segunda-feira, 21 de agosto de 2023

Carmosina Monteiro

Os grandes momentos de nossa vida são muitos raros. Contentarmos com os pequenos momentos, é melhor. Eles poderão crescer se proporcionados pelas pessoas humanas. As pessoas  valem mais do que os  momentos mais sublimes do mundo. Devemos, apenas, estar apercebidos, observando seus movimentos e identificarmos os rumos de sua vida. Senti-los na plenitude  de seu estado. Entendê-los como se fossem traçados por nós. Como se fossem a projeção do nosso universo intelectual. Onde a criatividade gera as fontes da cultura perene como o borbulhar do gênio. Esse estado de  espírito permanece estimulado pelos meios triunfadores da assembleia mental.

Não sabemos se esses conceitos estão sendo profundamente entendidos, o verbo entender aqui tem sentido diferente. Não é usado como joguete de palavras conjugadas. É sobretudo viver com intensidade o momento da ação. O problema de quem transmite é mais de entender-se. Ser entendido depende muito do outro. Aqui é preciso o despertar da sublime faculdade de saber ouvir. Ou melhor saber escutar uma mensagem da esfera mental é muito difícil neste mundo conturbado. Por isso as pessoas passam e outras ignoram se elas estiveram presentes. É como se uma coisa pudesse ser presente, ou ausente, sem ser percebida.

A problemática aqui não condiz com o uso de determinada técnica. Mas, sim, perceber que não estamos aplicando à vida como totalidade, Não há existência isolada. Nada existe no isolamento, porque tudo está relacionado entre si. Para tanto não basta declarar as nossas intenções. Imprescindível é o reconhecimento da integração do valor. Do ser humano que viveu nos recantos de seu universo moral e intelectual. A receber e a transmitir mensagens de renovação espiritual que nunca foram motivadas pelo crepúsculo do ódio. A cultura é marcante na vida de cada um de nós. Além da cultura, a moralidade ética era a substância e criatividade do vulto de hoje.

Carmosina Monteiro, viveu os dias mais intensos de sua juventude aqui na terra do Magano. Estatura mediana, portadora de um perfil elegante.  Era a força da autossuficiência de sua personalidade, pontilhada de luz e sombras. Sombra de seus  próprios reflexos e luz de seu maravilhoso Espírito. Determinada pela sua vocação intelectual cursou os nossos melhores colégios.

Logo cedo voltou-se no sentido de marcar a sua presença na imprensa.

Sob a égide de variados aspectos, sentimos a força viva de sua capacidade intelectual. No tempo do "Centro de Cultura Intelectual Severiano Peixoto" realidade do espírito sonhador de Luís Maia, pioneiro do teatro moderno entre nós, a nossa imprensa era a  mais destacada da região. "O Bibliófilo" jornal dirigido pelo talento do poeta modernista: José Maria Mendes, contava com a colaboração de muitos vultos do nosso jornalismo: Eurico Costa. João Domingos, Arthur Maia, Ângelo Cibela, Luís Dourado e outros... "Inclusive Carmosina Monteiro...".

Carmosina Monteiro era casada com o intelectual Veridiano e passou a residir no Rio de Janeiro, onde estudou muito coisa sobre teatro. A sua peça "Chica da Silva" (trabalho de pesquisa comentado pelo autor desta coluna) conquistou distinção e louvor da Academia Brasileira de Letras. Complementando esse  destaque da personalidade intelectual de Carmosina Monteiro (Carmosina Araújo) recebeu uma carta muito carinhosa do maior homem público de sua geração Dr. Juscelino Kubistchek. Manteve em funcionamento  o Teatro "Monteiro Lobato" do Recife. Vindo depois de aposentada foi laureada pelo "Joaquim Nabuco". Na  qualidade de bibliotecária era responsável pela  redação em português da Revista Internacional que circulava em toda América do Sul. Em todas as circunstâncias sempre postulou por uma filosofia política em que  as reformas de base seriam o fundamento das mais amplas liberdades democráticas. Os partidos deveriam representar os movimentos de opinião. Seu estado de  espírito não se conturbava. sempre sentindo e agindo de alma e coração. Jamais perdeu a criatividade. Seu estado psicológico mantinha-se à alegria de viver. Lia muito e estava sempre em dias com os movimentos da cultura do Teatro Nacional. Sólida cultura humanista e irmã da jornalista Maria do Socorro, pioneira esperantista em Garanhuns. 

Carmosina Monteiro (Carmosina Araújo) faleceu no Recife capital do Estado em dias do corrente mês de julho de 1984 com 68 anos de idade, e foi sepultada em Garanhuns no cemitério São Miguel. Escritora, jornalista, teatróloga, cronista, merece destaque especial a sua memória sendo perpetuada com o seu nome em uma das artérias da terra em que nasceu e honrou os  seus contemporâneos.

*Dr. José Francisco de Souza / Advogado, jornalista e historiador / Garanhuns, 14 de julho de 1984.

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