Waldimir maia Leite
Sou um poço de lembranças,
eu mesmo descendo dentro de mim,
em busca de ser. Sedento homem.
Estou cercado de livros:
prisioneiro das ideias
e pensamentos dos outros.
Ouço música: dançam em minha boca as palavras.
Procuro-me: onde estou?
Aqui, no Engenho do Meio,
na Praça João Pessoa (mundo
infantil de Garanhuns?);
em Paris, Londres, Lisboa, Madri,
Nova Iorque, Washington, ou Candeias?
Onde estou? Procurem-me!
Sinto-me como se, após morrer,
meu corpo tivesse sido cremado:
em todos esses locais deixei
um tanto das minhas cinzas,
espalhadas sobre jardins;
ou lançadas em sete mares,
nunca por mim antes navegados.
Recife | Dezembro, 1977.
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