quinta-feira, 24 de agosto de 2023

Boa noite, Rúbia!

João Marques

João Marques* | Garanhuns

A noite é um manto que envolve o tempo, com a sombra da própria terra, que gira. E anoitecem cidades e campos, todos os seres vivos, e o homem. Não havendo luz do sol, tudo se recolhe e espera. É o turno da reflexão e do repouso. Das lâmpadas, e dos sonhos, que acendem as mentes de passagens da vida, ressureitas da existência. E a noite se instala nas superfícies e nos interiores. A alma, que tem luz própria, tem o seu sol. E, sorrateiramente, desperta, com mais intensidade, os pensamentos. Os comportamentos  se tornam um tanto diferentes, como se vivesse outra estação, outra dimensão das atividades. Há uma evidente leveza em tudo, uma concentração da existência, uma meio abstração das coisas. E me parece que, na noite, justamente na noite, a espiritualização da vida é maior. Tão necessária é a noite, que o sol a carrega, oculta atrás dos raios, e a entrega no fim de cada dia. Abençoada noite!

*João Marques dos Santos, natural de Garanhuns, onde sempre residiu, é poeta, contista, cronista e compositor.  Teve diversas funções nas atividades culturais da cidade: foi Presidente da Academia de Letras de Garanhuns, durante 18 anos, Diretor de Cultura do Município e, atualmente, é presidente da Academia dos Amigos de Garanhuns - AMIGA. Compôs, letra e música, o Hino de Garanhuns. Mantém, desde 1995, o jornal de cultura O Século. Publicou quatro livros de poesia: Temas de Garanhuns, Partições do Silêncio, Messes do azul e Barro.

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