Graça, aqui, no sentido de Dom de Deus. O sorriso tanto quanto as lágrimas é próprio do ser humano. Como toda realidade sutil, essencial, ele não é fácil de captar, porém é inesquecível. Permanece entre o silêncio e a palavra. Testemunha uma elevação serena, uma alegria secreta, uma suave gravidade. Transparece a profundidade do ser, furtiva luz interior.
Conhecemos sorrisos célebres: o da Gioconda (Monalisa) do Anjo de Reims, o que Beatriz dirigiu a Dante para guiá-lo ao Céu, o sorriso da eternidade que se vislumbra em certas estátuas do Egito faraônico ou na fisionomia dos Budas. Fulgurações de uma presença inefável, de uma beleza que transcende o tempo e os costumes.
Conta-se uma história verídica: uma jovem ia pela rua de uma cidade do interior com passos rápidos e o ar triste. Alguém chamou-a insistente: "senhorita, senhorita, você perdeu algo!" A jovem para espantada. E o homem: "Sim, você perdeu seu sorriso. Já a encontrei várias vezes e a senhorita tinha sempre um sorriso nos lábios. Procure-o, por favor, ele é um raio de luz de sua alma." É uma história verdadeira. Acreditem ou não. Isso aconteceu em uma rua que existe, de uma cidade real.
Fala-se tanto em partilhar, socorrer os outros. Será que não seria bom lembrar que cada gesto de partilha deve ser acompanhado com um sorriso de leve que dignifique a dádiva de quem a dá e de quem recebe?
O sorriso não conhece barreiras culturais, nem fronteiras terrestre. Ele "fala em línguas". Faz-se compreender pela "orelha" do coração, como o Espírito de Deus. Pela graça do sorriso oferecemos ou recebemos luz, doçura e alegria.
*Escritora, jornalista, cronista e professora.
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