sábado, 12 de agosto de 2023

As frutas de Garanhuns

Marcílio Reinaux

Marcílio Reinaux*

No lugar de pêssego, tínhamos

"Pirins. Em vez de figos chupávamos

Jabuticabas, negras, brilhantes...

Ameixa substituída pelos doces

e amarelos cajus.


Morango?

Para que, se tínhamos as deliciosas Pitangas.

Maçã era fruta de rico. Fruta de pobre

sempre foi jaca. Dura ou mole que nem

manteiga, derretendo goela abaixo.

Pera? Só nos livros infantis. Melhor

que ela tínhamos o Araçá.

Abacate dos grandes e macios, fazendo

par com as gigantescas Goiabas.


Uvas? Não. Melhor Pitombas, tiradas no

Sítio de Thomaz Maia, na Vila Maria.

Melão, só o silvestre espremido entre as

cercas dos sítios. Porém melhor que estes

o Mamão, quase vermelho, já pipinado

pelo bico do sabiá.


Fruta de Conde? Melhor que esse nome

complicado, tínhamos na feira, se derretendo

de maduras, as Pinhas, vindas dos sítios

do Tará e das Águas Belas.

Laranjas, a mais disputada: Laranja-cravo.

Nada de tangerina, ou mexericas de nomes estranhos.


Fruta-Pão não conhecíamos

no nosso tempo de menino. Mas a

Banana-Comprida, Banana-Vinho, Banana-Pão.

A Banana-Prata e a deliciosa Banana-maçã,

somente do Sítio de Dona Duda.


Abacaxi, era fruta rara, mas em

troca dele tínhamos a Maçaranduba,

"prima-matute" da mangaba da Cidade.

E ainda o Sapoti, a Sapota, e o

Jatobá, Cajá e Cajarana.

Cana, só moída, o caldo

com pão-doce.


E o que dizer do Maracujá-Açu, ou

Maracujá de Macaco? Da carambola, e

das deliciosas mangas "Rosa" e "Espada" do Mundaú?

O Ingá e a Graviola completavam

esta imensa cesta de frutas.

As frutas de Garanhuns. As

frutas do meu tempo de menino.

*Escritor, poeta, advogado e professor.

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