quarta-feira, 26 de julho de 2023

Memórias do Monsenhor Adelmar Valença - Parte XXV

Monsenhor Adelmar da Mota Valença

10 Março de 1959 - Foi sepultada, hoje, ao anoitecer, minha pobre irmã Abigail. Ontem, no fim do dia, recebi um aviso de que fora acidentada. Segui, logo, para o Recife, mas, ao chegar em Sucupira, tive a triste notícia da  sua morte. Duro foi o golpe dessa notícia e o de encontrá-la num caixão. Acompanhei-a, hoje, para o necrotério e, depois, de avião, para Garanhuns. O caixão foi para a Capela do Diocesano. Uma criatura tão boa, morrer assim tragicamente! Pobre Abgail! Iniciei, hoje, duas Coroas Gregorianas seguidas, sufragando sua alma!

25 de Junho de 1959 - Com esta data, fui nomeado Camareiro Secreto do S. Padre João XXIII. Com a morte de Pio XII, ficara sem efeito o que me fora dado a 13/3/1949. O intermediário foi certamente, D. Adelino. Reconheço e agradeço a bondade imensa que Deus tem para comigo!

27 de Abril de 1960 - A minha gratidão para com D. Adelaide Falcão, mãe do Mons. Tarcísio, é que me fez celebrar por ela, uma Coroa Gregoriana que, hoje terminei. Aniversariava no mesmo dia que minha mãe; eram muito amigas. Duas mães de padres, duas santas. Descanse em paz!

19 de Junho de 1961 - Senti a morte do querido Padre Emílio, tão amigo meu e de minha família. Pela sua alma tão sacerdotal, a minha oferta da Coroa Gregoriana, que, hoje, terminei.

30 de Novembro de 1961 - D. Ritinha, mãe de D. Mário e grande  amiga dos padre e do nosso colégio foi lembrada por mim com a oferta de uma Coroa Gregoriana de missas; terminei hoje.

21 de Junho de 1963 - Hoje terminei uma Coroa Gregoriana pela alma de Simôa Gomes de Azevedo, mulher admirável que fez a doação, ao patrimônio das almas, de quase todas as terras hoje ocupadas pela cidade de Garanhuns. Doação, depois, anulada pelo Juiz de Direito, Dr. José Bandeira de Melo, e incorporada ao patrimônio nacional. Anulação injusta, sob a alegação de abandono, abandono que não existia, pois nomeou o procurador da Confraria das Almas, Major Luís José da Silva Burgos, para ser o administrador das  mesmas terras cuja doação ele anulara. Se existia um procurador e esse procurador merecia a sua confiança, é porque o patrimônio das almas não estava em abandono. Anulou a doação, mas não anulou a bondade de Simôa Gomes. Parece ter sido esquecida nas orações dos fiéis. Eis por que procuro reparar esse esquecimento, celebrando por ela essas 30 missas. Deus lhe dê o céu!

23 de Junho de 1963 - Com a presença da vários ex-alunos que, com suas famílias, fizeram sua Páscoa, estando, também, presentes meus pais e irmãos, foi-me entregue pelo Sr. Bispo D. José Adelino Dantas, no refeitório do Colégio Diocesano, o título de Prelado Doméstico de S. Santidade o Papa. Tal título foi concedido por João XXIII e tem a data de 16/2/1963. É um título que, mesmo com a morte do Papa, não se anula, mas permanece; diferente, portanto do título de Camareiro Secreto do Papa. A grandeza deste título representa, não merecimentos meus, mas a preciosidade dos corações que o pediram para mim. Deus lhes pague!

4 de Outubro de 1963 - Num português elegante, recebi, com esta  data, uma carta da viúva do poeta pernambucano, Adelmar Tavares, agradecendo a missa que celebrei por ele, falecido recentemente. Diz ela: "Até o seu  último instante, esteve, na plenitude de sua fé, confortado pelos sacramentos da Santa Igreja, o que foi para nós um grande consolo. Muito nos comove essa admiração constante, através de anos, que V. Sª vem nutrindo pelo poeta  que inspirou a seus caríssimos pais o nome que é tão grato aos nossos corações, e que vem sendo dignificado na pessoa de um eminente sacerdote, de um educador ilustre". Em janeiro de 1945, visitei Adelmar Tavares, em Copacabana, no Rio. Vi, no seu rosto, a alegria no saber que meus pais me tinham dado o nome que tenho, porque gostavam de ler suas poesias. Sempre o cumprimentava no seu aniversário, 16 de fevereiro. Dele, tenho três cartões preciosos. Tenho, sobretudo, seu livro "Um Ramo de Cantigas", oferecido por ele a meus pais, nas suas bodas de diamante. Suas poesias são cheias de sentimento. Poesias como as que ele fez sobre seu pai, sobre sua filha, sobre Maria, agradam a todo mundo, por serem cheias de beleza! No céu, encontrou ele, de certo, poesia bastante para saciar sua alma de poeta!

