terça-feira, 15 de julho de 2025

O carro-de-boi

Hélio Alencar Monteiro

Pela estrada, rangendo, mansamente,

segue o carro-de-bois, sempre chorando

velhas mágoas e dores recordando

como se tivesse alma e fosse gente.


E qual um pobre velho, já demente,

entre longos gemidos, resmungando,

o carro-de-bois calmo, vai passando,

sem notar o que surge pela frente.


"Gado"! "Manhoso" - Grita o bom carreiro,

enquanto sofre o carro no atoleiro,

passam homens com risos de desdém.


Lutam os bois, o carro enfim se arranca,

e vence a lama e geme e chora e manca,

e vai rangendo, enquanto o fim não vem.

Garanhuns, 31 de dezembro de 1988.

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