segunda-feira, 4 de agosto de 2025

Um mundo de paz

José Francisco de Souza

Dr. José Francisco de Souza* | Garanhuns, 27/07/1986

Na presença da realidade devemos enfrentá-la fitando com serenidade a luz  de seus olhos. Não devemos ser esquivos falando apenas de suspeitas. Elas ocasionam pressões muitos fortes, a ponto de nos deixar tomado, até mesmo imersos, dédalo de dúvidas torturantes. Não há nada mais dubitativo do que vivermos na  voragem de marginalização de tudo o que é certo. Isso deve ser apreciado com certa profundidade por quem não sente a consciência onerada.

A crise da família, que é apenas uma parte da crise geral do mundo contemporâneo, encontra explicação satisfatória à luz do princípio da reencarnação. Das lei do Carma, consequências de vida anterior, ou reações de atos praticados em outras oportunidades de vida, nesta ou em outra dimensão. Com o auxílio e determinação do código genético o mundo científico presta indeclinável colaboração. Ninguém pode prescindir das investigações da ciência, cujas pesquisas têm constatado meios idôneos e reais.

Tudo se encadeia na Natureza, desde do átomo até o arcanjo, que também já foi átomo. Estudando a evolução em todos os campos da vida, Léon Denis, autor do "Problema do Destino e da Dor", ensinou no alto de sua cátedra: "A  alma dorme na pedra, sonha na vegetal, agita-se no animal e acorda no homem. Ligando assim o destino humano ao destino das coisas. Dessa ligação surgem as comparações e os estímulos. Civilizar é, sobretudo, humanizar.

O homem não passa subitamente da infância à maturidade. O intelectualismo vaidoso é uma espécie de resíduo que dificulta o movimento da válvula natural da intuição espiritual e apressa o momento fatal. Nossos instintos animais, nossas ambições desmedidas, nosso orgulho ferido, nossas pretensões de supremacia aceleram dia a dia o ritmo da pressão interna.

O mundo interior de cada um de nós, é cheio de cogitações, onde o silêncio profundo desperta certa tranquilidade pontilhada de algo que nos sublima. É o Reino de Luz que habita, cuja presença dissipa todas as trevas em que o ser humano no encontro o domínio da paz que o mundo precisa.

Se queremos a paz, teremos de nos preparar para a paz. Só os pacíficos espalham as virtudes que transformam em  tranquilidade as tempestades das almas conturbadas pela guerra.

Assim o nosso pensamento encontra receptividade no universo moral e intelectual, do maior Instrutor do mundo, já desencarnado. Dessa maneira o Krishna Murtiano falar sabiamente nos ilumina como se deve conquistar a Paz.

Para implantar a paz no mundo, para pôr fim a todas as guerras, faz-se mister uma revolução no indivíduo, em vós e em mim. Sem esta revolução interior, a revolução econômica não terá significação, porque a fome é resultado do desajustamento das condições econômicas produzido pelos nossos estados psicológicos. A avidez, a inveja, a malevolência, a ânsia de posse. Para pôr fim ao sofrimento, à fome, à guerra, faz-se necessária uma revolução psicológica, e poucos de  nós têm disposição para tal. Estamos dispostos a conversas sobre a paz, planejar legislações, criar novas organizações, mas não estamos dispostos a ganhar a paz, porque não queremos renunciar à posição, à autoridade, ao dinheiro, às propriedade, as nossas vidas estúpidas.

Contar com os outros é inteiramente fútil; eles não podem trazer-nos a paz. Nenhum chefe irá dar-nos a paz, nenhum governo, nenhum país. O que trará a paz é a transformação interior. A transformação interior não significa isolamento ou retraimento da ação exterior. Pelo contrário, só pode haver ação correta quando há pensar correto, quando há autoconhecimento. Se não conheceis a vós mesmos, não há paz.

Para por fim à guerra exterior, temos que por fim à guerra que está em  nós mesmos. Alguns ficarão de acordo, depois sairão, para fazer exatamente a mesma coisa que vinham fazendo há muitos anos. Só haverá paz quando formos pacíficos, quando vivermos em Paz conosco e com o próximo. "A paz seja convosco". É a saudação do grande mestre Jesus o Cristo.

*Advogado, jornalista, cronista e historiador. 

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