sexta-feira, 18 de agosto de 2023

Deck Pedrosa

Natural do Vale do Sirijí, ao tempo em que os atuais municípios de São Vicente Ferrer e Macaparana ainda eram distritos administrativos do Curato de Bom Jardim, meu perfilado de hoje chegou às terras pródigas de Garanhuns lá  por volta dos anos 20, a chamado do  seu tio major Antonio Alves da Cunha Pedrosa um dos barões do café de antigamente.

Veio para administrar uma das inúmeras fazendas de cultivo cafeeiro pertencente rico e abastado tanto em dinheiro sonante como em propriedades urbanas e rurais. Ficou morando com a família defronte da mansão senhorial do antigo Porto da Folha que, salve engano da minha parte, hoje integra o bairro Aloísio Pinto na confluência com a Várzea, onde ficava o açude do capitão Tomaz Maia, senhor da Vila Maria de águas puras e cristalinas.

Parece-me que justamente numa das casas em que hoje se situa a sorveteria do Capucho, uma das melhores que a cidade tem no fabrico de sorvetes de frutas naturais, conforme tive oportunidade de saborear com meu amigo José Neto de Lima, ex-secretário da Agricultura e Abastecimento, velho companheiro de trabalho na Estação Experimental e Aprendizado Agrícola de Santa Rosa.

Deck como chamava-lhe meu pai e os amigos mais íntimos, foi casado com dona Mercês, uma Tavares ainda aparentada com Maria Irenita, minha mãe. Da enorme prole lembro Leonam, Maria Dalva, Osires, Ivan, Marçal, Waldir, Jacques, Deckinho, Toinho, Zuleica e Mercêsinha, talvez não nessa ordem cronológica, talvez incompleta na menção de todos os seus filhos. Todos bem sucedidos na vida e no mister de trabalho que escolheram alguns deles com títulos universitários e orgulhosos do legado moral deixado pelo pai.

Se outra qualificação não tivesse tido meu perfilado, eu diria que a de amigos de José Câmara Guimarães, também ex-administrador rural do major Pedrosa, seria suficiente para credenciá-lo ao respeito e admiração de todos garanhuenses. Porque subitamente, João Câmara, paraibano dos cariris velhos, se não me engano de Cabaceiras, credencia-se pela  honorabilidade de homem de bem e que  em Garanhuns somente foi amigo e continua sendo amigo de homens de bem e do trabalho, dentre eles os saudosos José Dourado e Aloísio Souto Pinto. Para não citar meu pai que foi seu confidente de todas horas boas e más, durante o decorrer de muitos anos.

Depois de trabalhar intensamente na administração de uma das fazendas do tão rico, Deck conseguiu relativa independência econômico-financeira, comprou boa residência na rua Dr. Jardim, uma chalé onde ao lado construiu uma casa para Ivan, Fabiano e funcionário da Coletoria Estadual, quando ele contraiu matrimônio com Iracilda Maia Leite. Comprou também um sítio na Várzea, vizinho à  propriedade do Sr. Firmino, pai de Rosalvo e Sandoval Soares de Almeida, e de lá implantou considerável plantação de cafés finos com a qual acabou de criar a enorme prole, educando os filhos nos melhores colégios de Garanhuns como nas Faculdades do Recife.

Foi compadre do meu pai pelo batismo de Rildo na Catedral de Santo Antônio, celebrado pelo querido e saudoso vigário-capitular da Diocese, Monsenhor José de Anchieta Callou, que tanto incentivou-me no início da carreira jornalística aqui mesmo nessas páginas do jornal "O Monitor", quando dirigido por Tarcísio Falcão, então Padre e agora Monsenhor de Sua Santidade o papa João Paulo II e seus antecessores no Vaticano, que  visitei ano passado, no mês de setembro. Onde rezei em minha fé eclética do Espiritualismo, e não apenas católica, pelos padres de Garanhuns antigo, pelos meus pais e irmãos falecidos, e também por esse bom homem que foi Melquisedeck Pedrosa.

Foi-se cedo o amigo e compadre do velho Fausto, desencarnou por um enfarto do miocárdio, que antigamente dizia-se ser crise de angina, e essa rememoração que eu faço de algumas passagens da sua vida terrena é em respeito aos seus  descendentes garanhuenses, os mais jovens por nascimento e os mais velhos por opção própria, como ocorre comigo mesmo.

Nessa série que hoje concluo - Garanhuns antigo - não poderia faltar modesta crônica sobre Deck que, ao lado de José Inácio, no governo municipal, tem um neto como Secretário do Planejamento, engenheiro civil Alberto Lobo Pedrosa, filho de Marçal e sobrinho de Gualberto (Caruaru) meus diletos amigos e  companheiros da mocidade.

*Rinaldo Souto Maior / Jornalista e historiador / São Paulo, 28 de Fevereiro de 1987.

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