quinta-feira, 27 de julho de 2023

O Clã da Família Amaral

Dom João da Mata Andrade e Amaral
Imagem/Diocese de Cajazeiras-PB

Por Antônio Oliveira

São os homens que constroem a História, e ai daqueles que se omitem no processo de formação da identidade de um povo! Seus nomes logo serão relegados ao esquecimento, sua  memória alijada da mente das novas gerações. Às grandes famílias que "fizeram" Lajedo, a exemplo dos Ferreira (pioneiros), Oliveira, Braga, Dornelas, Cordeiro, Vilaça e outras de menor projeção, mais uma vem juntar-se, ocupando seu lugar de direito, mercê a dedicação de seus membros e a relevância de seus atos: os Amaral.

Tudo começou com o casal do Coronel Francisco Francelino do Amaral (Seu França) e Deolinda Francisca do Amaral (Dona Dora): sua transferência da Fazenda Boqueirão, do município de Altinho (terra também de Vicente Ferreira), para sua vasta propriedade, à época território de Canhotinho, cortada pelas águas do riacho Salobro, e  por isso mesmo denominada Fazenda Salobro, nascedouro do povoado que muitos anos à frente receberia a designação de Imaculada, por influência dos padres salesianos.

De início apenas o casarão senhorial e modestas habitações destinadas à acomodação dos agregados e serviços da herdade. Logo mais, em 1914, é construída uma ermida em louvor a Imaculada Conceição, capela ainda existente e que abriga os restos mortais da quase totalidade dos familiares.

D. Edjenalva, Ivo Tinô e D. Francisca Amaral Tinô em 1989

Seu França e Dona Dora deram origem a uma prole de oito filhos, sendo quatro rapazes e quatro moças, estas, senhoras de excelente formação, educadas que foram nos rígidos e admiráveis princípios que norteavam os lares de antigamente, exemplo de mães e esposas:

MARIA - Casada com Severiano Pereira da Costa, ex-administrador do distrito de Lajedo, comerciante de destaque aqui e, posteriormente, na cidade de Esperança-PB. Pais da médica obstetra Maria Auxiliadora, residente no Rio de Janeiro.

TEREZA - Esposa de Manuel de Carvalho e Silva (Seu Né), fazendeiro e que exerceu a função de oficial do Registro Civil da localidade de Queimadas, do município de Jurema. Não tiveram filhos.

VERÔNICA -  Desposou José Firmino Burgos, oficial do Registro Civil em Lajedo, Tabelião Público, tornando-se, mais tarde, prefeito do município. Pais de Madalena e Bernadete.

FRANCISCA (Chiquinha) - Casou com Ismael Tinô, policial, delegado em algumas cidades, continuando, após o exercício, como servidor do Estado, no Departamento do Fomento Agrícola em Garanhuns. Progenitores de Ivo Tinô do Amaral, ex-deputado estadual e, por duas vezes, prefeito do município de Garanhuns; Ivone e Ivonete.

Quanto aos homens tiveram as mais  diversificadas atividades possíveis. Vejamos:

MANUEL - Escritor, jornalista, funcionário da Empresa dos Correios e Telégrafos, em Recife. Autor de livros, dentre os quais Caras & Caretas, em que enfoca o perfil de várias personalidades intelectuais da sua época. Casado com Dona Amélia Gomes, enfermeira, tiveram dois filhos: Márcio e Marcelo.

MAMEDE - Senhor do Engenho Brejinho (Canhotinho), fazendeiro, comerciante em Olho d'Água de Dentro e Queimadas de Jurema. Foi ainda, administrador, por longos anos, da propriedade Quatis, pertencente a Santa Casa de Misericórdia. No governo Arraes teve seus interesses fundiários prejudicados pela política de reforma agrária empreendida pelo governador. Sua esposa, Dona Djanira Cordeiro Bezerra, deu-lhe os seguintes filhos: Arlindo, Abelardo, Abigail, Geraldo, Terezinha e Áurea Deolindo (Aurita).

JOÃO DA MATA - Este seguiu a carreira eclesiástica. Ordenado sacerdote aos 23 anos, ocupou inúmeros cargos na hierarquia católica: secretário do Bispado de Nazaré da Mata (PE), capelão da Usina Aliança, vigário de Nazaré e vigário geral da Diocese. Pároco em Queimadas, Bom Jardim e Limoeiro. Em 24 de março de 1934 é surpreendido com a indicação para Bispo de Cajazeiras (PB) e, posteriormente, para as Dioceses de Manaus (AM) e Niterói (RJ), onde está sepultado.

JOSÉ - Acadêmico. Durante a mocidade teve suas andanças pela cidade do Rio de Janeiro. No Salobro tornou-se fazendeiro e comerciante. Ocupou postos na política local: vice do prefeito Antônio Dourado e vereador à Câmara Municipal. Foi meu padrinho de crisma. Casado com a senhorita Maria Anunciada Cadengue, de uma das nossas tradicionais famílias, o casal gerou um quarteto de Marias do Socorro, da Conceição, do Rosário e de Lourdes. Viva Maria! Zé Amaral faleceu em Garanhuns à 21 de novembro de 1969.

Concluo aqui a sumaríssima crônica desse ilustre clã cujos membros tão bem representaram nossa gente: Deolinda, Manuel, Mamede, João da Mata e José, hoje emprestam seus nomes a educandários e ruas na cidade em Quatis e em Imaculada. Fonte: O Jornal.

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