quarta-feira, 19 de junho de 2024

Manoel Pereira 'Seu Bebé'


O Sr. Manoel Pereira, conhecido na intimidade como  "Seu Bebé", filho de José Pereira Torres e Quitéria Pereira de Santana iniciou suas atividades como gari e, posteriormente passou a motorista e durante muitos anos desempenhou esta atividade sempre dirigindo caminhões que faziam a limpeza pública.

Completando seu tempo de serviço, aposentou-se, porém, não ficou sem atividades, preferindo continuar como motorista e sempre se dedicando a coleta do lixo domiciliar pelas ruas da cidade.

Homem simples, chefe de numerosa família, sempre pautou sua vida pelo trabalho, com muita dedicação, razão pela qual teve reconhecido seus méritos pelo Poder Executivo Municipal, que, por iniciativa dos vereadores, concederam o título de Cidadão Honorário de Garanhuns. "Seu Bebé" foi realmente um servidor dedicado e seu exemplo serve para todos.

"Seu Bebé", faleceu em uma segunda-feira, dia 29 de junho de 1992. O corpo foi velado na Câmara Municipal de Garanhuns, de onde, na tarde da terça-feira (30), seguiu para o Cemitério São Miguel. O prefeito Ivo Amaral, vereadores, funcionários municipais e amigos, acompanharam os funerais.

Por ocasião dos funerais, falaram o vereador Paulo Gomes, no plenário da Casa Raimundo de Morais e o jornalista Ulisses Pinto, no cemitério São Miguel, representando os funcionários municipais.

Transcrevemos abaixo uma entrevista concedida pelo Sr. Manoel Pereira, ao jornalista José Rodrigues da Silva, em 20/10/1979 para o jornal O Monitor 

Rodrigues da Silva - Manoel Pereira em qual cidade de Pernambuco você nasceu?

Manoel Pereira - Nasci no município de Canhotinho, aos 20 dias de abril do ano de 1918. Vivi na minha terra natal até a idade de um ano, quando meus genitores resolveram residir na cidade de Sertânia.

Rodrigues da Silva - Quando e com qual idade você chegou a esta cidade?

Manoel Pereira - A seca impiedosa que costumeiramente assola a região do Moxotó e toda área nordestina, fez com que meu pai, Sr. José Pereira Torres, juntasse a meninada e rumasse em direção ao litoral em busca de refrigério. Por este motivo, quando tinha 14 anos de idade com minha família chegamos a esta cidade que considero a melhor do Brasil, não somente pela sua gente ou pelo seu clima, mas pela acolhida que nos deu e onde vivo até hoje.

Rodrigues da Silva - Qual foi o primeiro trabalho que você e os seus desempenharam nesta cidade logo que chegaram?

Manoel Pereira - Como é do seu conhecimento quem chega em lugar estranho é como ave de arribação, não pode escolher trabalho. Naquela ocasião quem falava mais alto era o nosso estômago que internamente gritava pedindo comida. O velho José Pereira Torres, homem honrado sobre todos os títulos, iniciou a vida em Garanhuns como varredor de rua e eu como filho mais velho tive que seguir o exemplo de meu pai. Isto em 1930.

Rodrigues da Silva - Quem era o prefeito de Garanhuns naquele tempo?

Manoel Pereira - Era o Dr. Mário Lyra e graças a ele foi que meu pai ingressou no trabalho da municipalidade.

Rodrigues da Silva - Quais foram as funções que você ocupou durante o tempo em que trabalhou para o município?

Manoel Pereira - Como disse acima, iniciei como gari, (varredor de rua) posteriormente fui "cabo da turma", como deseja aprender uma profissão, tempos depois passei a trabalhar como ajudante do caminhão que coleta lixo da cidade e depois aprendi dirigir o caminhão e continuo até hoje.

Rodrigues da Silva - Quantos anos você tem de trabalho na municipalidade?

Manoel Pereira - Em 1972 fui aposentado no cargo de motorista, após 35 anos ininterruptos de trabalho sem sofrer uma punição ao menos. O ato de minha aposentadoria foi assinado pelo Sr. Amílcar da Mota Valença, que na época, era o prefeito. Meses depois fui contratado para o mesmo trabalho, onde ainda continuo, já aos 42 anos de trabalho e 60 de idade.

Rodrigues da Silva - Você tem lembranças dos nomes dos prefeitos que já trabalho?

Manoel Pereira - Tenho sim: Mário Lyra, Capitão Tomás Maia, Euclides Dourado, Celso Galvão, Mário Matos, Antônio Cesário Brasileiro, Abdias Branco, Dr. Luiz Guerra, Pedro Lima, Dr. José Henrique, Aloísio Souto Pinto, Álvaro Rocha, Francisco Figueira, Dr. Luiz Souto Dourado, Amílcar Valença, Dr. Everardo Gueiros e finalmente o atual, Sr. Ivo Amaral.

Rodrigues da Silva - Qual destes prefeitos lhe deixaram uma lembrança que jamais esquecerá?

Manoel Pereira - Todos os prefeitos foram bons e amigos. Ficou na lembrança a Lei que Aloísio Souto Pinto assinou concedendo o 13º Salário ao funcionalismo público e o Ato do senhor Luiz Souto Dourado e extinguindo. Outros acontecimentos ocorreram, mas prefiro não mencioná-los.

Rodrigues da Silva - Alguma coisa que lhe fora dada por algum Prefeito e que você guarda como recordação?

Manoel Pereira - Tenho sim. O Prefeito Ivo Amaral neste ano do Centenário da Cidade (1979) me fez dádiva da Medalha do Centenário, e no ano passado fui escolhido como Funcionário Padrão. Estas duas coisas permanecerão indeléveis por toda minha vida.

Rodrigues da Silva - O que mais você queria desta cidade onde trabalhou toda sua mocidade para vê-la sempre mais limpa e mais bonita?

Manoel Pereira - De Garanhuns quero duas coisas: 1ª nunca mais me ausentar daqui;  2ª ter muitos anos de vida para dedicar-me à sua grandeza e à bondade do seu povo.

Foto: Solenidade realizada no Salão Nobre da Prefeitura quando o prefeito Ivo Amaral, nos idos  da década de 1980 realizava  a entrega do Título de Cidadão Honorário de Garanhuns ao Sr. Manoel Pereira.

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