domingo, 29 de junho de 2025

Cantiga de Sempre


João Marques* | Garanhuns

E agora, José? e Maria?

Maria de muitos nomes

das Dores e da Conceição

a de Zé mais conhecida 

pobre de vida e nome

e em todo o dia amanhece 

nem toma café e some 

para ver o que é que acha…

mas se Maria não volta?

e cansada cai com o nome

Zé e os filhos com fome!

aí, é um fim de mundo


Maria, vai que não morre

se levanta e logo some 

sem as paisagens da vida 

e o tombo calcula os passos

vê se ganha alguma coisa

e volta de noite à casa

onde das sobras inda come

mexido para os meninos

prato de espera ao Zé

ela, tira-gostos vencidos 

e parece um fim de mundo 


e não tem do que gostar

vivendo a diária lida

de existir assim de fora 

e se não se fizer de aço 

se não mastigar o espaço,

e não cuspir o que engole

Maria de Zé se acaba 

e só fica um fim de mundo.

*João Marques dos Santos, natural de Garanhuns, onde sempre residiu, é poeta, contista, cronista e compositor.  Teve diversas funções nas atividades culturais da cidade: foi Presidente da Academia de Letras de Garanhuns, durante 18 anos, Diretor de Cultura do Município e, atualmente, é presidente da Academia dos Amigos de Garanhuns - AMIGA. Compôs, letra e música, o Hino de Garanhuns. Mantém, desde 1995, o jornal de cultura O Século. Publicou quatro livros de poesia: Temas de Garanhuns, Partições do Silêncio, Messes do azul e Barro.

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