A história é uma constante repetição de fatos que retratam o próprio homem. Se nela vemos a fotografia de homens notáveis, devotados ao progresso, à fraternidade dos povos; por outro aspecto, também nos apresenta a insensibilidade, o egoísmo, a crueldade de tantos, quais autênticas bestas humanas. De homens, trazem apenas a aparência.
Nossa época retrata o desembesto de ambições desmedidas, dentro de modelos selvagens. Muitas famílias amargam o desemprego de seus chefes, na provação das necessidades. Pais e mães choram a fome e o desamparo dos filhos. A plutocracia dominante, tendo por império tão somente o egoísmo de suas posições, acomoda-se na insensatez, no desequilíbrio, na desordem.
Não podemos falar de modelos, de sistemas, de instituições, de organizações, sem os homens que as fazem. Todos os organismo sociais ou governamentais, sem aqueles que os dirigem, seriam mera abstração. Coisa inexistente, Tudo isso seria diferente, melhor, caso os homens fossem igualmente melhores. Contudo, tal não acontece, em que pesem o esforço e a boa vontade de grande parte de homens de bem, vontadosos em que venha de reinar uma nova ordem, na qual houvesse um lugar ao sol para todos, ainda mesmo em sentido relativo.
Culpar organizações públicas ou privadas sem penalizar seus responsáveis é favorecer a extensão da irresponsabilidade, cuja presença se assinala pela multiplicação dos males sociais. Homens cruéis, insensíveis, inimigos da ordem, adversários da paz, desumanos e egoístas, personalistas ao extremo, infestam os caminhos do mundo, mascarados de sentimentos de humanidade e de uma fraternidade que não conhecem. Dizem-se cristãos, espiritualistas, ciosos do seu "deus" (minúsculo). Sabem mostrar-se nas solenidades, nas reivindicações, sempre ocupando os primeiros lugares nas assembleias e nas cerimônias dos diversos templos. É a repetição da história. São os fariseus do passado, os sepulcros caiados de nosso tempo, exibicionistas de famosas etiquetas, espalhando pelo ar miasmas, podridão que interiormente carregam.
Criminosos de colarinho-branco abancam-se em todos os ambientes. Sentam-se principalmente nas cadeiras de grandes organizações econômicas. No egocentrismo de suas estofadas posições, defendem uma economia sem ética, esquecidos de que nenhum princípio, como nenhuma ciência, pode divorciar-se dos postulados morais.
Como resultado dessas atitudes desumanas, antissociais, temos a procissão de uma infância ao abandono, de multidões desempregadas, de famílias entregues ao subemprego, amargando todos a crueldade da fome, da miséria, do crime, da morte e, tantas vezes, pelo caldo desta cultura, levados a engrossar os índices da criminalidade.
O comportamento dessa minoria de insensatos, apresentando-se quais "donos do mundo", dita as regras da "normalidade", sempre bem assentadas em gigantescos princípios de "sadia moralidade", pois ninguém mais do que eles conhecem os verdadeiros fundamentos em que se devem assentar a Filosofia e a Ciência...
Deles é a Ciência, a Filosofia, a Economia, que, na extensão ilimitada de suas ambições, multiplicam pelo mundo o pranto, as lágrimas, o sofrimento, as dores. Deles ainda é o furto do alimento de crianças que choram ou que morrem de fome. Verdadeiros "empreiteiros do crime", constroem a aflição dos lares, a desordem social. Somem-se os delitos de todos quantos foram até hoje colhidos pelas malhas da Justiça, e esse número continuará mera irrisão diante de homens destituídos de sensibilidade.
Cremos, porém, que não existimos num mundo sem uma ordenação superior. Acreditamos nessa ordem transcendental. De há muito, sentimos os sinais a uma humanidade que, em grande número, continua sem olhos de ver, sem ouvidos de ouvir. Repetindo a lição milenar aos piores cegos do nosso tempo (aqueles que não querem ver), dizemos: a sementeira é livre, mas a colheita é obrigatória, porque, a cada um, segundo as suas obras.
*Jurista e escritor / Garanhuns, PE - 2011.
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