terça-feira, 25 de julho de 2023

Dominguinhos

Dominguinhos - José Domingos de Morais
José Domingos de Morais conhecido como Dominguinhos, instrumentista, cantor e compositor brasileiro.

Dominguinhos foi um exímio sanfoneiro, teve como mestres nomes como Luiz Gonzaga e Orlando Silveira. Tem em sua formação musical influências de baião, bossa nova, choro, forró, xote, jazz etc.

Luiz Gonzaga deu o tom e Dominguinhos seguiu a melodia na sanfona.

Mais do que aprender, o discípulo inovou a arte do mestre. Dominguinhos emprestou a sanfona sotaques novos e diferentes.

Não abandonou o baião de seu padrinho, mas também não deixou de brincar em outras praias da música brasileira.

O trabalho de Dominguinhos é mais uma prova de que pouco importa os sotaques ou origens quando trata de fazer música.

No universo dos sons e dos ritmos o que conta mesmo é a sensibilidade, responsável pela emoção e o talento, capazes de transformar ideias e conceitos em obras de arte.

Esses são os ingredientes mais constantes na trajetória do pernambucano de Garanhuns José Domingos de Morais, o Dominguinhos, tendo como pano de fundo um grande talento, eles compõem o quadro da vida de um dos importantes artistas brasileiros da atualidade.

Biografia de Dominguinhos

12/2/1941 – Nasce José Domingos de Morais, em Garanhuns, no agreste pernambucano. É filho de mestre Chicão, tocador e afinador de sanfonas de oito baixos (como Januário, pai de Gonzaga).

Eu nasci com um bocado de irmãos, éramos 16 , minha mãe, meu pai. Naquela época era tudo muito difícil, meio parecido com hoje em dia ainda, mas hoje temos mais coisas”

Ainda criança, toca triângulo com os irmãos no grupo Os Três Pinguins, formado por Moraes (sanfona) e Valdomiro (zabumba). Neném do Acordeon é seu apelido de infância.

1949 – Aos 7 anos, conhece Luiz Gonzaga enquanto toca na frente do hotel Tavares Correia que este estava hospedado, em Garanhuns. O Rei do Baião promete uma sanfona de presente ao garoto se um dia ele fosse ao Rio de Janeiro

Nasce Dominguinhos

Meu pai quis ir imediatamente pra casa de Gonzaga… Deu 2 minutos e ele pegou uma sanfona de 80 baixos e a entregou. Tudo que a gente queria na vida era uma sanfona”.

1954 – Muda-se para o Rio acompanhado do pai e de um dos irmãos. Radicado no subúrbio de Nilópolis, aprende outros estilos para tocar em casas noturnas da cidade, em especial o chorinho.

1957 – Aos 16 anos, é apadrinhado por Gonzaga, que o chama de seu ‘herdeiro artístico’. Gonzagão ainda lhe daria depois o apelido que o tornaria famoso no Brasil.

No mesmo ano, faz sua primeira gravação profissional ao tocar sanfona na música ‘Moça de feira’, em álbum de Luiz Gonzaga

Trio Nordestino e Anastácia

1958 – Aos 17 anos, casa com Janete, sua primeira mulher. Dominguinhos teve com ela os filhos Mauro e Madeleine Trio Nordestino e Anastácia

Diziam que o Gonzaga tem voz de cana rachada. Aquele negão, de chapéu de couro, de alpercata, de gibão, tocando sanfona, era uma afronta dançando xaxado, aquelas coisas todas”

Interessa-se por outros gêneros, como o samba, a gafieira e o bolero.

1965 – Dominguinhos é convidado por Pedro Sertanejo a gravar na gravadora Cantagalo, um disco que tinha como alvo os imigrantes nordestinos que viviam no Rio de Janeiro.

1967 – De volta aos xotes e baiões, integra excursão de Gonzagão no nordeste, dividindo-se entre sanfoneiro e motorista (Dominguinhos, aliás, tinha medo de avião).

Nesta turnê, conhece a cantora pernambucana Anastácia, sua futura esposa e coautora de mais 200 canções.

