terça-feira, 1 de agosto de 2023

Garanhuns, uma saudade que ficou

1959. Foi quando pisei o solo de Garanhuns pela primeira vez. Aconteceu em frente ao Tavares Correia. Tinha então 16 anos e pude sentir o clima gostoso da cidade. Chegara em ônibus do Recife, com pais, irmã e maletas. Sem reserva prévia, o hotel estava lotado. Seguimos de táxi e terminamos hospedados no Hotel Petrópolis, sendo gentilmente recepcionados pela sua proprietária, Dona Marieta Queiroz, uma senhora muito distinta. Ficava ao lado do Colégio Diocesano.

O cultivo de flores já se fazia presente nas praças em frente ao colégio e à Estação Ferroviária. Também no Parque Ruber van der Linden, vizinho ao hotel do SESC. Dias que seriam guardados na memória, junto à ideia de retorno. Pela frente viriam o serviço militar obrigatório, cumprindo em João Pessoa, minha cidade natal; o primeiro emprego; a Faculdade de Direito; o Banco do Brasil. Voltaria a Garanhuns 16 anos depois, casado e com filhos. Em 1975, já funcionário do banco, para substituir o Dr. Evilácio Alves Feitosa nos seus impedimentos. Eram gerente e subgerente da agência, respectivamente, os senhores Manoel Gouveia e Francisco das Chagas de Oliveira. João Marques, cuja vocação literária só viria a conhecer mais adiante, ocupava a chefia de cadastro. A Comarca tinha só dois juízes, os doutores Aurélio Muniz Freire e José de Abreu, grandes magistrados. No primeiro cartório, gostava de prosear com João Calado Borba. Frequentava a Loja Maçônica Mensageiros do Bem. Cerca de ano e meio depois, para melhor evoluir na carreira de advogado do Banco do Brasil, tive de mudar-me para Arcoverde. Mas o fiz guardando grande saudade. Uma saudade que nunca mais me largou.

João Marques - José Humberto Espínola, é advogado e escritor. Foi chefe de Assessoria Jurídica Regional do Banco do Brasil no Estado de Pernambuco no período de outubro de 1990 a março de 1994, quando se aposentou. Defendeu teses de direito em Recife (1978) e São Luís (1987). Participou de coletâneas e cadernos culturais; colaborou com jornais. Livros publicados: Da Citação e do Arresto no Processo de Execução (direito processual civil, 1979), A Civilização do Não Ser - Silêncio do Curiango (ensaios, 2009), O Recomeço - um Itinerário de Tempo Cíclico (romance, 2013, que esteve no  28º Salão Internacional do Livro e da Imprensa em Genebra, Suíça) e A Deusa do Mercado de São José (crônicas e contos, 2018). Ocupa a cadeira nº 8 da Academia Camarajibense de Letras, cujo patrono é Joaquim Nabuco. (Texto transcrito do Jornal O Século / Dezembro de 2018).

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