sexta-feira, 18 de agosto de 2023

A opção de escolha


Alfredo Correia da Rocha* (Foto) | Garanhuns, 20/08/1977

É por ser o homem racional que Deus lhe deu, entre os demais atributos, o da escolha entre o certo e o errado, entre o proveitoso e o inútil, entre as verdades palpáveis e as dúvidas. Estas asserções, tão velhas quanto a própria história da humanidade a partir do HOMO SAPIENS, por mais repisadas que sejam continuam válidas para a vida da espécie de Adão neste planeta de provas.

Válidas têm sido igualmente no campo das coisas do espírito. A arte em suas múltiplas manifestações, também graça e atributo do espírito, há de ser a arte através dos tempos, não importando as tentativas de  inovações, os "ismos" oriundos de determinadas fases da história humana, dos arroubos de tantas civilizações que jazem hoje sob o pó e o esquecimento. O preservável marchará sempre altivo através das idades, enquanto o transitório cairá na sucessão intérmina de  tentativas.

A beleza que partiu do cérebro, do coração e do punho de Rafael, de um Michelangelo, de um Van Gogh, de um Botticelli, há-de ser permanente para o futuro como foi até o presente. Chopin, Beethoven, Tchaikovsky, Schubert, criaram músicas para todos os tempos; a sabedoria helênica no teatro e nas letras edificou a estrutura da civilização ocidental. Camões e  Dante Alighieri plasmaram os idiomas de suas respectivas pátrias. A todo esse exemplário os tempos têm trazido novidades toleráveis ou aberrantes e por  experimentais têm caído no esquecimento. Velha é também a concepção do "moderno". Quando essa concepção descaracteriza a virtude de transmitir de alma para alma o tocantemente belo, o emocionalmente belo, pode de tudo ser denominada, exceto de Arte. A desarmonia nas notas musicais não podem merecer o nome de música, como um borrão indecifrável numa tela não pode expressar beleza sendo pintura. Que  tintas, projeções, iluminúrias, luz e sombra tentem tornar o borrão uma obra de arte, a tentativa será frustrada para os espíritos sensíveis à beleza e à perfeição.

A sutileza das artes é  comparada à pedra angular dos edifícios construídos sobre a rocha, conforme expressão do Cristo em uma  de suas parábolas, em alusão à fé cristã. E essa sutileza não parte do imediato, do perecível das experimentações humanas. Parte sem  dúvida alguma do espírito e, com ele, é eterna.

*Escritor e poeta.

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