Homem de inteligência invulgar, Belarmino na juventude iniciou-se na arte de versejar. Em 1895 estava fundando a primeira Sociedade Literária nas Alterosas. Antes, em 1887, publicou um livro de versos, "Névoas Sertanejas", com 64 páginas, prefaciado por João Peixoto. Em 1903 organizou a "Loja Maçônica Mensageiros do Bem", ocupando o lugar de orador. No jornal "O Sertão" aparece em 1909, publicando seus poemas e colabora com este órgão durante toda a sua existência. Igualmente deu sua parcela no "O Jornal" de Souto Filho (1911), e em outros inúmeros matutinos da Cidade e da Federação Brasileira. Na qualidade de teatrólogo produziu muitas peças, algumas levadas ao palco por amadores da "Terra Querida". Na função pública, no cargo de Secretário do Conselho Municipal (1912/15). Na atividade particular, no comércio de cereais e estivas.
Belarmino Dourado era casado com Ana Alexandrina Correia Dourado e deste matrimônio nasceram: Euclides Dourado que foi Prefeito de Garanhuns, Agilberto Dourado, o pintor; Julieta e Marieta. Nasceu em Goiana e faleceu em 29 de dezembro de 1919 em Garanhuns.
DEVANEIO À SINHÁ
Belarmino da Costa Dourado, 1885
Em ti é que eu penso, formosa criança
Nas noites de insônia, cismando ao luar.
Indago às estrelas, teu nome sorrindo?,
E os astros dormindo,
Se escondem no Mar.
Em ti é que eu penso, sentindo-me escravo
De teus lindos olhos, que bem lindos são...
Pergunto por ti às flores trementes.
E elas dormentes
Se inclinam no chão.
Porque não te vejo, criança, ao meu lado
Nas noites de insônia, cismando ao luar,
Tão loura, tão pura, de susto tremendo,
Em mim embebendo
Teu plácido olhar.
Debalde eu te busco. Qual doida miragem
Ah vejo-te sempre distante a correr...
Ó conta-me, virgem, que praga , que sina.
Foi esta, menina
De amar-te e sofrer?
Foto: Belarmino da Costa Dourado.
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