terça-feira, 16 de janeiro de 2024

Em 1935, Lampião instaura o terror entre os habitantes de Garanhuns


Etelvino Lins, não deu crédito às notícias, considerando-as válidas apenas se fossem "oficiais" e provenientes do comandante geral

Entre os dias 26 de maio e 1º de junho, Garanhuns viveu noites de inquietação e pavor com a ameaça iminente de [Lampião] nas proximidades. No dia 29 de maio, o cangaceiro, acompanhado por seis homens e duas mulheres, chegou a Mandarraia, a seis léguas de distância, onde atacou a residência do comerciante Zé Berunga. Coagido a entregar todo o dinheiro que possuía como punição por suas palavras, alegando ter dinheiro não para dar a Lampião, mas para persegui-lo, [Zé Berunga] foi ainda obrigado a conduzir o cangaceiro em seu automóvel até o povoado Mimoso, apenas duas léguas de Garanhuns. Nesse ponto, Lampião deixou o veículo e adentrou a caatinga, seguindo rumo desconhecido após passar por Brejão no dia seguinte.

O presidente da Associação Comercial de Garanhuns, Álvaro Viana, telegrafou ao presidente da Associação dos Retalhistas do Recife, Camucé Granja, solicitando intervenção junto ao governador. Camucé assegurou a Álvaro que tomaria as devidas providências. No entanto, o 2º delegado auxiliar, Etelvino Lins, não deu crédito às notícias, considerando-as válidas apenas se fossem "oficiais" e provenientes do comandante geral. Ele afirmou que a cidade estava adequadamente protegida por 25 militares, incluindo 4 sargentos, 5 cabos e 16 soldados. Além disso, informou que seriam enviados 15 homens para reforçar Garanhuns e [Brejão], junto com 20 fuzis e 6.000 tiros para armar a guarda civil da primeira cidade. Etelvino também mencionou que Manuel Neto, partindo de Jatobá, dirigia-se para [Águas Belas] com 250 homens sob seu comando. Por fim, declarou que Lampião havia se internado em Alagoas.

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Nos dias 28, 29 e 30 de maio, os jornais Diário de Garanhuns e O Monitor expressaram protestos contra as declarações do governo, veiculadas no Diário da Manhã, do Recife, que rotulava as notícias de Garanhuns como "invencionistas". Eles adiantaram uma situação desesperadora na cidade, onde o destacamento "oficialmente" mencionava 25 praças, mas, na realidade, contava apenas com 15 ou 10 no momento. A cidade, desprovida de policiamento, sem garantias e às escuras, tornou-se palco de atentados, crimes impunes e furtos significativos, chegando ao ponto de presos escaparem da cadeia.

Em 30 de maio, Lampião passou pelo Sítio Minador, a 6 léguas de Garanhuns, dirigindo-se para São Pedro, povoado do município de Pedra. Lá, atacou o fazendeiro Francisco Dionísio, levando nove contos e exigindo que assinasse uma promissória de quatro contos. Em seus movimentos sinuosos, passou por Guaribas, de Buíque, na divisa com Pedra, onde arrecadou um conto e trezentos dos irmãos Dão e Zeca Vaz, sendo este último genro do coronel Lourenço Tenório. Lampião declarou que seguiria pela ribeira até Alagoinha, "onde havia muitos cortiços de mel de uruçu, pois os de Moxotó já tinham secado"

Em 2 de junho, em Santo Antônio do Tará, de Pedra, realizou um considerável saque de doze contos e desceu até a fazenda Caraíba, ainda no mesmo município. Barrado pelo tenente Zé Jardim, Lampião deu a entender que rumava para a Paraíba.

Enquanto o delegado regional, capitão Miguel Calmon, enviava quinze homens para Brejão, e o tenente Ibraim Lira, outro delegado regional com sede em Rio Branco, deslocava força para Santo Antônio do Tará, os tenentes Luís Mariano e Manuel Neto dirigiam-se às fronteiras da Paraíba. Desafiando todos, Lampião desceu para Piranhas, em Alagoas. Enquanto isso, Corisco, retornando com ainda mais "iracundia" a Alagoas, atuava em Mata Grande e Dois Riachos.

Posteriormente, Lampião atravessou os festejos do Senhor São João em Pão de Açúcar.

Fonte: Lampião, Seu Tempo e Seu Reinado/ Frederico Bezerra Maciel.

Fotos:: (1) - Lampião em 1936. Créditos da Imagem: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-46491014. (2) - Caminhos de Lampião na sua quarta viagem a Pernambuco. Créditos da Imagem: Frederico Bezerra Maciel.

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