domingo, 27 de agosto de 2023

Escrever difícil é mais fácil

João Marques

João Marques* | Garanhuns

Escrever bem é difícil. E escreve bem quem escreve claro, compreensível, e diz com arte. Literatura é arte, é poesia. Os grandes livros são conhecidos e tidos como verdadeiras obras de valor. Apesar da intenção do perfeccionismo, não se impõem estes livros como modelos a outros da Literatura nova. Do livro antigo, para continuar a Literatura, são necessários a clareza, o estilo agradável, a arte da criatividade. É pela arte que a Literatura se renova. Mas nunca perdendo o poder da comunicação. Arte que não comunica bem não é boa arte. Arte. Arte que é arte comunica, com emoção.

A preocupação deste editor é que os livros novos não têm muitas vezes essas qualidades. Inovam na forma, mas não comunicam bem. São uns estilos diferentes, certo, mas obscuros a ponto de  se tornarem incompreensíveis. E se diz, hoje, por tais escritores principalmente, que cabe ao leitor o esforço de compreender. É escrito o livro de forma que quem lê é que vai acabar, arrumando as interpretações, que seriam pessoais. Esses escritores fazem os textos com palavras difíceis e com descrições que fogem completamente do pensamento normal do ser humano.

Este editor, tentando ler alguns destes livros novos, não entende nada. Por incrível, há até os que tentam justificar a forma complicada de escrever. De repente, dizem mais ou menos assim: Este capítulo agora, só este, é escrito na maneira linear, como era antigamente. Como se pedisse desculpas por isto. Um absurdo!

A Literatura, assim, se torna cada vez mais menos lida. São poucas as pessoas que leem. E os jovens, estes quase não leem nada. Ainda, os livros novos estão sendo lidos só pelos próprios escritores, os amigos. Contudo, eu não estou entendendo o que  escrevem. Digamos, é um "parnaso" que chega complicando tudo, subordinando o texto a formalidades idiotas, prejudicando a clareza e a forma normal do pensamento humano. Pior do que  o parnaso, que foi uma orientação literária que acabou sendo criticada e até ridicularizada por movimentos modernos. Difícil é  escrever fácil! escrever o que todos possam ler e compreender. (Jornal O Século - 01/2018 - Garanhuns/PE).

*João Marques dos Santos, natural de Garanhuns, onde sempre residiu, é poeta, contista, cronista e compositor.  Teve diversas funções nas atividades culturais da cidade: foi Presidente da Academia de Letras de Garanhuns, durante 18 anos, Diretor de Cultura do Município e, atualmente, é presidente da Academia dos Amigos de Garanhuns - AMIGA. Compôs, letra e música, o Hino de Garanhuns. Mantém, desde 1995, o jornal de cultura O Século. Publicou quatro livros de poesia: Temas de Garanhuns, Partições do Silêncio, Messes do azul e Barro.

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