segunda-feira, 14 de agosto de 2023

Quixabeira de centenas de anos


Paulo Dácio de Melo (O Poeta da Natureza) 

Quando eu era criança me banhava; corria, pulava, brincava. Enlameava na água todinha.

Chegava em casa dizia: - Mamãe eu já "mim" banhei!

Ela olhava e dizia: - Que cara pintada é essa? Seu cara de pataxó.

Eu virava um sarapó e caia na lagoa; novamente me banhava e pra casa a gente só voltava para a hora do jantar.

Antes de dormir ia rezar, aprender a ladainha.

Dormia, na hora da galinha... E levantava também, quando ela acordava.

A gente levantava,. e ia ver papai tirando o leite, pra  gente se alimentar.

Mamãe preparava o café... Dava ração para os  bichinhos: porco, galinha e pintinhos, cada um no seu lugar. Papai voltava do curral.

A gente se juntava e tomava, um cafezinho ajeitado... Uma farofa de leite, jabá, bacalhau assado... Um  café reforçado, para começar o dia.

Papai ia trabalhar e nós íamos pra folia.

Correr, brincar, mergulhar no açude, se enlamear, no riacho com cara de pataxó... Quando voltava para casa, mamãe arrochava o nó.

Esse foi meu dia a dia quando eu era criança.

Todos os riachos corriam, tinha peixe com  abundância.

Tinha uma quixabeira, que abrigava centenas de  vidas e tinha centenas de anos. Veja o maior desengano desse pobre sertanejo, apareceu um malfazejo criminoso, cortou e queimou, essa riqueza que a gente tinha.

Esse é o maior crime cometido, mas está pagando o preço, pois era milionário e hoje vive na miséria. Pode ter sido castigo. O tempo cobra tudo, com juro e correção. Não parcela dívida, e nem perdoa ninguém.

A natureza é calada, inocente, sensível e vingativa. Ela avisa e protege o que tem; fazer coisa à toa não convém e a natureza não perdoa a ninguém!

Garanhuns, ano 2017.

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