sábado, 12 de agosto de 2023

Viva Dominguinhos, e outros também

Celso Vieira

João Marques* | Garanhuns, 20/02/2019

De 25 a 27 de abril, será a sexta realização, em Garanhuns, do festival Viva Dominguinhos (realização, porque  edição é de livro, revista, jornal). A programação acontecerá na Praça Mestre Dominguinhos e na avenida Santo Antônio. E os artistas apresentarão músicas análogas ao estilo do homenageado: forró, xaxado, xote, ciranda, baião, inclusive o "pé de serra". Dominguinhos e outros nomes, de Garanhuns, tiveram destaque nas artes no País, iguais ou quase iguais ao relevo do homenageado. O Século, por oportuno, lembra estes nomes que andam esquecidos.

Augusto Calheiros, saudoso cantor de Garanhuns. Conhecido em todo Brasil como "Patativa do Norte". Embora fosse filho de Maceió, veio muito cedo para esta cidade, aos 14 anos. Aqui viveu e se tornou o maior seresteiro da terra. Indo para Recife, e, depois, para o Rio de Janeiro, tornou-se um dos maiores cantores do País. Em todo lugar dizia sempre ser de Garanhuns, e antes de morrer manifestou o desejo de ser sepultado aqui. Assim foi. O seus restos mortais encontram-se em túmulo no cemitério São Miguel.

Toinho Alves, do Quinteto Violado, nasceu, estudou e se tornou músico em Garanhuns. Em Recife, criou o famoso grupo do Quinteto Violado. Esse conjunto ficou famoso nacionalmente e em muitos países do exterior. Toinho Alves, desde Garanhuns, tocou contrabaixo. Grande compositor e músico.

Luís Jardim, escritor duas vezes homenageado pela Academia Brasileira de Letras. Autor de livros de conto e grande desenhista. Tendo partido o seu pai na Hecatombe de Garanhuns, em 1917, foi para Recife, 1918, onde se tornou conhecido de Manuel Bandeira e do outros grandes intelectuais. Indo em definitivo morar do Rio de Janeiro, tornou-se grande escritor.

Celso Vieira, escritor e membro da Academia Brasileira de Letras, nasceu no Cajueiro, antiga denominação da Vila Regina, abaixo do Pau Pombo. Celso Vieira, apesar de ser de Garanhuns, foi criado em Recife. Daí a confusão em se ficar dizendo ser ele natural da Capital. Mas não, quando foi homenageado em 1950 pela Câmara Municipal de Garanhuns, por ser filho da terra, pessoas que estiveram presentes contaram, depois, que ele, estirando o braço, e apontando para o lado da rua do Cajueiro (atual Severiano Peixoto), afirmou "eu nasci no Cajueiro".

Ronildo Maia Leite, grande escritor e jornalista de Pernambuco, autor de vários livros. Começou a exercer o jornalismo em Garanhuns, no antigo Diário, na Praça João Pessoa.

Carmosina Araújo, estudou no Colégio Diocesano de Garanhuns, e se iniciou na arte teatral, como participante do Grêmio Polimático (fim da década de 30 do século passado). Foi para o Rio de Janeiro, tornando-se lá figura de grande importância no teatro. Criou ou desenvolveu a arte do teatro de marionete, sendo reconhecidamente a pioneira no Brasil dessa forma de teatro. Faleceu em Recife e, em atendimento a seu pedido, foi sepultada em Garanhuns, no Cemitério São Miguel. Nesta cidade, quase ninguém sabe disso.

Muitos são os nomes de Garanhuns que foram famosos não só em música e literatura. Em outras atividades também. Rubens Vaz da Costa, grande economista, foi presidente do Banco do Nordeste, da SUDENE, do Banco Nacional de Habitação e de outras entidades importantes do Brasil. Nasceu no Sítio Mochila, estudou no Colégio Diocesano de Garanhuns, e empreendeu voo altaneiro pelo Brasil.

O Século, considerando que todos são importantes e que merecem a guarda da memória, lembra os seus nomes. Viva Dominguinhos e esses garanhuenses ilustres. É preciso valorizar a terra, reconhecendo-se os seus valores.

Texto transcrito do jornal O Século.

*João Marques dos Santos, natural de Garanhuns, onde sempre residiu, é poeta, contista, cronista e compositor.  Teve diversas funções nas atividades culturais da cidade: foi Presidente da Academia de Letras de Garanhuns, durante 18 anos, Diretor de Cultura do Município e, atualmente, é presidente da Academia dos Amigos de Garanhuns - AMIGA. Compôs, letra e música, o Hino de Garanhuns. Mantém, desde 1995, o jornal de cultura O Século. Publicou quatro livros de poesia: Temas de Garanhuns, Partições do Silêncio, Messes do azul e Barro.

Foto: Escritor Celso Vieira. Créditos da foto: https://www.recantodasletras.com.br

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