terça-feira, 1 de agosto de 2023

Manoel Teles Furtado

Dr. José Francisco de Souza* (foto)  Garanhuns, 21/04/1984 

A referência ao universo mental do ser humano, consiste na temática racional de sua criatividade. Seus cânones são preceitos livres de dogmas. Está sempre em movimento. A sua percepção qualifica a natureza de sua origem. A restrição normal no campo da experiência produz influência penetrante. Muitas vezes, até conflitos entre a mente e o processo de sua natureza. Entre a consciência e o estado social, nem sempre tem efeito vinculado. Falamos da mente de uma pessoa, não caracterizada por processos mentais. E sim revelada em sua expressão, suas palavras, seu comportamento. Objetivamos meramente disposições e faculdades experimentadas em condições positivas. Também queremos aludir aos que não conseguem se expressar. Nascem e morrem sem conhecer outro campo senão o recôndito do seu mundo ignorado. Essa condição é inerente ao comportamento do Espírito que resgata as suas provas. Muitas vezes sacrificando a integridade do somático, sem precipitar-se nos desvãos por meios de fugas. Estas observações sobre a estrutura perispiritual em prova, inspiram-se no conteúdo dessa realidade universal. Da mente e consciência aplicáveis a outros conceitos como termos substanciais de: Beleza, Justiça e Felicidade. Em vista dessas características, consciência bem poderá ser chamada disposição, ou simplesmente faculdade. Não é, contudo, disposição de um indivíduo em oposição à coletividade. E sim do homem como integração do gênero humano. O perfilado de hoje, foi uma integração moral e intelectual desses princípios que simbolizam a superioridade do homem qualificado pela sua vocação profissional.

Foto: Década de 1960 - Posse do Presidente da Associação dos Ex-alunos do Colégio Diocesano de Garanhuns. Da esquerda para a direita: Manoel Teles Furtado, Padre Adelmar da Mota Valença, Antônio Miranda de Lima  (Presidente), Radialista Ivo de Souza Ramos e Valter Vieira.  A esquerda em pé  Walmer Santos

MANOEL TELES FURTADO. Abriu os olhos para a vida no distrito de São Pedro (Itacatu). Membro de uma família de autênticos varões. Teles Furtado é que se poderia denominar de herdeiro da tradição moral da gleba garanhuense. Exemplo comovente e humano.  Menino, ainda, perdeu um dos braços num acidente numa noite de São João. Essa redução de seu físico não anulou a sua vontade de vencer. Matriculou-se no Colégio Diocesano, onde terminou contabilidade. Aluno estudioso e aplicado fez um curso bem pontilhado, cujo currículo estudantil honrava aos seus contemporâneos. Ótimo colega, solidário e portador de um autocensura admirável. Diplomado na matéria de seu curso. Logo revelou-se um verdadeiro CONTADOR. Seu escritório era uma garantia do êxito de sua profissão. Seu trabalho era ordenadamente meticuloso. Tudo em seu devido lugar, esquematizado de acordo com a moderna técnica comercial. Por isto conquistou  a simpatia e confiança dos que buscavam  o seu patrocínio.

Gostava de manusear bons livros de contabilidade, estudava e aprendeu a ampliar os seus  conhecimentos através dos mais  credenciados autores do Direito Comercial. Na sua modéstia biblioteca não faltava comentários do renomado constitucionalista especialmente o consagrado  CLÓVIS BEVILAQUA. Lia bons  autores da clássica literatura lusa e brasileira. Circunspecto, calado. O silêncio era sua opção mais agradável. Ouvia muito e falava pouco e bom. A sua opinião sobre as coisas revelava que não era um alheio, à solução dos conflitos humanos. 

MANOEL TELES FURTADO. Era de atitude e gestos respeitosos. Amigo sincero e leal, amava a sua cidade centenária. Candidatou-se a vereador e não foi eleito. Não sabia nada de demagogia. Nunca aprendeu nada pela cartilha dos políticos. Acreditava muito no conceito legendário de Eduardo Gomes: "O preço da liberdade é a eterna vigilância". Mesmo assim política é a arte de bem dizer com palavras e maldizer com fatos. Amava a nossa Garanhuns de um modo exemplar

MANOEL TELES FURTADO. Possuía uma alma banhada de luar e um coração bordado de estrelas. Gostava de seresta e era dono de uma grande voz. Durante o mês de maio participava, cantando na Catedral. A sua voz enchia a nave da igreja de melodias sacras. O nosso "Centro de Cultura Intelectual Severiano Peixoto", sodalício de letras, cultura e arte além de Teatro, mantinha festejadas horas de arte. Um dos  nossos poemas "SAUDADE" foi musicado pelo saudoso Euclides Pernambuco e cantado  por Manoel Teles, foi um sucesso, o teatro o aplaudiu de pé. Éramos amigos e entre nós havia respeito mútuo. Foi uma figura humana muito rara. Portador de alta e fina sensibilidade de conduta profissional ímpar. Homem público de conduta  impecável.  Desencarnou no dia 10 de abril de 1984 e foi  sepultado no cemitério São Miguel. Era casado e deixou um filho. É dos vultos da nossa cidade que honrou a sua  geração. Diante da perturbação, não lamentava, ao  seu modo, ajudava sempre. Seu espírito hoje contempla o vento que beija a folha e a arranca do pedúnculo que, no ar, tece uma grinalda de encantamentos, para doirar nos últimos reflexos do sol.

*Advogado, jornalista, poeta e historiador | Texto transcrito do jornal O Monitor.

Manoel Teles Furtado faleceu no dia 10 de Abril de 1984, aos 64 anos de idade.

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