quinta-feira, 24 de agosto de 2023

José Cardoso cassado pela Ditadura Militar

José Cardoso da Silva (ao centro) na Assembleia Legislativa de Pernambuco

[Garanhuns] - As eleições de 1962 em Pernambuco foram realizadas no dia 7 de outubro, Miguel Arraes eleito governador, Paulo Guerra vice-governador, senadores José Ermírio de Moraes e Pessoa de Queiroz, e mais 24 deputados federais e 65 estaduais. José Cardoso disputa mais uma vez uma cadeira na Assembleia, agora pelo Partido Social Trabalhista (PST) sendo eleito suplente. Foi a última eleição antes da deposição do presidente João Goulart e a instalação do Regime Militar. 

Miguel Arraes tomou posse em 31 de janeiro de 1963, que seria deposto pelo golpe militar de 31 de março de 1964, quando assumiu o poder o vice-governador, Paulo Pessoa Guerra, que complementou aquele mandato.

Anchieta Gueiros - História de Garanhuns e do Agreste
Institucionalizado o [Regime Militar], e ainda na vigência do Ato Institucional nº 1, a Assembleia Legislativa do Estado de Pernambuco baixou as "Resoluções: nº 672 de 21 de abril de 1964", cassando os mandatos de vários deputados e suplentes: Gilberto de Oliveira Azevedo, Luís Cláudio Braga Duarte, Cícero Targino Dantas, José Cardoso da Silva, Manoel Vicente Ferreira, Carlos Luís de Andrade, José Fagundes de Menezes e Luís Serafim dos Santos, os três últimos eleitos na legenda do Partido Socialista Brasileiro e os demais na legenda do Partido Social Trabalhista; "Resolução nº 682, de 26 de maio de 1964", cassando os mandatos dos Srs. Severino de Sousa Ferraz e Antônio Florentino de Lucena e Melo, suplentes de deputados, eleitos na legenda do Partido Socialista Brasileiro e a "Resolução nº 717, de 26 de janeiro de 1965", cassando o mandato do deputado Sérgio Murilo Santa Cruz Silva, eleito na legenda do Partido Republicano Trabalhista.

A LUTA DE UM LÍDER  

Em José Cardoso, corria-lhe nas veias o sangue do político autêntico, filho que era da grande líder comunitária Francisquinha Cardoso, merecidamente considerada pelos garanhuenses como a primeira líder popular de Garanhuns. Mesmo perseguido não se calou, levantou a voz em defesa dos  oprimidos. 

"Baionetas escaladas. Tropéis de cavalaria. Sirenes histéricas. Tanques de guerra invadindo as ruas das capitais. Estudantes trucidados. Trabalhadores humilhados, espancados vergonhosamente desmoralizados. Aviões em voos rasantes. Matraquear de metralhadoras. As tropas esmagando quem lhe passasse à frente.

Ô, Zé Cardoso, esse cenário fez parte  do seu show, do seu, do meu, de quantos estivessem dispostos a lutar por dias melhores em favor de um povo abatido pelas desigualdades sociais.

Na rua, passeatas hipócritas patrocinadas pelo dólar americano. Mulheres bem vestidas expondo suas riquezas nos colares e brincos de ouro e de diamante! Um escárnio a um  povo que já vivia abaixo da linha de pobreza. (Jornalista Rossini Azevedo Moura / Crônica de abril de 2006).

Pelo Ato Institucional nº 2, de 27 de outubro de 1965, no seu artigo nº 18, foram extintos alguns partidos políticos e cancelados os respectivos registros.

Em 1966 foram criados dois novos partidos: a Aliança Renovadora Nacional – ARENA (situacionista) e o Movimento Democrático Brasileiro MDB (oposicionista).

Anchieta Gueiros - História de Garanhuns e do Agreste
Ainda na vigência do AI - 2, Foram suspensos os direitos políticos por dez anos e cassados os mandatos dos deputados Almani de Sá Barreto Sampaio, - PST, em 4 de julho de 1966 e Elias Libânio da Silva Ribeiro – PDC (recém à ARENA, secção de Pernambuco), em 17 de outubro de 1966.

De acordo com o Ato Institucional nº 3, de 5 de fevereiro de 1966, foi realizada a primeira eleição indireta, na Assembleia Legislativa de Pernambuco, tendo sido eleito governador Nilo de Sousa Coelho e vice-governador Salviano Machado Filho.

A 13 de dezembro de 1968, o presidente Costa e Silva baixou o Ato Institucional nº 5. Na vigência desse Ato foram suspensos por dez anos os direitos políticos e cassado os mandatos de alguns deputados.

Os direitos políticos de José Cardoso só foram recuperados em 1979 com a Leia da Anistia.

Deputados Estaduais pernambucanos cassados pela ditadura militar:

- Almany de Sá Barreto Sampaio (PST)

- Audálio Tenório de Albuquerque (ARENA) 

- Carlos Luís de Andrade (PSB) 

- Cícero Targino Dantas (PST) 

- Clóvis Jatobá da Costa Lima (PMDB) 

- Dorany de Sá Barreto Sampaio (PMDB)

- Egídio Ferreira Lima (PMDB)

- Elias Libânio da Silva Ribeiro (PDC)

- Geraldo Pinho Alves (PMDB) 

- Gilberto de Oliveira Azevedo (PST)

- Harlan de Albuquerque Gadelha (PMDB)

- Inaldo Ivo Lima (PMDB)

- Inácio Mariano Valadares Filho (ARENA) 

- José Cardoso da Silva (PST) 

- José Ferreira de Amorim (ARENA)

- José Inácio da Silva (ARENA)

- José Marques da Silva (ARENA) 

- Josesito Padilha (ARENA)

- Liberato Pereira Costa Júnior (PMDB)

- Luís Cláudio Braga Duarte (PST)

- Luís de Andrade Lima (PMDB)

- Paulo Rodolfo Rangel Moreira (ARENA) 

- Sérgio Murilo Santa Cruz Silva (PST) 

- Sílvio Pessoa de Carvalho (ARENA)

- Waldemar Alberto Borges Rodrigues Filho (PMDB)

Fonte: G1

Foto: http://blogdojaksonfitipaldi.blogspot.com/2016/04/jose-cardoso-24-anos-sem-o-homem-do-povo.html

http://www.alepe.pe.gov.br/wp-content/uploads/2017/11/uma-visao-historica-pe.pdf

Foto: José Cardoso da Silva (ao centro) na Assembleia Legislativa de Pernambuco. Nas eleições de 3 de outubro de 1958, Cardoso ficou na suplência para a legislatura 1959/1963, e com o licenciamento de dois deputados assumiu a cadeira de deputado pelo período de um mês.

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