Dr. Aurélio Muniz Freire* (foto) | Garanhuns, 19/03/1977
O fisioquimismo do corpo humano aponta-nos a beleza de uma química natural e orgânica. Suas combinações estão entregues ao automatismo da vida e das células, sem a intervenção do homem. Em tamanha organização, surpreende-nos a endocrinologia. As diversas glândulas de secreção interna, na produção incessante dos vários hormônios, influem nos órgãos e no psiquismo dos seres vivos. Natural é que a fisiologia sempre tenha cuidado de tal assunto, por quanto, inerente ao seu campo específico de atividades e também o quanto a Psicologia se tem dedicado a este setor.
Os hormônios (como simples formas de expressão material) não teriam, por si mesmos, qualquer força de contribuir na modificação psíquica de um ser vivo, alterando-lhe, tantas vezes, o temperamento, a conduta, o modo de agir. Até mesmo, o modo de ser. Há um comando superior a tudo isto. Acima das expressões hormonais, influindo no caráter e plasmando a personalidade de cada um, está o espírito.
A doutrina espírita, apanhando os subsídios da ciência propriamente experimental, avança, progride. Já nos apresenta a fisiologia do perispírito. Em suas explicações, entendemos melhor porque Descartes já apontava a pineal como centro da inteligência e da alma do homem. Também, compreendemos de modo mais inteligente, a afirmação do ser, na filosofia do grande pensador francês. "Cogito, ergo sum" (penso, logo existo). É como se ele dissesse: "Penso. A matéria não pensa por si mesmo. Logo, existe em mim, algo que passa por mim". Este algo mais é o espírito do homem.
Em tudo isto, vemos a imensa contribuição do conhecimento à Psicologia. Desenvolvendo o pensamento de Descartes, sentimos sua influência ao campo das diversas sensações. No sentido do homem, também, a presença da mesma filosofia. Ainda desdobrando o pensamento cartesiano, diríamos: "Sinto. A matéria, por si mesma, não sente. Então, algo em mim, sente por mim". E este "algo mais" ainda se chama espírito.
A despeito das modernas preocupações de sábios e cientistas, no campo do espírito, ainda vemos a influência desastrosa de uma Psicologia sem alma. Que dizer de uma Parapsicologia sem espírito, tudo explicando à base de fenômenos puramente neurofisiológicos? Que dizer de parapsicólogos à Quevedo, ministrando materialismo pseudocientífico em universidades e escolas que se dizem espiritualistas? Nossa mente nada mais é senão um veículo, dirigido pela força espiritual.
Ergamos o véu do pensamento cartesiano e vejamos quanta verdade se esconde na letra, que ainda confunde a muitos...
*Jurista e escritor.
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