Acho que muita gente enche a minha bola, mas tem muita gente tocando. Eu sou hoje em dia um veterano do instrumento, aí todo mundo respeita, todo mundo tem carinho”

1972 – A convite do empresário Guilherme Araújo, acompanha Gal Costa no show ‘Índia’. No ano seguinte, Gil grava ‘Eu só quero um xodó’, hit que depois ganharia mais de 250 regravações.

1975 – Participa da turnê de ‘Refazenda’ de Gilberto Gil, que também grava ‘Tenho sede’. Passa a colaborar com mais frequência com o universo da MPB (vide foto com Nara Leão). Em 1979, compõe com o poeta Manduka ‘Quem me levará sou eu’, vencedor do Festival da TV Tupi

1985 – Emplaca duas músicas na novela ‘Roque Santeiro’: ‘De volta pro meu aconchego’, e ‘Isso aqui tá bom demais’, assinada junto com Nando Cordel.

1990 – Durante a década inteira, Dominguinhos lança um álbum por ano. Durante esses dez anos, mostrou-se crítico ao forró universitário e eletrônico – chamando este último de ‘descartável’

1997 – Assina as canções do filme ‘O cangaceiro’, de Anibal Massaini Neto. Ele também participa cantando as músicas de Zé do Norte, presente no longa original de 1953

1999 – Dez anos depois da morte de Luiz Gonzaga, grava o disco ‘Você vai ver o que é bom’, que traz uma música inédita do compositor Zé Dantas (parceiro de Gonzagão)

Dominguinhos (1941-2013) foi um músico brasileiro. Cantor, sanfoneiro e compositor, fez parceria musical com Gilberto Gil, Nando Cordel e Chico Buarque, Anastácia, entre outros.

Nasceu em Garanhuns, Pernambuco, no dia 12 de fevereiro de 1941. Filho de mestre Chicão, tocador e afinador de fole de oito baixos, começou sua carreira artística ainda na infância, quando formou um trio com seus dois irmãos. Seu instrumento era o pandeiro, e o trio se apresentava nas feiras livres, em botequins e porta de hotéis.

Em 1948, tocando na porta de um hotel, foi ouvido por Luiz Gonzaga, que se encantou com a habilidade dos meninos e entregou-lhes seu endereço no Rio de Janeiro. Em 1954, junto com sua família, num caminhão pau-de-arara, foi para o Rio de Janeiro. Logo que chegaram ao município de Nilópolis, Luiz Gonzaga tornou-se seu padrinho e o presenteou com uma sanfona.

Com o nome artístico de Neném do acordeon, começou a tocar nos bares, churrascarias, cassinos e boates. Em 1967, ingressou na Rádio Nacional, ano em que gravou seu primeiro disco. Passou a ser convidado para gravações e shows de cantores famosos, entre eles, Gal Costa, Gilberto Gil, Caetano Veloso e Maria Betânia.

Dominguinhos teve como parceira a cantora e compositora Anastácia, que fez a letra de 210 músicas compostas por ele.

Fez parcerias com Chico Buarque, na música “Tantas Palavras”, com Nando Cordel, em “De volta pro meu aconchego” e “Isso aqui tá bom demais”, com Gilberto Gil, nas músicas “Lamento Sertanejo e Abri a porta”, entre outras. Com diversos discos gravados, com seu característico chapéu de couro, Dominguinhos se apresentava por todo país, tocando com sua sanfona, o forró, música típica do Nordeste do Brasil.

Em 17 de dezembro de 2012, Dominguinhos foi internado no Hospital Santa Joana, no Recife, com infecção respiratória e arritmia cardíaca. No dia 15 de janeiro, a pedido da família, foi transferido para o Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, onde ficou em coma, depois de duas paradas cardíacas.

Dominguinhos faleceu no dia 23 de julho de 2013, em São Paulo. Seu sepultamento foi realizado no cemitério Morada da Paz, no município de Paulista, na Região Metropolitana do Recife.

Para atender a um pedido de Dominguinhos, que em entrevista dada ao radialista Geraldo Freire, da Rádio Jornal do Comércio, da cidade do Recife, expressou o desejo de ser sepultado no município onde nasceu, o corpo do cantor foi transladado para Garanhuns, no dia 26 de julho de 2013, e sepultado no cemitério São Miguel.

