domingo, 30 de julho de 2023

Na glória da vida


Dr. Aurélio Muniz Freire*

As grandes lunetas, que a inteligência aponta para os Altos Cimos, mostram as glorias de Deus, apresentam as leis de  equilíbrio e falam da grandeza da ordem, apelando para a razão e o sentimento humano.

Se olham em torno do Sol, deslumbra-se com o seu poder de rei adornado de áulicos obedientes a circularem à sua volta em movimentos harmônicos e gráceis. Entretanto, o próprio Sol é vassalo de Alcione, em torno da qual preenche, em duzentos e vinte e cinco mil séculos, uma das suas graciosas revoluções. E Alcione é apenas uma das estrelas do grupo das Plêiades, que se compõem de aproximadamente mil astros, dos quais apenas sete podem ser vistos a olho nu. Tão longe se encontra do homem a grandiosa Alcione que sua luz demora 715 anos para chegar à vista insignificante da mais poderosa luneta terrestre.

Alfa de Centauro, a mais próxima estrela do homem, dista 4,3 anos-luz.

Sirius, de alvinitente, viaja nove anos-luz pelos espaços para oscular a Terra com seus raios diamantinos.

Aprofundando as observações, fulgura na constelação do Navio, serena e majestosa, a soberba Canopus, com uma luz correspondente a 8.760 sóis, brilhando simultaneamente reunidos, a girar soberana no  infinito.

Apesar da distância incomensurável, Arcturus, estrela dupla de primeira grandeza, na constelação do Boeiro, situada no prolongamento da causa da Ursa Maior apresenta singulares e múltiplas variações brilhando como a mais bela do céu boreal.

Betelgeuse, na constelação do Orion, vale muitos milhares de sóis iguais ao nosso.

A Via Láctea, que nos serve de berço, ornamenta-se de cem bilhões de estrelas e, perto dela, num arquipélago de bilhões de astros distantes setecentos mil anos-luz, encontra-se Andrômeda, a galáxia deslumbrante...

E muito além das nossas concepções, fulguram ilhas interplanetárias, quais a  Nébula M-87, distante oito milhões de anos-luz...

Os microscópios eletrônicos, pesquisando o infinitamente pequeno revelam, na máquina grandiosa que é o corpo humano, dados impressionantes. Num centímetro quadrado de pele humana viva, há cerca de quatro metros de filetes  nervosos, mil pontos sensoriais da dor, cem mil canais sudoríparos, cinco mil pontos sensíveis, seis milhões de células, vinte e cinco pontos de apalpação, duzentos pontos de percepção da dor, doze pontos  sensitivos do frio e um metro de vasos... expressando a sabedoria do Criador na vida organizada.

Além de sua esfera, o homem descobre a Majestade Divina em toda parte e se demora esmagado.

No arcabouço que lhe serve de indumentária para a ascensão da alma no continuados avatares, encontra a Sabedoria Infinita, tecendo a glória da vida, e permanece angustiado.

A Eletrônica empurra-o para a frente nas pesquisas incessantes.

A Cibernética - como ciência do porvir - abre-lhe as portas para novas conquistas.

Mas, no casulo carnal onde dorme, incessante inquietação interior o aflige e estiola.

Pulsa o coração divino em todo o Universo. Todavia, o homem não tem ouvidos para auscultar a vibração sublime.

Constata que a cada ciência moderna redescobriu o mundo e o embelezou. No entanto, observa-se escravo da paixão, sendo, por isso mesmo, perturbando e desditoso.

Olha o firmamento com o cérebro incendido de anseios de liberdade. Mas permanece na Terra, torturado pelos mais comezinhos fenômenos da existência...

É nesse homem, todavia, que os acordes de uma fé racional e pura, consoladora e científica, tangidos pela bondade de  Deus, encontram ressonância. Escutando essa harmonia que a Doutrina Espírita lhe dirige, encontra a alegria que lhe falta e a chave que desvenda todos os mistérios do ser.

Através de processo metafísicos positivos, no Espiritismo defronta um contingente novo de inquirições e soluções, descerrando a cortina da ficção religiosa para a realidade divina, cujo caminho ainda é Nosso Senhor Jesus Cristo, o Sublime Governador do orbe terrestre.

Cantam, então, nessa alma renovada, as emoções superiores do Espírito em libertação, buscando integrar-se na obra grandiosa do Celeste Pai, glorificando a vida imortal.

*Jurista e escritor / Garanhuns, 27 de Julho de 1985.

Transcrição da obra "A Luz do Espiritismo", de Vianna de Carvalho, psicografado por Divaldo Pereira Franco).

Créditos da foto: Anchieta Gueiros.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

O inverno na fazenda

Maria Maura Melo Nem uma estrela sequer no firmamento, Densa e terrível, a negra escuridão Um turbilhão de coisas, vem-me ao pensamento, Aqu...