terça-feira, 5 de agosto de 2025

Mentir é humano


João Marques* | Garanhuns, Abril de 2016

No princípio, antes do ser humano falar, não havia a mentira. Ela, a mentira, veio com a palavra. O som produzido pelas cordas vocais - a palavra escrita, depois - originado para expressar o discernimento, a orientação. Logo que começou a ser exercida, a palavra, já pelos seus múltiplos significados, deu início à confusão. Nem sempre a palavra tem o mesmo significado, ou corresponde à verdade. Daí, as muitas línguas, as diversas interpretações do assunto, ou da palavra. Não custou, usual, para atender a conveniência humana, surgiu a mentira. Desvio da verdade, ou invenção de ideia, puramente invenção. O homem achou bom e adotou o meio trapaceiro da linguagem, para justificar erros, facilitar as coisas, enfim, para atender a inúmeras vantagens.

É esta uma explicação possível, não histórica ou científica. Especulação, filosofia, palavra, para convir que o homem mente naturalmente. Assim mentir é humano.

Por isto tudo, pela vida social, convivência necessária de uns com os outros, é obvio que todos tenham de aceitar, ou acostumarem-se com a mentira. Os seus efeitos são danosos, mas a autoria, não se tenha dúvida, é da própria constituição humana. Condene-se, pois, o corrupto (termo mais em dia com a linguagem atual), não porque mente. Não! Condene-se, se a sua mentira causar prejuízos. Se causou, condene-se o roubo, não a afirmação mentirosa... Absorvam-se aqui os políticos mentirosos. E haveria política ou religião sem mentira? É forçoso dizer, mas é de bom tino: mentir é tão natural, como é qualquer atividade fisiológica. Que vivam na terra os mentirosos? no Brasil de hoje principalmente (2016).

*João Marques dos Santos, natural de Garanhuns, onde sempre residiu, poeta, contista, cronista e compositor. Teve diversas funções nas atividades culturais da cidade: foi Presidente da Academia de Letras de Garanhuns, durante 18 anos, Diretor de Cultura do Município, foi presidente da Academia dos Amigos de Garanhuns - AMIGA. Compôs, letra e música, o Hino de Garanhuns. Manteve, desde 1995, o jornal de cultura O Século. Publicou quatro livros de poesia: Temas de Garanhuns, Partições do Silêncio, Messes do azul e Barro. João Marques desencarnou em 22 de setembro de 2024.

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