Hélio Alencar Monteiro
Pela estrada, rangendo, mansamente,
segue o carro-de-bois, sempre chorando
velhas mágoas e dores recordando
como se tivesse alma e fosse gente.
E qual um pobre velho, já demente,
entre longos gemidos, resmungando,
o carro-de-bois calmo, vai passando,
sem notar o que surge pela frente.
"Gado"! "Manhoso" - Grita o bom carreiro,
enquanto sofre o carro no atoleiro,
passam homens com risos de desdém.
Lutam os bois, o carro enfim se arranca,
e vence a lama e geme e chora e manca,
e vai rangendo, enquanto o fim não vem.
Garanhuns, 31 de dezembro de 1988.
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