quinta-feira, 24 de agosto de 2023

O que ocorre

João Marques

João Marques* | Garanhuns

Estou pensando na maravilhosa vida que está aqui! Está em mim, tão viva e efetiva  que a sinto inteira, com seu corpo fluido. Na verdade, não é bem assim... a vida é que me possui o corpo. É tão implícita, a vida, que a assinto como se dela esteja saindo. E, filosoficamente falando, sou uma projeção de mim mesmo. Bom! mas o que queria dizer é que, hoje, passei o dia sentindo-me atrás, há uns 70 anos... A atmosfera de antes, a sensação de existir, a disposição de ser... como se, de repente, houvesse remoçado. A alma, o espírito, o que sou, na identificação do eu. É claro que estive jovem, hoje, de uma juventude oculta do rosto envelhecido. É noite, e sinto, ainda, continuo sentindo-me o que fui. Certamente, tudo isso está acontecendo em minha consciência, que se inteira pouco a pouco que a vida espiritual não conta tempo. É uma experiência a mais, que conquisto hoje, e a reparto com quem me lê. E desejo a todos um bom entendimento.

*João Marques dos Santos, natural de Garanhuns, onde sempre residiu, é poeta, contista, cronista e compositor.  Teve diversas funções nas atividades culturais da cidade: foi Presidente da Academia de Letras de Garanhuns, durante 18 anos, Diretor de Cultura do Município e, atualmente, é presidente da Academia dos Amigos de Garanhuns - AMIGA. Compôs, letra e música, o Hino de Garanhuns. Mantém, desde 1995, o jornal de cultura O Século. Publicou quatro livros de poesia: Temas de Garanhuns, Partições do Silêncio, Messes do azul e Barro.

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