6 de Maio de 1964 - Celebrei, hoje, minha missa pelo inesquecível D. Armando Lombardi, que foi Núncio Apostólico no Brasil. Devo-lhe muito! Nunca pude esquecer sua bondade e caridade para comigo, naquela manhã de 16 de janeiro de 1958, em Petrópolis, Deus lhe dê o Céu!

12 de Outubro de 1956 - Na Prefeitura, por ocasião do desfile dos alunos e ex-alunos do Colégio Diocesano, o Sr. Governador do Estado, Dr. Paulo Guerra, entregou-me o diploma e as duas medalhas de prata do Mérito Pernambucano. Agradecendo, contudo, transferi essa grande homenagem para o querido Colégio Diocesano que  tem sido alvo da amizade do Dr. Paulo Guerra.

26 de dezembro de 1965 - Compareci, hoje, à noite, ao palco da Televisão Jornal do Comercio, Canal 2, para receber o diploma de "Educador do Ano". O diploma é uma placa de metal, do programa "Você faz o Show", de Fernando Castelão. O convite foi feito pelo Governador, Dr. Paulo Guerra, que me pediu para acompanhá-lo numa homenagem que seria prestada ao Fernando Castelão. No Palácio do Governo, o Dr. Paulo Guerra avisou-me que a verdade era outra: os homenageados seríamos ele e eu. Não foi pequena a minha comoção. Educador do Ano! Como se enganam os homens! Deus bem me  conhece, sabe que não mereço homenagem nenhuma! Deus abençoe o caro Fernando Castelão que sempre tem sabido engrandecer o seu Ginásio!

MEDALHAS

19 de Junho de 1966 - Com a licença do Sr. Bispo, recebi, hoje, à noite, no refeitório do Ginásio, o diploma e o broche de Sócio Honorário do Lions Clube de Garanhuns. A sessão teve caráter solene, com a presença de todos os sócios do Lions, com suas Domadoras e pessoas convidadas. Foi presidida pelo médico ex-aluno, Dr. Alves Pinto. Deus recompensará essa homenagem!

28 de Abril de 1967 - Casamento de Adisa, minha primeira sobrinha! Não sei se devo ter alegria ou tristeza! Uma criatura tão boa, vimo-la desaparecer hoje, numa curva do caminho!

2 de Junho de 1967 - Hoje, celebrei a missa de ação de graças pelo meu restabelecimento. Estive doente. No dia 7 de maio, ao despertar, não pude respirar. Abria a janela e, mesmo assim, não consegui. Resolvi sair do quarto e cair perto da escada, por onde os alunos passariam para o asseio. Ao abrir a porta, porém, avistei a pia e, por uma inspiração, voltei a engolir água. Fiquei bom. No  dia 9, repetiu-se a crise. Comecei a ir aos médicos. Cada um deles dava uma opinião contrária à minha, pois eu dizia que era "um pigarro acumulado". No dia 19, fui para o Recife. Lá, estive em mãos de mais oito médicos, além dos dois daqui. Cada um, depois de examinar-me, aconselhava o nome de outro. Um abriu um livro em castelhano e fez-me ler que, do meu caso, 95% eram casos fatais! Eu, certamente, não estaria entre os 5%. Outro me obrigou a não pronunciar uma só palavra durante oito dias! Outro mandava-me engolir uma papa sem gosto, para que ele fotografasse a minha deglutição! Outro andou batendo nos meus joelhos e nos meus pés! Por fim, um psiquiatra, cuja receita  eu rasguei logo que sai do consultório! Enfraquecido com tanta bobagem, no  de 24, às 2 e 30 da tarde, escrevi: "Senhor, meu Deus, desde já aceito, com resignação e de boa vontade, qualquer gênero de morte, conforme vos aprovar, com todas as suas angústias, penas e dores. É duro fazer este ato de aceitação. Mas é preciso pensar nisso, pois vou enfraquecendo cada vez mais e preciso ir fazendo entrega a Deus de toda a minha vida. Agora, enquanto a pobre da Alcina estava desentupindo uma pia, eu tinha uma espécie de vertigem, e não era  fome. Fui à cama para me refazer um pouco e vim escrever. Confessei-me  sábado e inclui todos os pecados de minha vida. Renovo e quero renovar sempre meu arrependimento. Sou muito emotivo, mas peço a Deus que me dê forças para desapegar-me de tudo. Pretendo voltar amanhã para Garanhuns: morrer longe de casa é dar mais trabalho. Que pena sinto das pessoas a quem estou dando trabalho. Pobre Alcina, pobre Anita e todos que estão se esforçando tanto para servir-me. Não sei dar trabalho a ninguém e, agora, é o que estou fazendo!" Voltei para Garanhuns. Minha irmã deu-me uma injeção, no músculo, de Vitamina B-12. Fiquei bom. Já comecei a celebrar. No vocabulário dos  médicos, não há a doença "pigarro acumulado". Mas, na minha garganta, houve. E quase me mata! Peço a Deus que abençoe os médicos e as pessoas que me confortaram!

