A casa que nasci, quase meia-noite de uma quarta-feira de 27 de abril de 1934, era a de número 34 da Rua Treze de Maio, bem no centro de Garanhuns. Logo abaixo da minha casa, na mesma rua meu pai tinha uma bomba de gasolina. O seu primeiro negócio depois de ter vindo de Canhotinho. Esta bomba pegou fogo, quase levando todo mundo pelos ares. Pois bem. Não me lembro da bomba, nem do incêndio. Mas lembro-me: logo abaixo na esquina da rua, uma pracinha, da qual se seguia para a Rua do Recife. Praça Sérgio Loreto.
No centro da Praça um imenso (parecia ser grande) tanque. No centro um pedestal com a estátua de um menino, que como eu tinha os cabelos nazarenos, isto é, cortados na altura das orelhas. Um dia a minha irmã Bety, quis tirar um retrato meu. Eu pensava que seria no foto ou na casa do retratista da cidade. Seu Espiridião Falcão. Que nada, a foto seria ali mesmo, junto da estátua, com uma máquina tipo "caixão" que ela conseguiu de alguém. Pelo retrato ainda hoje posso ver como eu era pequeno. Um "carregador" que passava por perto, foi requisitado por Bety para me transportar para junto da estátua. Ele arregaçou as pernas das calças rôtas e me pôs no ombro e que nem São Cristóvão me levou para o meio do lago. Após a foto trouxe-me de volta. Eu estava com uma roupa branca (diziam uma roupa de marinheiro), com gola larga de listinhas azuis e vermelho. Disso me lembro, inclusive da casa de Seu Leite, que ficava bem em frente a estátua, na mesma praça. Ainda me lembro que uns trocados foram dados ao carregador.
*Advogado, escritor, poeta e pintor.
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