Fonte:  https://www.bahia.ws/biografia-de-dominguinhos/


A infância de Dominguinhos em Garanhuns

Em entrevista  realizada no Canto da Ema, São Paulo/SP, em 27 de outubro de 2011, o cantor Dominguinhos fala de sua infância     em Garanhuns.

Tacioli? - ?Mesmo criança quando você tinha um brinquedo ou pandeirinho que era seu?

Dominguinhos? - ?Eu tocava pandeiro! Eu tocava pandeiro, meu irmão mais novo, Valdomiro, que estava em Nilópolis desde que chegou no Rio, e o Moraes, que era o mais velho, que tocava o acordeom de oito baixos. Aí ele largava, eu pegava, o outro também pegava. Ninguém tinha essa história.

Tacioli? - E os Três Pinguins?

Dominguinhos? - Também! [ri]

Tacioli? - ?Era o nome do grupo, né?

Dominguinhos? - Era, Os Três Pinguins.

Tacioli? - Por que Três Pinguins?

Dominguinhos? - ?É. Pinguim lá no Nordeste não vai se dar bem. [risos] Foram uns três, quatro anos, só. A gente era bem arrumadinho, tudo direitinho, gravatinha borboleta, jalequinho, parecia um pinguim mesmo.

Manu Maltez? - Fraquezinho…

Dominguinhos? - Calça preta, aquelas bluzinha assim, gravatinha borboleta. [ri]

Manu Maltez? - Quantos anos você tinha?

Dominguinhos? - Eu tinha nove anos, Moraes, 11, e o Valdomiro tinha uns três anos a menos do que a gente.

Tacioli? - Você nasceu em Garanhuns?

Dominguinhos - ?Foi.

Tacioli? - E saiu de lá com 15 anos?

Dominguinhos? - Não, com uns 13 anos.

Tacioli? - Treze anos?

Dominguinhos? - ?É.

Tacioli? - Que lembranças você tem desse período, dessa primeira infância de Garanhuns? Como era a cidade, quais os lugares que você gostava de frequentar?

Dominguinhos? - Eu não frequentava lugar nenhum! [ri] Eu era garotinho e no dia em que conheci Luiz Gonzaga - ?sem saber quem era? - ?eu tinha oito anos. Tocava na porta do hotel em que ele estava hospedado, o Tavares Correia. Tá lá, do mesmo jeito que era naquela época, muito verde, charrete. E a gente chamava (o hotel) de sanatório, porque tinha muito velho que ia pra lá passar o fim de semana. E botaram a gente tocando lá na porta. Não deixavam a gente tocar lá dentro para não atrapalhar os hóspedes. Aí botaram a gente para tocar numa sala com um cidadão. Era ele, Gonzaga. Aí ele deu um bolo de dinheiro pra gente e também deu o endereço, que foi a coisa mais importante. Nesse mesmo dia apareceu uma senhora, Almerinda, que era diretora da Escola Comercial de Olinda, um internato e externato. “Vocês não querem estudar? Vocês estão na idade de estudar? Você já está com nove anos?” E aí eu digo: “A senhora fala com meu pai, porque a gente não pode resolver nada”. Aí ela foi falar. Meu pai deixou a gente ir. Passamos uns quatro anos internos, todos na mesma época.

Tacioli - ?Foi bom ficar interno?

Dominguinhos - ?Foi bom porque alguma coisa que eu aprendi foi lá. Era uma época meio pesada, porque eles batiam muito nas crianças, de palmatória, e muitas vezes até com “arreio” de bater em cavalo. Mas o que eu aprendi foi ali. Ela tornou-se empresária. Vendia os showzinhos da gente, vestia a gente muito bem. O dono da Rádio Clube, Arnaldo Moreira Pinto, deu uma sanfoninha de 48 baixos pra gente, um acordeonzinho. Moraes passou logo a tocar, depois eu, e depois o Valdo. Rapaz, foi uma coisa bonita! Esse tempo era pesado. Quando nós voltamos, saímos de lá, fomos expulsos.

Tacioli - ?O que você fez, Dominguinhos?