12 de Agosto de 1968 - Pela alma do Mons. Anchieta Callou, hoje, celebrei a última missa de uma Coroa Gregoriana. Para um padre, é sempre um conforto poder celebrar missas pelas pessoas amigas. Vi Mons. Callou, pela primeira vez, logo que chegou em Garanhuns; menino ainda, a quase 18 quilômetros daqui, andando por uma vereda, com minha família, para chuparmos melancia, avistamos Mons. Callou, a cavalo, para confessar um enfermo, passando por nós, alegremente. Pela última vez, vi-o, na véspera da sua morte, no hospital, levantando-se para receber a nós, sacerdotes. Vivendo como verdadeiro sacerdote, nunca se negava a atender às confissões de enfermos; nunca deixou de respeitar os sacerdotes. No seu túmulo, antes de colocarem no caixão, colocaram um pouco de cal: e eu me lembrei da alvura da sua alma verdadeiramente sacerdotal!

29 de Janeiro de 1969 - Meu  querido pai faleceu, ontem, às 19 e 35,  e foi sepultado hoje. No dia 9 deste, adoeceu. Confessou-se, no dia 20, com o Padre Anselmo. Comungou, de minhas mãos, todos os dias seguinte. Sua piedade, durante os dias da doença, era edificante, encantadora! Nascido a 21 de  de agosto de 1874, e casado a 31 de julho de 1895, teve 16 filhos. Trabalhador incansável, de uma dedicação heroica para com os filhos. Por ele, que tanto nos mereceu, iniciei, hoje, uma Coroa Gregoriana de Missas; celebrarei outra, em janeiro do próximo ano. In paradisum deducant te Angeli! O ar de riso de meu pai morto: Naqueles dias tristes = inesquecíveis = que precederam a tua morte = eu via a tua face = contraída pela dor = Lábios abertos = respiração difícil = e ofegante = Olhos tão tristes = numa fisionomia triste = E, vendo-te assim = eu esqueci completamente = a fisionomia querida = que era a tua = fisionomia doce = que, num sorriso, se abria = quando, feliz, = eu te tomava a bênção = Morreste! = E, no teu caixão = caixão cheio de flores = eu não te queria olhar = para não sentir a dor = de ver a tua fisionomia = ainda mais triste = Mas, sem querer, olhei = olhei e vi, surpreso = surpreso e alegre = alegre - nos teus lábios sem vida = um ar de riso tão belo = Aquele mesmo ar de riso = que era o teu = E, vendo,o eu esqueci = completamente = a tua fisionomia triste = daqueles dias tristes = da tua agonia = E, agora, lembro-me de ti = não de fisionomia triste = mas com  o ar de riso = que tinhas no caixão = caixão cheio de flores = que, para sempre = dos meus tristes olhos = te levou!

23 de Fevereiro de 1971 - Morte de D. Mário. Dele, conservo cartas, postais e telegramas. São mensagens sempre amigas. No livro de Tombo, às vésperas da sua saída de nossa Diocese, está copiado o discurso que fiz, na sessão de despedida. Não tivesse saído daqui, estaria cheio de saúde, fazendo-nos o bem que sempre nos fez. Com sua eloquência e sua bondade, sabia estimular-nos. Um dia, logo cedo, escrevi-lhe pedindo demissão do cargo de diretor. Escreveu logo, dizendo: "Ajude-me a carregar a minha cruz, carregando a sua!". O Retiro dos Homens, no carnaval, foi obra sua; conservo-o, com carinho. Para o querido D. Mário, o Céu!

