terça-feira, 30 de janeiro de 2024

Evangelho no Lar


Dr. Aurélio Muniz Freire

Nosso tempo necessita de evangelização. Mais ainda, de espiritualização. Continuamos sem entender aquele aviso: "Meu fardo é leve, o meu jugo é suave"

Nosso mundo está muito carente de fraternidade, de amor. Do coração de muitos homens, fogem o entendimento, a verdadeira compreensão. Entregam-se mais à discórdia, à desarmonia, às ambições desmedidas, à transitoriedade das paixões do terra-a-terra. Vivem os frutos do desamor, na expansão sem freios de muita violência. São caminhos de desassossego. Estradas de intranquilidade.

Nosso orbe, a grande  morada do  homem, vive assim desajustada e infeliz, porque  a instabilidade psíquica de muitos escreve as tempestades de suas preocupações. Tudo isso acontece, visto corrermos incessantemente na  perseguição quase exclusiva de valores transitórios, descurando de nossas casas mentais, de sua limpeza, e abrigamos os nossos espíritos em corpos tisnados pela sujidade dos nossos desvios. Assim, moramos distanciados da harmonia que constrói um mundo melhor, engrossando os agentes poluidores de nossa psicosfera, retardando a  melhoria de condições gerais, pelos vícios do nosso tempo.

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A humanidade poderia viver tranquila, serena, sem maiores problemas de desajustes, caso buscasse primeiramente os valores do espírito, os tesouros que as traças não roem, nem roubam salteadores. "Buscai, em primeiro lugar, o reino de Deus e a sua  justiça, e tudo o mais vos será acrescentado". É um princípio de realização interior e de integração com o mundo  exterior. É felicidade. No entanto, ainda procuramos em primeiro lugar, amar o "mundo de Deus" depois buscarmos o "Deus do mundo", contrariando a sublime mensagem do filósofo (Huberto Rohden), que nos recomenda sentirmos o "Deus do mundo", para, então, compreendermos e amarmos "o mundo de Deus".

O próprio Evangelho vem de há muito sofrendo tremenda inversão. Muitos dos seus  princípios (notadamente sua filosofia de vida) estão sendo torcidos, para  uma satisfação de interesses materiais e uma civilização que foge das coisas do espírito. A mudança e tão acentuada que até mesmo pessoas que se dizem mentoras, guias, condutores religiosos, consciente ou inconscientemente aderiram à metamorfose evangélica. Para estes, que invertem a palavra de sabedoria milenar, Jesus teria dito: "Buscai primeiro as coisas do mundo (terras, justiça social, dinheiro, casas, bens materiais, riquezas, prestígio, "status" social, posições, etc) porque o reino de  Deus e a sua justiça vos serão dados por acréscimo de sua misericórdia". Como resultado deste evangelho de homens tornados minúsculos, responde a própria sociedade: sem paz, sem  tranquilidade, num mundo que lhe parece um inferno, pois que esta "espiritualidade", que é do mundo dos homens e não do "mundo de Deus" é apenas um verniz. Nosso comportamento tem sido materialista, sem Deus, ainda quando nos afirmemos cristãos ou espiritualistas.

Nosso tempo necessita de evangelização. Mais ainda, de espiritualização. Continuamos sem entender aquele aviso: "Meu fardo é leve, o meu jugo é suave". Prosseguimos lançando peso e insuavidade à vida. Nossa morada, que é o mundo, nesta imensa casa de  Deus, o seu universo, somente será o reino da felicidade, quando as criaturas se transformarem interiormente, na construção da paz que não faz a guerra, na edificação do amor que desconhece o ódio.

A Doutrina Espírita, que se dirige notadamente à reforma do homem, defende e apregoa o Evangelho no Lar, como um dos meios ao progresso da Terra. Se se eleva o lar, todos os seus recebem paz. Se a maioria das famílias passam à tranquilidade de vida, novas condições surgiriam na sociedade. Haveria a implantação normal, espontânea de uma justiça natural, qual nova ordem alicerçada nas leis de amor. Jamais teremos um mundo melhor, enquanto inquietos vivermos tão somente pelas coisas que passam. A civilização contemporânea retrata o estado mental de um povo ansioso, angustiado, habituado em casas que deixam de ser lares...

*Jurista, escritor e cronista | Garanhuns, 06 de outubro de 1984.

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