quarta-feira, 2 de agosto de 2023

Edjenalva Amaral | Cidadã de Garanhuns


Pronunciamento realizado na Sessão Especial da Câmara dos Vereadores de Garanhuns no dia 29 de novembro de 2002.

Nasci em Poço Comprido, distrito de Correntes. Tive o privilégio de ter pais biológicos e pais por consideração, que me amaram como se  deles tivesse florescido. Meus pais, Maria Santana e Julião Capitó Filho tiveram 8 filhos, meus amados 7 irmãos. Meus avós me criaram desde um ano de idade. Posteriormente, com o falecimento do meu avô, o meu tio, José Santana e minha avó, Inocência Santana foram meus orientadores. Fui muito feliz com eles, recebi muito amor, carinho e uma boa formação religiosa.

Vim para Garanhuns ainda muito jovem e estudei em um dos melhores colégios até então existentes, o Santa Sofia. Lá cursei meu primeiro grau completo. Com 12 anos, conheci meu esposo, Ivo Amaral, em um desfile garboso do Colégio Diocesano de Garanhuns, numa manhã do ano de 1948. À tarde, eu e ele já estávamos no saudoso Cinema Jardim, assistindo a matinê de um filme, que hoje não me recordo - acho que não prestei muita atenção no título.

Éramos duas crianças, eu vinda de Poço Comprido e ele da Fazenda Salobro, no Município de Lajedo. Ele ficou sem pai muito jovem, tornou-se arrimo de família, cuidando de sua mãe e duas irmãs. Nosso amor era tanto que resolvemos casar dia 8 de dezembro de 1955, realizando o sonho da nossa vida. Moramos 6 meses em casa alugada e voltamos a morar com minha avó na Rua Dom José 337, aqui na Boa vista.

Para nossa felicidade ser completa, só faltavam os filhos, que começaram a vir 2 anos depois de nosso casamento. Veio a nossa primogênita, Maria Tereza, em seguida foram vindo Ana Lúcia, Verônica, Mônica, Ângela, Cláudia e Roberta, nossa caçula das mulheres (são ao todo 7 filhas).

Sete anos depois da última filha chegou, para a nossa alegria, meu único filho homem, Ivo Júnior. Eu e Ivo já não éramos mais criança, mas pais dedicados e amorosos. Como mãe, sou feliz. São 8 filhos que todo pai e toda mãe gostaria de tê-los. Digo sempre que eles foram uma dádiva que Deus me deu, que a árvore que plantei rendeu bons frutos.

Portanto, por estes filhos que de presente recebi do meu bom Deus, curvo-me de joelhos agradecida pela existência deles.

Hoje, eu Ivo não somos mais as crianças que se conheceram num desfile e que se apaixonaram num cinema, somos avós que mimam os netos e adoram a vida em família.

Somos ramos de grande árvore de nossas famílias e sou feliz por ter plantado e ramificado, gerando boas sementes. Obrigada meus filhos e netos por vocês existirem.

Quero agradecer ao amigo, professor e jornalista, José Rodrigues, que por duas vezes escreveu artigos de jornal pedindo a concessão dessa honraria para mim, sendo uma vez no O Monitor, quando Ivo foi prefeito de Garanhuns na sua primeira administração (1977-1982).

A outra vez, foi no periódico Correio Sete Colinas, solicitando aos senhores vereadores a concessão do título de cidadã a minha pessoa.

Da primeira vez Ivo achou que não estaria certo a concessão de tal título, por ele ser prefeito à época, o que poderia gerar polêmica. Dessa segunda vez, o estimado vereador Luís Taveira de Melo apresentou o projeto e esse foi aprovado por unanimidade pelos senhores vereadores.

Compreendo o alto espírito público de desprendimento que demonstram os componentes deste poder deliberativo, sempre voltados para o que  é de melhor para Garanhuns e sua gente, até por que  participei ativamente de todos os mandatos que Ivo teve. Seja como vereador, vice-prefeito, prefeito e deputado estadual.

E posso dizer que eu, assim como ele, sempre enaltecemos e reconhecemos a independência e a grandeza que essa casa corajosamente sempre emanou.

Seio que os ilustres componentes desta Câmara reconhecem os trabalhos desenvolvidos por mim, durante 30 anos de vida pública ao lado de meu marido. E também reconheço os serviços prestados pelos demais homenageados, que hoje recebem essa Medalha por um motivo justo e fundamentado.

Tenho certeza de que cada um que hoje recebe Título de Cidadão ou a Medalha de Honra tem uma história de luta, de coragem e de satisfação bem parecida com a minha.

Sempre sonhei por uma Garanhuns melhor. Tive o desejo de ter um marido em que pudesse confiar e formar uma família unida por um mesmo ideal, sempre preocupada com o nosso bem estar, com a causa pública e com o povo de nossa terra (e Garanhuns me acolheu como se filha legítima o fosse). Meu desejo foi realizado.

Meu sonho hoje se concretiza, sou cidadão daqui graças ao povo dessa terra, onde nasceram todos os meus filhos e onde finquei minhas raízes eternamente. Raízes essas que jamais fenecerão, pois serão regadas com as águas maravilhosas que daqui brotam das inúmeras fontes de água mineral.

Aos amigos que vieram  nos prestigiar, a mim e aos demais homenageados nesta noite tão importante, o meu muito obrigado.

A todos os senhores que compõem a Câmara de Vereadores de Garanhuns, por este gesto tão generoso, serei eternamente grata.

Aos meus familiares aqui presentes e aos que do céu estão olhando por mim (que sempre estarão na minha lembrança, em meu coração e nas minhas orações), os meus agradecimentos.

Tenho a certeza de que levarei e honrarei o nome de Garanhuns a qualquer tempo e lugar, como sempre o fiz, independente desse inesquecível título que ora recebo.

Agradeço, por fim, às amigas da Casa da Amizade, do Rotary Clube, às amigas do Clube Lítero Recreativo Brasil-Estados Unidos, às amigas e amigos que durante os 10 anos em que meu esposo foi Prefeito deste Município sempre me ajudaram nas obras sociais sem esperar nada em troca, a minha eterna gratidão.

Esse Título também é de todos vocês e do povo desta terra."

Edjenalva Santana do Amaral.

Texto transcrito do Jornal Correio Sete Colinas / Dezembro de 2002.

Foto: Edjenalva e Ivo Amaral.

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