segunda-feira, 14 de agosto de 2023

A cremação do vivo

Waldimir Maia Leite

 
Waldimir maia Leite

Sou um poço de lembranças,

eu mesmo descendo dentro de mim,

em busca de ser. Sedento homem.


Estou cercado de livros:

prisioneiro das ideias

e pensamentos dos outros.


Ouço música: dançam em minha boca as palavras.

Procuro-me: onde estou?

Aqui, no Engenho do Meio,

na Praça João Pessoa (mundo

infantil de Garanhuns?);

em Paris, Londres, Lisboa, Madri,

Nova Iorque, Washington, ou Candeias?


Onde estou? Procurem-me!

Sinto-me como se, após morrer,

meu corpo tivesse sido cremado:

em todos esses locais deixei

um tanto das minhas cinzas,

espalhadas sobre jardins;

ou lançadas em sete mares,

nunca por mim antes navegados.

Recife | Dezembro, 1977.

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