sexta-feira, 7 de junho de 2024

Craques de Garanhuns

Jucélio

Otávio Augusto* | Recife, abril de 2008

Tenho procurado fazer ver que, ao meu sentir, Garanhuns na época em lá morei, era um pólo regional e, por conseguinte, sobrepunha-se, às demais cidades suas vizinhas. Pois sim! Como pólo, Garanhuns era também onde se praticavam os esportes com mais qualidade, e onde se destacavam os melhores atletas.

O basquete e o vôlei tinham nos colégios os seus redutos, e eram sem sombra de dúvidas, os melhores do interior do Estado, graças ao incentivo que recebiam dos seus  diretores. O futebol, porém, era praticado pelos da cidade, destacando-se a AGA, o Sete de Setembro, o Sport, o Arraial e União da famoso mestre Amaro, uma figura legendária por ser um homem simples, mas altamente inteligente.

Os times eram formados por pessoas da terra, e por "boleiros" que lá chegavam em busca de uma oportunidade em um centro maior. Assim é que vindo de Alagoas, vale citar logo de início, e por ser o maior deles o meia Tonheiro, um cracaço que embora já no final de sua vida útil para a prática do futebol, era capaz de desequilibrar um jogo, pois, metia uma bola a trinta metros de distância, deixando o atacante na cara do goleiro. Aliás, com esta jogada fez muitos artilheiros, a exemplo de Dodô, um meia muito rápido e com grande visão de gol. Este artilheiro era da cidade mesmo, filho de pais simples, mas, que souberam dar excelente educação aos seis filhos (quatro homens e duas mulheres), tendo todos eles sido excelentes exemplos de cidadania.

Aqui convém, citar o nome das duas pessoas que com muita honra as conheci, que foram responsáveis pelo encaminhamento desta família: José Ovídio Vieira e Dona Mariinha, como nós a chamávamos.

Garanhuns teve outros craques da terra, e que se destacaram em outras cidades, até ao nível de Estado, como foi o caso de Jucélio que, jogou alguns anos na AGA, fez carreira profissional no Central de Caruaru, onde foi titular da quarta zaga, por mais de dez anos. Jucélio ainda hoje, reside em Caruaru e recentemente, em uma festa, realizada pela Federação Pernambucana de Futebol, como eu e ele fomos homenageados, tive a oportunidade de o encontrar, e a felicidade de saber que Joãozito, seu irmão, que também era da nossa geração, emigrou para o Norte do país, tendo feito o curso de Direito se tornando juiz de um dos Estados daquela região.

Convém esclarecer que, a molecada de Garanhuns com 14/15 anos, era muito boa de bola, e, sem dúvida alguma, caso tivessem tido oportunidade, teriam sido profissionais de futebol. Entre estes, meninos-craques, vale destacar: Hélio Tadeu, irmão do Dodô que era goleador, seu irmão, José Ovídio Vieira Junior, sendo o primeiro um excelente ponta-esquerda, o segundo, um quarto zagueiro de primeira qualidade. Também era um grande goleiro, Manoel Cipriano Filho, o Neco, que foi muito prejudicado por  ser protestante, e naquela época, não podia jogar aos domingos.

Eu vi muitos meninos perderem-se no caminho da bola, mas, de todos que eu vi, o maior foi um chamado Eremildo, dono de excelente colocação na frente da zaga, mestre na arte de desarmar, dono de um passe invejável. (* Transcrito do jornal A Gazeta).

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