Escrever sobre o Mons. Adelmar é escrever com o coração pelo que ele representa nas nossas vidas, na cidade de Garanhuns e no vasto território nacional, através dos seus ex-alunos
Diante de imagens tão ilustre e de personagem tão amiga, sinto-me em estado contemplativo, mesmo anos após sua passagem do tempo para o Eterno. Meu conhecimento com o Mons. Adelmar vem de minha infância, quando íamos visitá-lo, no Colégio Diocesano, conduzida por meu tio Mons. Tarcísio Falcão. Ambos mantiveram a vida inteira laços indestrutíveis de grande estima e de fraternidade a toda prova.
Na minha casa, sempre houve clima de veneração, com relação ao Mons. Adelmar, externado também por minha avó materna Adelaide Falcão que além de considerá-lo sacerdote santo, devotava-lhe total confiança e grande amizade.
Foi também padrinho de um dos meus irmãos. Sempre que necessitávamos de apoio, de um amigo, estava o Monsenhor a nos escutar, a compartilhar conosco, participando da vida de nossa família. Era o amigo certo em todos os momentos da vida.
Concluídos meus estudos universitários e regressando a Garanhuns, antecipadamente, fui convidada a lecionar no Colégio Diocesano, lá permanecendo por longos anos.
Minha convivência diária com o Monsenhor ultrapassou três décadas.
De caráter integro, dotado de total desprendimento, onipresente, pois estava sempre em todas as dependências do Colégio: do dormitório dos internos as salas de aula, do refeitório ao parlatório, da portaria a capela.
Desempenhava uma vigilância constante e responsável por seus educandos a quem os chamava pelo próprio nome.
Revestido de grande potencial em função da educação, soube orientar e conduzir seus alunos, retificando-lhes os erros. Viveu para os outros, para os seus alunos, para os amigos e para o próximo.
Tinha o dom de educar e de ajudar. Como educador sabia ser exigente e também cordial, caridoso, sereno, introspectivo e de sorriso discreto.
Solicito no atendimento aos mais necessitados, possibilitava aos mais pobres o direito de estudar e ter um futuro promissor. Foi homem de ação, de atitudes comedidas, raramente extremas e de oração.
Certa ocasião, era período de provas finais, encontrei-me em situação bastante delicada perante um aluno de atitudes estranhas. Transmiti ao Monsenhor o que estava ocorrendo. Ao sair do Colégio, sozinha, exposta, em plena noite, com aquele problema, quase vacilei. Eis que surge o Monsenhor, em silêncio, acompanhando-me com seu olhar até que entrasse no automóvel. Sua veste eclesiástica era uma bandeira e sua envergadura moral era só dignidade.
Sua vida foi de trabalho contínuo, de muito sofrimento, sem conforto, honestíssimo e sem o repouso necessário. A primazia do espiritual se revelava através de sua vida de oração, no cotidiano de sua existência.
Em determinadas horas, lá estava de joelhos, na Capela do Colégio, em reflexão, orando ou no exercício do ministério sacerdotal, ouvindo confissões ou nas celebrações eucarísticas. Soube manter a maior comunicação, que é aquela interior, a que vem do mais íntimo, impregnada dos valores espirituais e eternos.
Quando adolescente, pedi-lhe que escrevesse no meu álbum de recordações. Prontamente, delineou-me o caminho da virtude, através dos pequeninos atos que podem tornar-se grandiosos, mediante o amor com que os realizamos.
Sempre acreditei na força da palavra, a maior força do mundo, pois a palavra de Deus se fez carne - o CRISTO JESUS. Em se tratando do Mons. Adelmar, as palavras perdem seu significado para dar lugar a outra linguagem, a do coração, a dos sentimentos mais ternos e mais nobres - amizade e gratidão.
Para o Mons. Adelmar a minha homenagem, que é o canto de louvor, oriundo do Salmo 111: "A MEMÓRIA DO JUSTO É ETERNA".
Fonte: Monsenhor Adelmar da Mota Valença - Vida e Obra - Centenário de Nascimento 1908 - 2008 - Irmãs Cândida Araújo Corrêa e Maria Mirtes de Araújo Corrêa - Ano 2009.
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