segunda-feira, 14 de agosto de 2023

O Grêmio Cultural Ruber van der Linden


João Marques*

Há 74 anos, 10 de fevereiro de 1949, foi criado o Grêmio Cultural Ruber van der Linden. Humberto de Moraes contava que um grupo de rapazes, estudantes, costumava encontrar-se sob uma árvore bem à frente do consultório de Dr. Sales, na avenida Santo Antônio. Um dia, o médico convidou-os para entrar em seu consultório, e fazer as reuniões. Como os  assuntos do grupo, sob a árvore, era cultura, resolveram criar o Grêmio. E Ruber van der Linden, falecido há pouco tempo, então foi a pessoa mais digna para ser homenageada como patrono do Grêmio.

O GCRL funcionou por 50 anos. E, não há dúvida, foi a maior instituição cultural de Garanhuns. Os primeiros anos, principalmente, foram os melhores. Nos domingos à tarde, a reunião do Grêmio atraía a elite da cidade. Este editor em 1959, pôde constatar o brilho das comemorações dos 10 anos de existência. Eram médicos, advogados, estudantes e intelectuais conhecidos. Do Grêmio desse tempo, a lembrança evoca os nomes de Humberto de Moraes, Dr. Raimundo de Moraes, Dr. Othoniel Gueiros, Sílvio Apolinário, Edson Apolinário, Fernando Campos, Cesário de Almeida, Lício Neves, Antônio Galindo, Elpídio de Melo, José Rodrigues, Enoque Rocha, Alfredo Leite Cavalcanti... muitos, muitos, Orlando Wanderley, Dr. Sales...

Foi Alfredo Correia da Rocha, que chegando de Santos-SP, poeta e jornalista procurou Humberto de Moraes, para ativar o GCRL, que não se encontrava funcionando. Havia entrado em recesso, de 1964 a 1968, e de 1970 a 1973. Voltando, o Grêmio outra vez, passou a reunir, nas tardes dos sábados, grande número de poetas e intelectuais. Dos antigos participantes, Humberto de Moraes e o Dr. Raimundo de Moraes. E foram eles, filho e pai,, respectivamente, os mais dedicados valores à cultura de Garanhuns.

O Grêmio Cultural Ruber van der Linden é, em Garanhuns, um grande marco histórico. A história de Garanhuns, 1969, foi escrita por um dos principais gremistas, Alfredo Leite Cavalcanti. Nelson Fernandes, poeta, publicou, em 1963, o livro de poesias Aurora da Redenção. A história de Garanhuns dedicou algumas páginas ao poema extenso Garanhuns-Poesia. Foi essa casa de cultura, reunindo por 50 anos poetas, jornalistas, historiadores, que fortaleceu a cidade como celeiro de escritores. E não houve destaque de qualquer garanhuense lá fora, que não tenha passado pelo GCRL. Diga-se, enfim, que o Grêmio Cultural Ruber van der Linden, nos 50 anos de existência, até fevereiro de 1999, foi uma das maiores e honrosas instituições de Garanhuns. Foi isto, registre-se, para riqueza da nossa história.

*João Marques dos Santos, natural de Garanhuns, onde sempre residiu, é poeta, contista, cronista e compositor.  Teve diversas funções nas atividades culturais da cidade: foi Presidente da Academia de Letras de Garanhuns, durante 18 anos, Diretor de Cultura do Município e, atualmente, é presidente da Academia dos Amigos de Garanhuns - AMIGA. Compôs, letra e música, o Hino de Garanhuns. Mantém, desde 1995, o jornal de cultura O Século. Publicou quatro livros de poesia: Temas de Garanhuns, Partições do Silêncio, Messes do azul e Barro.

Foto: Dr. Raimundo Athanásio de Moraes

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