segunda-feira, 3 de junho de 2024

O homem que conquistou o tempo

Humberto Alves de Moraes

Rossini Moura | Garanhuns, 23/07/2007

Aos 81 anos de idade, o conquistador do tempo, pegando carona na garupa leve do vento macio caminhou ao encontro das nuvens para fazer a grande viagem com destino ao paraíso. Humberto Moraes afivelou as malas e foi... Foi para sempre numa viagem glorificada pelas vultosas ações que praticou entre os homens, celebrizando-se como uma das figuras mais respeitada, mais requisitada, mais amada e mais querida de Garanhuns, e de todo Agreste Meridional.

Construiu com a simplicidade dos justos, um castelo. Um castelo que aninhou seus sonhos dando guarida aos fascinantes gestos de um homem sem soberba, sem vaidade, extremamente honesto consigo mesmo, com a sociedade, com Deus e que nasceu programado para fazer o bem.

Com o seu passamento, Garanhuns ficou mais pobre, mais sem graça, porque órfã. A capacidade indescritível de Humberto teceu no tear da dignidade atitudes altivas, jamais encontrará similar.

Estamos sem padecendo a dor do Adeus. De um adeus sem tamanho que virou toneladas de saudades. Você, Humberto, ficou certo que em cada coração de Garanhuns tem espaço para aconchegar um homem que ganhou o amor do povo pelo qual você tanto se desdobrou na política e no jornalismo, defendendo corajosamente os direitos dos oprimidos.

Enfrentou com bravura, os dragões do poder, mas venceu a todos. Dragões que expeliram fogo pelas narinas e vomitaram labaredas. Mas essa força toda não foi capaz de dobrar um homem puro que nunca se deixou seduzir pelos acenos da corrupção.

Deixou um legado de decência e honestidade que pode e deve ser seguido por todos aqueles que quiseram um dia ser útil à sua terra com as mãos limpas como as mãos limpas de Humberto Alves de Moraes.

A terra que ele tanto amou por quem tanto se desprendeu mostrou a sua face franzida de dor no dia em que Humberto foi sepultado. Esta mesma terra abriu o ventre para agasalhar no seio um dos homens retilíneos, gerador de exemplos marcantes e que mudou muito a nossa história. Doravante, vai ser impossível escrever a história de Garanhuns sem molhar a pena do nome de Humberto Moraes.

Quem visitou o seu corpo na Câmara de Vereadores deve ter observado que a lividez do rosto de Humberto, retratava a imagem de um homem que fez de Garanhuns o seu altar para todos os dias tomar a sua hóstia. E com merecimento.

Que leve onde estiver, uma vida leve, e não deixe nunca de olhar para nós, por que o seu olhar tem todo esplendor de felicidade que tanto precisamos para sermos fortes como você, Humberto, que sempre fez nossa cidade um pedaço de chão feliz. Deus o abençoe.

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