Dominguinhos? - Não, não, não fizemos! Era o seguinte: como eles batiam muito na gente, Moraes, que era o mais velho, pulava o muro do colégio, que era muito alto, e ia para a casa do dono da rádio. Ele descobriu onde o dono da rádio morava. E o homem passou a se incomodar com ele. “Ei, você não tá num horário de estudar, meu filho?” “É que estão batendo na gente!” Fez uma denúncia! Aí mandaram um órgão visitar o colégio pra ver o que é que estava acontecendo. A gente apanhava mesmo, rapaz, seis bolos na mão, tu já pensasse?! Era de palmatória, não era brincadeira! A gente ficava de mão inchada. E ela vendia a gente na casa dos meninos mais ricos, tudo vestido de pinguins. Aí ela expulsou a gente por conta disso (da denúncia do Moraes). Nós voltamos para Garanhuns pior do que a gente tinha ido. Voltamos com a roupinha do corpo. Ela segurou tudo, inclusive os instrumentos. Voltamos zerados.

Pavan? - Até então nem você e nem seus irmãos nunca havido estudado?

Dominguinhos? - Não, não, somente quando nós fomos pra lá.

Pavan? - Vocês estudaram nesses três anos.

Dominguinhos? - É, entre três e quatro anos e aí acabou-se.

Tacioli? - Chegou e apanhou em casa também?

Dominguinhos? - Não, não! Meu pai levou um susto! O transporte naquela época era trem, que ia de Recife para Garanhuns, uma Maria Fumaça. Nós chegamos e o pai disse: “Vá lá, minha Nossa Senhora! Vocês fugiram?”. “Não, pai, a mulher mandou a gente embora! Sem instrumento, sem nada! Ela não tinha necessidade disso.” Agora, eu tinha tanta consciência do bem que eles tinham feito que, uns 15 anos depois, eu estava com Luiz Gonzaga e voltei lá. Fiz uma visita à escola, que estava funcionando lá em Olinda. Não sei se vocês já foram em Olinda, Pernambuco. Quando você sai de Recife, uma ladeira bem alta assim, a escola era ali, do lado direito, junto à Prefeitura. E aí fui lá no colégio visitar (a Dona Almerinda). E ela parou a sala de aula. “Isso aqui é como um filho pra mim! Estudou aqui.” [risos] E eu, besta, naquela conversa mole, levei um disco que eu tinha feito, que era o Fim de festa. Aí eu esqueci de perguntar: “Ah, Dona Almerinda, e aqueles instrumentinhos que a gente tocava?” Estavam lá com ela, né? Podia ter me lembrado disso. Depois ela vendeu o colégio e hoje em dia é uma residência, sabe? Mas eu podia ter me lembrado disso aí, pedir (os instrumentos) pra ela. Ela daria; ficou toda feliz de me ver.

Tacioli - ?Dominguinhos, perguntei dos lugares que você frequentava em Garanhuns, e se quando era moleque você brincava em algum lugar…

Dominguinhos? - ?Ah, brincava, brincava…

Tacioli? - Quais eram e como eram esses lugares?

Dominguinhos? - A gente mesmo fazia os brinquedos, né? Carrinho de rolimã, que você descia aquelas ladeiras bem inclinadas e, vruuum!, caía lá embaixo, se ralava todo. Fazia torneio de pião, que era pra gente lascar o pião no meio. Jogava bola de gude, que a gente chamava lá de chimbre. E aí fazia os brinquedinhos com aqueles carretéis de linha grandes, com um arame, botava ali e saía pelo meio da rua, correndo desembestado. Tudo isso foi uma coisa muito boa pra mim, para meus irmãos, primos…

Tacioli? - E como era Garanhuns nessa época?

Dominguinhos? - Garanhuns, rapaz, pra mim não mudou foi quase nada. Tem muitas flores, tem um lugar chamado Pau Pombo, que tem água mineral à beça. Minha mãe lavava a roupa do Zé Cesário, que era dono de uma padaria, com água mineral, aquela água azulzinha. E a gente ia pra lá com ela, porque tinha muito menino. Já ajudava em uma coisinha. Chegava a época de manga, a gente ia roubar manga enquanto ela lavava roupa. Um dia levei um susto arretado, porque quando estava botando a mão numa manga bem grande, rosa, o cara estava com uma espingarda: “O quê que cê tá fazendo aí, moleque?!”. [risos] Aí, eu… [bate as mãos]. Eu (caí). Já pensou se ele atirasse? Negócio de sal, né?

