quarta-feira, 2 de agosto de 2023

Lições da Matéria (3)


Dr. Aurélio Muniz Freire* (foto) | Garanhuns, 19/03/1977

O fisioquimismo do corpo humano aponta-nos a beleza de uma química natural e  orgânica. Suas combinações estão entregues ao automatismo da vida e das células,  sem a intervenção do homem. Em tamanha organização, surpreende-nos a endocrinologia. As diversas glândulas de secreção interna, na produção incessante dos vários hormônios, influem nos  órgãos e no psiquismo dos  seres vivos. Natural é que  a fisiologia sempre tenha cuidado de tal assunto, por quanto, inerente ao seu campo específico de atividades e  também o quanto a Psicologia se tem dedicado a este setor.

Os hormônios (como simples formas de expressão material) não teriam, por si  mesmos, qualquer força de  contribuir na modificação psíquica de um ser vivo, alterando-lhe, tantas vezes, o temperamento, a conduta, o modo de agir. Até mesmo, o modo de ser. Há um comando superior a tudo isto. Acima das  expressões hormonais, influindo no caráter e  plasmando a personalidade  de cada um, está o espírito.

A doutrina espírita, apanhando os subsídios da ciência propriamente experimental, avança, progride. Já nos apresenta a fisiologia do  perispírito. Em suas explicações, entendemos melhor porque Descartes já apontava a pineal como centro da  inteligência e da alma do homem. Também, compreendemos de modo mais inteligente, a afirmação do ser, na  filosofia do grande pensador francês. "Cogito, ergo sum" (penso, logo existo). É como se ele dissesse: "Penso. A matéria não pensa por si mesmo. Logo, existe em  mim, algo que passa por  mim". Este algo mais é o espírito do homem.

Em tudo isto, vemos a imensa contribuição do conhecimento à Psicologia. Desenvolvendo o pensamento de Descartes, sentimos sua influência ao campo das diversas sensações. No sentido do homem, também, a presença da mesma filosofia. Ainda desdobrando o  pensamento cartesiano, diríamos: "Sinto. A matéria, por  si mesma, não sente. Então,  algo em mim, sente por  mim". E este "algo mais" ainda se chama espírito.

A despeito das modernas preocupações de sábios e cientistas, no campo do espírito, ainda vemos a influência desastrosa de uma Psicologia sem alma. Que dizer de uma Parapsicologia sem espírito, tudo explicando à  base de fenômenos puramente neurofisiológicos? Que  dizer de parapsicólogos à  Quevedo, ministrando materialismo  pseudocientífico em universidades e escolas que se dizem espiritualistas? Nossa mente nada mais é senão um veículo, dirigido pela força espiritual.

Ergamos o véu do pensamento cartesiano e vejamos quanta verdade se esconde na letra, que ainda confunde a muitos...

*Jurista e escritor.

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