João Marques* | Garanhuns
O que se chama saudade é o tempo bom que passou. Momentos de maior sensibilidade, acontecimentos pelos quais se sorriu. As lembranças são de sempre, quando se deseja, de alguma forma, o que passou. Reviver, sentir e desejar a existência que passou. Tudo indica, assim, que saudade é amor. Os eventos de que se gosta são inesquecíveis. E, certamente, a felicidade está aí, no que se gosta. Sente-se saudade de ter sido o tempo feliz. Assim, o passado é o que fala ou revela a felicidade. No tempo presente, enquanto acontecem as coisas, não se faz boa avaliação da importância que representam
para vida essas passagens ou esses tempos. Como se a felicidade consciente estivesse no passado sempre. O segredo, amigo, é procurar ligar, como for possível, o passado ao futuro presente. Viver os acontecimentos, sentindo já que passam, são transitórios, e amá-los com alguma intensidade do sentimento da saudade. Valorizar os bons tempos que passam, e amá-los como se quer a saudade.
*João Marques dos Santos, natural de Garanhuns, onde sempre residiu, é poeta, contista, cronista e compositor. Teve diversas funções nas atividades culturais da cidade: foi Presidente da Academia de Letras de Garanhuns, durante 18 anos, Diretor de Cultura do Município e, atualmente, é presidente da Academia dos Amigos de Garanhuns - AMIGA. Compôs, letra e música, o Hino de Garanhuns. Mantém, desde 1995, o jornal de cultura O Século. Publicou quatro livros de poesia: Temas de Garanhuns, Partições do Silêncio, Messes do azul e Barro.
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