25 de Setembro de 1971 - Hoje, celebrei a última das 30 missas da Coroa Gregoriana, pela alma do nosso Dival Luna. Que pena! O mundo ficou mais pobre, sem ele! Homem de uma nobreza de alma encantadora! Aluno interno do nosso colégio, quando criança, teve pneumonia, quando ainda eram poucos os métodos de cura. Ficou agradecido sempre. Quando, durante a construção do Ginásio do Arraial, tive as obras suspensas pelo CREA, foi ele  que, assumindo a responsabilidade da construção, ajudou-me a terminar os  trabalhos. Na construção do prédio do Externato e Casa do Ex-Aluno, foi ele o engenheiro; confiou-me todo o desenho dos ferros da placa e, antes de ser  colocado o cimento, passou, aqui, um dia e uma noite, fiscalizando. Todo o trabalho foi feito gratuitamente. Tomou-me para padrinho do filho e, construído seu palacete do Dérbi, levou-me para a bênção. Ao terminar a construção da piscina, dei a ela o nome de Piscina Dival Luna. Conceda-lhe Deus o Céu!

31 de Março de 1973 - Em frente à Prefeitura, após a missa celebrada por D. Milton, recebi, hoje, das mãos do Comandante do 71º B.I., a Medalha do Pacificador, concedida pelo Ministro do Exército, pela Portaria nº 1013, de  13 de outubro de 1972. São honrarias que recebo sem saber por quê, mas que, agradeço, pedindo a Deus que recompense tanta bondade.

17 de Abril de 1973 - A caridade de D. Milton nomeou-me, hoje, Consultor Diocesano. Para não ser grosseiro, aceitei, lembrando, porém, de que renunciara a isso, a 8 de julho de 1957.

15 de Novembro de 1973 - No palco da TV Canal 2, recebi, hoje, a Medalha de Honra ao Mérito, como Personalidade de Garanhuns, no encerramento do campeonato das Cidades, quando o Município de Garanhuns foi sagrado campeão. Lá estava, com, Fernando Castelão!

24 de Abril de 1975 - Morreu minha mãe! Dez minutos antes das 4 da madrugada! Presentes todos os filhos, ninguém de fora. Há 35 anos, comungava todos os dias, até ontem. Hoje, comungou no céu. Teve missa exequial na Catedral, concelebrada pelo Sr. Bispo e muitos padres. Ao chegar seu corpo no cemitério, um fortíssimo trovão se fez ouvir e, ao ser colocado seu caixão no  túmulo, caiu um demorado temporal. Tenho algumas notas sobre uma santa Emília; se não houvesse outra, minha mãe seria a primeira. Criatura suave, boa e mansa como ela, penso que jamais verei. Ensinou-me as primeiras letras e ensinou-me a rezar. Em 1925, estimulou-me a escrever, numa caderneta que tenho, o nome de todos os seus dezesseis filhos, com o dia , a hora, o mês e o ano do nascimento; o dia, o local do batizado de cada um e o padre que os batizou; os nomes dos padrinhos; tudo ela sabia de cor! Nunca permitia que se falasse mal de alguém: sabia sempre mostrar, das pessoas, as coisas positivas. Conhecendo o meu temperamento excessivamente tímido, perguntou-me, já perto do dia da minha ordenação: "Como é? Com esse seu gênio tímido, como vai poder fazer as coisas de obrigação dos padres!?" Ficou feliz, quando disse que  tudo que fosse preciso fazer eu faria. Viveu para Deus e para o lar! Mesmo no  meio dos sofrimentos da doença, já perto de morrer, disse estas palavras próprias de uma santa: "Valeu e pena viver!" No vazio que a sua ausência nos deixou, colocamos uma firme esperança no encontro com ela, lá no céu onde está! Já hoje, iniciei a Coroa Gregoriana por ela. In paradisum deducant te Angeli!

