumas. A especialidade contudo do mestre era a matemática. Dona Catarina era educadora por formação. Muitas vezes foi mal compreendida pela sua franqueza que era extraordinária, quando se referia a pessoas ou fatos. "Não tinha", como se diz-se hoje no adágio popularesco, "papas-na-língua". Em contrapartida, seus alunos eram unânimes em afirmar que ela era extremamente caridosa. Dona Cecília Rodrigues de Siqueira, durante o período de alguns tornou-se diretora do Quinze até 1914. A partir de então o Dr. Thompson assume a direção permanecendo com este encargo até 1921.

Um dos dois filhos do Dr. Thompson, (um faleceu na guerra), Franklin casou-se em Garanhuns com Ruth Furtado Gueiros, filha do Reverendo Antônio Gueiros, um dos grandes nomes do evangelismo presbiteriano no Brasil.

*Advogado, escritor, pintor e historiador.   

Nenhum comentário:

Postar um comentário

O político e as raízes de Souto Filho

Gerusa Souto Malheiros* Do poder, meu pai não sentiu jamais o desvario, nem o considerou um bem de raiz. Da sua tolerância, da moderação e d...