Evaldo B. Calado*
Abriste-me os arcanos à indagação oculta,
Apontando-me respostas, em teu permeio,
Já como gentis mestras, de natureza culta,
Tuas páginas, plenificaram meu anseio.
E se, hoje, me redime o conhecimento,
Foi tua dádiva divina que me trouxe luz.
Mesmo no instante ameno do entretenimento,
Tua palavra maestrina ainda me conduz.
Se o estado insone me perturba a alma,
Em tuas palavras eu encontro alento,
Paginando lento, num gesto de calma,
Refletindo no espírito o terno momento.
Em tarde pálida de inverno tristonho,
Recosto-me ao sofá gasto e sombrio,
Leio tuas fantasias, em forma de sonho,
Que até mesmo, esqueço a estação do frio.
Desde criança, a parceria com a bola,
Fez-me trazer-te bem juntinho ao peito.
Se de manhã, feliz, te levava à escola,
Findar do dia, te guardava ao leito.
Mesmo, agora, ao parecer rude, esquivo;
E se resistir ao lustre, ao garbo, a louçania,
Não tem culpa meu velho amigo, "o livro",
É só minha, é só minha, a culpa, a vilania.
Livro "Encontros Vespertinos" - Evaldo B. Calado - Garanhuns, 2001.
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