6 de Dezembro de 1975 - Há algum tempo, venho me recusando a ser  paraninfo. O ano passado, a 5/10/1974, abri exceção para as turmas concluintes da  Faculdade de Filosofia, avisando que aceitaria como homenagem ao 1º Centenário do meu pai. Agora, a turma concluinte é a dos contabilistas do nosso colégio; alegaram que, sendo os sessenta anos do colégio, não havia cabimento a minha negativa. Aceitei e, no discurso, o homenageado foi o inesquecível Padre Antero. As outras turmas que, anteriormente, me tiveram como paraninfo foram: em 5/12/1970, Contabilísticas do Diocesano; em dezembro de 1971, Escola Pequeno Guri; em 6/12/1960. Concluintes do Ginásio D. Expedito, de Lajedo: em 23/11/1968; Professores e Contabilistas do Colégio Padre Agobar; em 16/11/1968, Concluintes do Colégio Padre Agobar; em 2/12/1967, Contabilistas do Diocesano; em 8/12/1963, 1ª turma de professores do Ginásio do Arraial; em 1/12/1961, Concluintes do Aprendizado Agrícola Santa Rosa; em 7/12/1960, 2ª turma  concluinte do Ginásio do Arraial; 5/12/1959, 1ª turma concluinte do Ginásio do Arraial; em 8/12/1954, Contabilistas do Diocesano; em 8/12/1952, Contabilistas do Diocesano. Não sei se esqueci alguma turma. Patrono, fui de diversas turmas, sem obrigação de discurso, exceto e dos concluintes de Caruaru, que me obrigaram a falar. Só Deus recompensará tanta caridade!

23 de novembro de 1976 - Na Câmara Municipal de Brejão, recebi, hoje, à noite, o título de cidadão de Brejão! No discurso, falei sobre minha presença lá, ainda criança, acompanhando o vigário, dormindo na fazenda de Augusto Pinto, fazendo refeições na casa do Capitão Américo, preparando a roda dos quarenta e oito batizados, e dos casamentos. Quantas saudade!

14 de Outubro de 1977 - No Recife, no Teatro do Parque, recebi hoje, à noite, a Medalha do Mérito Educacional, concedida pelo Governador do Estado. Este, presidindo a sessão, escolheu quatro graduados da Secretaria de  Educação para entregarem as medalhas. Fiquei na fila de um deles, mas, em  certo momento, Lucinete, irmã do nosso ex-aluno Lucilo Jordão, pegou no meu braço e, retirando-me para a fila dela, disse: "Este é meu!" Que Deus os abençoe!

24 de Fevereiro de 1978 - Por causa dos meus quarenta anos, à frente do Ginásio, o Prefeito do Município, Ivo Amaral, concedeu-me a medalha do Mérito "Cidade de Garanhuns". E trouxe a Banda de Música, com muita gente. Aproveitando a presença dos alunos dos cursos noturnos, fez-me a entrega dessa medalha. Sou grato a ele pela sua bondade para comigo!

7 de Maio de 1978 - Espero ter sido padrinho, hoje, pela última vez. Sempre me preocupei com a minha responsabilidade para com meus afilhados. Só por acanhamento, não rejeitava os convites para ser padrinho. Celebro, cada ano, uma missa por todos os afilhados. Mas, a partir de hoje, já com quase setenta anos, terei coragem de pedir desculpas a agradecer a atenção dos convites. São 138 afilhados. O primeiro, Ivandro, a 23/11/1930; a última, Adriane, hoje.

25 de Janeiro de 1979 - Iniciei, hoje, a Coroa Gregoriana por Carmem, morta numa U.T.I, sem o conforto da presença dos familiares, aos quais irá, certamente, fazer muita falta. No cartão de Natal, em dezembro último, escreveu: "Ao nosso lado". Não suspeitávamos que estivesse tão perto da morte. Com orações e saudade, Carmem, estaremos sempre ao seu lado!

4 de Fevereiro de 1979 - Na Prefeitura, em sessão solene, O Prefeito condecorou-me, hoje, com a Medalha do Centenário de Garanhuns! Deus  recompensará o prezado Prefeito Ivo Amaral.

10 de Novembro de 1981 - Morte da pobre irmã Alódia! Morreu 1 hora antes de levar-lhe a comunhão que, na sua doença, levava todos os dias! Foi sepultada hoje mesmo, depois da encomendação feita por D. Tiago Postma. Entrou comigo para o Ginásio, em fevereiro de 1938; saiu para o céu, hoje;  eu devo sair, no final do ano, do Ginásio! Com nossos país, éramos dezoito; restam nove, a metade. Somos 9 x 9. Já iniciei a Coroa Gregoriana de missas pela sua alma. O São José do Ginásio a receba! Anima ejus, per misericordiam Dei, requiescat in pace! (Fonte: O Diocesano de Garanhuns e Monsenhor Adelmar Adelmar (de corpo e alma), do escritor Manoel Neto Teixeira / 1994).

Foto: Monsenhor Adelmar da Mota Valença.

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