quinta-feira, 25 de janeiro de 2024

O homem não mudou

Dr. José Francisco de Souza

Devemos nos tornar livres incondicionalmente desses temores e limitações que separam o homem de seus semelhantes

Ao se afirmar que os tempos mudaram, implica que as coisas são as mesmas. Se não  houve qualquer modificação considerável nesse sentido, o homem também não mudou. Continua estático no ponto de vista mental. Repetindo-se a si mesmo, muitos indivíduos permanecem comportando-se da mesma forma. Essa falta de energia intrínseca para agir é o que poderia chamar de inércia. É um ato de resistência pacífica do comodismo, cuja insensibilidade é um desafio do estático contra o dinâmico. Seria mesmo uma atitude de desordem incoerente a se implantar contra a ordem das coisas. Infelizmente esse é o estado psicológico do mundo político e social. É também um resultado de termos "motivos", isto é muito simples. É o resultado de conhecimentos, formados pela motivação, pela acumulação de termos técnicos, de tradição tanto exterior como interiormente. A propaganda formou essa consciência através de ardiloso esquema habilmente executado.

Precisamos de uma mente liberta de acúmulo de pensamentos tristes e sombrios

Devemos nos tornar livres incondicionalmente desses temores e limitações que separam o homem de seus semelhantes. Esse mundo assim cheios de divisões, de separatismo, implica num comportamento problemático e dissolvente. Isto porque ela foi criada pelo próprio homem. E muitas vezes o atrai pela magia de modelos separatistas em prejuízo da amplitude de novas visões. Essa carência é imposta pelo meio ambiente. Age como se fora uma menina muito mimada, centro de atração de muitos admiradores, e por isto resolveu não crescer. Não se emancipar das feições que hoje, não lhes são mais necessárias. Nem  imprescindíveis diante da renovação, que lhe exige outro comportamento.

A renovação, nesse ângulo, é muito importante. O homem deve condicionar-se fora desses limites e alcançar algo mais amplo. Por exemplo, a nova alvorada da paz universal deve ser um esplendor da vida de cada ser humano. Especialmente nesta época em que se comemora o nascimento de JESUS CRISTO. Esse acontecimento foi o mais significativo de tudo quanto de sublime se realizou no seio da humanidade. Já vivemos através de tantas gerações, de tantos milhares de anos entretanto, ainda não achamos aquela energia que transformará as normas do nosso viver, do nosso "pensar e sentir". Infelizmente o homem não mudou. É o mesmo, político, possessivo, tirano e guerreiro. Para o ser humano mudar de conduta, é preciso uma mente nova diferente da nossa mente ainda comprometida por pensamentos duvidosos. A nossa mente vive muito comprometida desvigorada. E daí, a dificuldade que se encontra no que tange a libertação. O dogmatismo autoritário determina a força do egoísmo. O mundo torna-se cada vez mais conturbado.

Essa conturbação é ato daquilo que existe dentro do universo do homem. Limitado pelo ódio que o conduz é decomposição moral. Sem a mudança da estrutura psicológica de sua personalidade nada mudará para o melhor. "Quem parte do mesmo princípio atingirá ao mesmo fim". Teremos de ter outro comportamento como exemplo de uma nova maneira de viver. Precisamos de uma mente liberta de acúmulo de pensamentos tristes e sombrios. Sempre renovada pelo processo de restauração moral e intelectual, onde os problemas sejam resolvidos integralmente. E novas possibilidades se constatem pelo aperfeiçoamento do homem em estado de evolução. Somos antes humanos e teremos de resolver este estado de coisas. Só poderemos resolvê-lo se descobrirmos uma mente nova capaz de atacar e liquidar todos esses problemas.

Entre o que é e o que deveria ser, a ação está continuamente modificando e, por conseguinte, nunca se completa. O aparecimento aqui é marcante. Conhecemos o tempo em ação, como vontade. Vemos o tempo que a mente por preguiça e indolência, inventou. O tempo afim de adiar a ação. Agir é movimentar o processo de um tempo sempre atuante, que depende da modificação do mundo mental de cada um de nós. O viver que conhecemos é aflição, tortura, confusão, esforço, com ocasionais lampejos de beleza, amor e alegria. Essa é a verdade. A palavra verdade suscita dificuldade, porque cada um interpreta conforme seu próprio temperamento, seus conhecimentos, sua experiência. A verdade é única em todas as circunstâncias da vida, portanto, indescritível. (Texto do Dr. José Francisco de Souza | Garanhuns, 31 de dezembro de 1983).

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