Tacioli? - Aí nasceu o ponta-direita?

Dominguinhos? - É. [risos] Vige, debaixo do arame, já estava com a mão na manga, rapaz! [risos] Ô cara miserável!

Tacioli? - Dominguinhos, mas como foi sua infância, a família era uma família pobre?

Dominguinhos? - Pobre.

Tacioli? - Como era o seu pai, o Mestre Chicão?

Dominguinhos? - O Mestre Chicão era afinador de sanfona, tocador, mas às vezes ele passava meio ano sem tocar numa festa, sabe? A gente passou a tocar nas ruas, nas portas de hotéis, botequins, feiras… E sustentando a família. Botava o chapeuzinho e aí todo mundo botava uma pratinha.

Pavan? - Mas ele ganhava a vida com isso ou tinha um trabalho na roça ou em alguma coisa assim?

Dominguinhos? - Também, mas a roça era uma piada, porque o meu pai com a minha mãe tiravam os eitos de terra com muita ligeireza e a gente, pequenininho, só com a enxadinha fazendo tipo… Valia de nada! [risos]

Pavan? - Mas seu pai ganhava então a vida arrumando sanfona?

Dominguinhos - ?Como agricultor.

Pavan? - ?Como agricultor e consertando sanfona?

Dominguinhos? - Consertando sanfona… Ele tocava muita sanfona de oito baixos, era uma beleza! Samba, choro e frevo, eram os gêneros de música da época. Tinha um rádio, a gente encostava o burro pra ver quando pegava direito, frequência média, como é, frequência modulada, (ela) fugia e voltava… Era uma época de Carlos Galhardo, Orlando Silva. E depois cheguei no Rio de Janeiro e conheci todos eles. Passei a tocar no regional da rádio. Se precisassem do regional, a gente já servia. Eu ficava ali tocando com eles… Jackson do Pandeiro…

Dominguinhos - Meu pai e minha mãe são alagoanos, ali de Palmeira dos Índios. O meu avó era uma pessoa muito astuta. Ele tinha muitos filhos. Teve 30 (no total) com várias mulheres. Ele dava um pedaço de terra a cada um. Aí meu pai plantava, botava mandioca, melancia… Mas quando era na hora de colher, (meu avô) tomava… [risos]

Tacioli? - Astuto, hein?

Dominguinhos? - Isso era com todos os filhos, não somente com o meu pai, não. Minha mãe era muito novinha e trabalhava junto com ele. Tinha 11 anos e já estava prometida a um agricultor dali… Mas pai gostava dela. E o que ele fez? Aproveitando que meu avô roubava tudo o que ele produzia, ele roubou a minha mãe e botou em Arapiraca, na casa de um amigo dele… Era pra esperar ele fazer 18 anos; ela tinha 13, 14 quando ele casou com ela. Aí foi pra Garanhuns e todos os filhos nasceram ali. Alagoano não nasceu nenhum, mas eu sou quase alagoano. Só nasci em Garanhuns. 

A última vez que Dominguinhos subiu no palco foi em dezembro de 2012. Foi em Exu, Pernambuco, durante as festas do centenário de nascimento de Luiz Gonzaga, seu padrinho musical. Um dos nomes mais importantes da sanfona brasileira lutava havia seis anos contra um câncer no pulmão. Depois de ter sido internado em Recife naquele mesmo dezembro, morreu no dia 23 de julho de 2013. Tinha 72 anos de idade.

Fonte: https://medium.com/gafieiras/dominguinhos-out-2011-bd22132c5d3e

Gafieiras Entrevistas de Música Brasileira.

Entrevistadores: Alexandre Pavan, Manu Maltez, Max Eluard e Ricardo Tacioli

Foto: Ainda criança, tocava triângulo com os irmãos no grupo "Os Três Pinguins", formado por Moraes (Sanfona) e Valdomiro (zabumba). Créditos da foto: corujices.com

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