sexta-feira, 25 de agosto de 2023

Belarmino da Costa Dourado

Belarmino da Costa Dourado

Poeta, jornalista e teatrólogo, considerado o "decano dos literatos de Garanhuns", na sua época, também teve uma atuação política no município. Seus pais foram: Dr. José da Costa Dourado e Maria Rosalina de Araújo, sendo ele formado pela Universidade de Coimbra, onde defendera tese para alcançar tão cobiçado título, vindo residir em Garanhuns em 1862, onde adquirira uma parte de terra, no sítio denominado "Buraco" que pertencera, em 1805, ao Capitão Comandante Luís Tenório de Albuquerque, tendo substituído o nome "Buraco" para "Sítio Laranjeira". Cedo encaminhou o filho Belarmino Dourado para Recife aonde chegou a estudar no Liceu de Artes e Ofícios, sem, no entanto, ter concluído o curso.

Homem de inteligência invulgar, Belarmino na juventude iniciou-se na arte de versejar. Em 1895 estava fundando a primeira Sociedade Literária nas Alterosas. Antes, em 1887, publicou um livro de versos, "Névoas Sertanejas",  com 64 páginas, prefaciado por João Peixoto. Em 1903 organizou a "Loja Maçônica Mensageiros do Bem", ocupando o lugar de orador. No jornal "O Sertão" aparece em 1909, publicando seus poemas e colabora com este órgão durante toda a sua existência. Igualmente deu sua parcela no "O Jornal" de Souto Filho (1911), e em outros inúmeros matutinos da Cidade e da Federação Brasileira. Na qualidade de teatrólogo produziu muitas peças, algumas levadas ao palco por amadores da "Terra Querida". Na função pública, no cargo de Secretário do Conselho Municipal (1912/15). Na atividade particular, no comércio de cereais e estivas.

Belarmino Dourado era casado com Ana Alexandrina Correia Dourado e deste matrimônio nasceram: Euclides Dourado que foi Prefeito de Garanhuns, Agilberto Dourado, o pintor; Julieta e Marieta. Nasceu em Goiana e faleceu em 29 de dezembro de 1919 em Garanhuns.

DEVANEIO À SINHÁ

Belarmino da Costa Dourado, 1885

Em ti é que eu penso, formosa criança

Nas noites de insônia, cismando ao luar.

Indago às estrelas, teu nome sorrindo?,

E os astros dormindo,

Se escondem no Mar.


Em ti é que eu penso, sentindo-me escravo

De teus lindos olhos, que bem lindos são...

Pergunto por ti às flores trementes.

E elas dormentes

Se inclinam no chão.


Porque não te vejo, criança, ao meu lado

Nas noites de insônia, cismando ao luar,

Tão loura, tão pura, de susto tremendo,

Em mim embebendo

Teu plácido olhar.


Debalde eu te busco. Qual doida miragem

Ah vejo-te sempre distante a correr...

Ó conta-me, virgem, que praga , que sina.

Foi esta,  menina

De amar-te e sofrer?

Foto: Belarmino da Costa Dourado.

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