quinta-feira, 17 de agosto de 2023

Garanhuns cidade jardim

Praça Mons. Adelmar da Mota Valença. Créditos da foto: Anchieta Gueiros

Pedro Jorge Valença*

Existe uma recomendação que as Cidades tenham 10% de sua área coberta por arborização. No Nordeste, João Pessoa é o exemplo com diversas áreas florestais. Em Recife temos os Hortos de Dois Irmãos e do Curado, onde a Mata Atlântica é preservada. Alguns Bairros como Aflitos e Espinheiro são cobertos por imensos Oitizeiros que estão se tornando um grande problema, quando a Celpe para preservar a rede elétrica faz uma poda desordenada, dirigindo as árvores para o centro da rua. Com as chuvas os acidentes com queda de árvores estão ocorrendo.

Em Garanhuns, todos os Prefeitos se dedicaram para transformar a cidade num jardim. As Praças Dom Moura e da Bandeira (Mons. Adelmar da Mota Valença) são exemplos de preservação, onde imponentes Paus Ferro, Barrigudas, Cedros, Mulungus, Nogueiras, Paus D'arcos, Tamboris, Liros, Muricis e o único pé de Sabonete de Macaco, existente na área, que foram plantadas pelo prefeito  Celso Galvão e Luiz Guerra. As ruas que eram arborizadas com Fícus Benjamins, que depois atacados por um besouro apelidado de "Larcedinha", foram substituídos por Acácias, na gestão de Aloísio Pinto. Outro que preservou a arborização foi Amílcar Valença, que teve a sorte de contar com a colaboração de José Neto, importando  Sumaúmas, Paineiras e Palmeiras Imperiais que hoje estão colorindo a Cidade com suas imponências. Alguns habitantes têm em seus jardins Pinheiros, Ciprestes e Araucárias, Figueiras e Macieiras. Fatos curiosos devem ser registrados, quando da chegada do Caqui no Brasil, Garanhuns foi escolhida juntamente com Belém do Pará e São Paulo, o outro foi o ocorrido com uma Sumaúma plantada nas junções da Av. Rui Barbosa com 15 de Novembro, bem na frente da antiga oficina de Júlio Paliado e José Cowboy. Esse tipo de árvore amazonense, se caracteriza por ter um grande tronco central que não se bifurcar, num desfile de um Circo, um Elefante "traquino", ao passar pela árvore, de uma só botada levou toda a folhagem superior. Com o tronco bem solidificado na recuperação, brotaram duas galhas e hoje a imensa Sumaúma é a única que tem uma forquilha frondosa. Capricho da natureza.

No segundo período de Amílcar, foi a vez da Algaroba, que vinda do Peru, se adaptou muito bem no semiárido nordestino e todas as ruas da Cidade e dos Distritos foram contempladas. No Governo de Ivo Amaral, a arborização também foi uma das metas, tendo "promovido"  José Neto de colaborador a Secretário de Agricultura e as coberturas vegetais foram incentivadas, como a recuperação do Parque Pau Pombo. Não satisfeito com os "jardins vegetais" Ivo inovou trazendo um mecânico, assim surgiu o Relógio das Flores, hoje ponto de presença obrigatória dos visitantes. Zé Inácio não esqueceu a periferia, arborizando e recuperando as danificadas. Bartolomeu se preocupou com o Parque Euclides Dourado e seu entorno, Silvino, não saiu da rota e reformulou toda a Avenida Rui Barbosa. O certo é que ninguém esqueceu a cobertura vegetal e todos se preocuparam em plantar e preservar o Pau Brasil, que já existia nas nossas matas como um "primo irmão" que é chamado de Piripitanga. Outra árvore que foi importada da São Paulo foi a Pata de Vaca, quando da chegada foi "descoberto" que era o mesmo Mororó que abundava no nosso Agreste. A preservação preocupou a todos Prefeitos.

Não ocorrendo com as reservas que circundavam a Cidade.

A mata de Brejão foi praticamente erradicada, o Sítio da Várzea virou sementeira, sem respeitar a reserva de Craibeiras, os Tabuleiros (Capoeiras) não existem mais, restando apenas alguns pés de Catolé, no Horto do Colégio 15 de Novembro, ficaram só árvores salteadas, nas chegadas da Cidade só capineiras. Resta apenas uma área com 45 hectares, escondida na Fazenda Caldeirões, em uma Caatinga estão preservados todos os vegetais do semiárido do Agreste Seco. Em Maraial ainda existem grandes áreas onde a Mata Atlântica está intocável, graças à ação do IBAMA.

O Município de Garanhuns está encravado entre as principais zonas climáticas que formam a parte Meridional de Pernambuco: O Tabuleiro, a Caatinga, o prolongamento da Mata Atlântica e o Agreste Arenoso.  

*Pedro Jorge Silvestre Valença é escritor, pecuarista e economista.

Foto: Praça Mons. Adelmar da Mota Valença. Créditos da foto: Anchieta Gueiros.

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