O desenvolvimento da ciência, em nossos dias, é uma realidade que não podemos querer ofuscar e à qual não podemos nos tornar indiferentes. Entretanto, em que pese essa extraordinária expansão em todos os setores do conhecimento humano, achamo-nos muito distantes na penetração de verdades que se ocultam. Há um modus operandi na intimidade profunda de tudo quanto existe, falando-se da presença de uma força invisível, mas controladora, de uma gama infinda de fenômenos naturais ou físicos, qual alma a reger laboratórios escondidos.
O fluido cósmico universal, elemento energético ainda não detectado pelos nossos instrumentos científicos, excursiona pelos espaços infinitos de Deus, constituindo-se como elemento a plasmar e modificar a própria matéria na multiplicidade de suas apresentações. Não nos cingimos à composição física já conhecida e analisada por estudiosos e cientistas. Não. Aqui nos atemos às forças criadoras e mantenedoras de átomos e de moléculas, de células e de corpos, ainda não visitados pelos instrumentos das pesquisas e da análise.
Nas reuniões de efeitos físicos ou de materialização, de início, vemos substâncias esbranquiçadas, quais névoas flutuantes, em pleno ambiente. Paulatinamente, como nuvens que se condensam, vão tomando formas e, à medida que se adensa, aquela matéria sutil plasma objetos comuns e, até mesmo, instrumentos científicos. Sons, cores, luzes, perfumes passeiam no recinto dos trabalhos, operando até mesmo a flutuação ou o transporte de objetos já existentes no local. Materializam-se Espíritos. Falam, andam, cantam. Deles, podemos sentir a pulsação, os batimentos cardíacos, a temperatura do corpo, e se apresentam, por vezes, como se fossem iguais a qualquer mortal.
Tais fenômenos devem-se ao ectoplasma dos médiuns de efeitos físicos, a recursos hauridos da natureza, bem ainda aos encarnados presentes. Aquela substância leitosa, esvoaçante, na apresentação de tantas formas, emana, principalmente (porque com maior intensidade), da intimidade celular do medianeiro, saindo-lhes pelas narinas, pelos ouvidos, pela boca, pelos poros. Esse material fluídico e plasmador de tantas manifestações, depois de incontáveis produções, vai aos poucos se desmaterializando, retornando o ambiente à normalidade anterior, num desafio às nossas inteligências, fazendo-nos, contudo, aceitar a verdade de acontecimentos inusitados, inabituais à realidade humana, notadamente porque esses fatos se apresentam objetivamente à vista de todos. O intermediário (médium), após trazer à luz tantos efeitos, também volta ao seu estado normal.
Emmanuel fala-nos de um quimismo invisível na intimidade do chão. O grande Rabindranat Tagore refere-se a uma escola que as flores têm debaixo da terra. Esse laboratório, imperceptível a nossos sentidos, manipulando fórmulas de uma química desconhecida, esconde-se à ciência dos homens. No entanto, não ousamos negar sua presença. Ela se mostra fabricando a tinta das flores, na variedade de seus perfumes. Também na diversidade dos sabores alimentares, colorindo de belezas as folhas que vestem os campos, os jardins que adornam as nossas casas, a vestimenta policrômica a tecer o vestido de nossas árvores,
Não há qualquer milagre em tudo isso. É a natureza de Deus operando, por Sua ciência, a demonstração do quanto pode o mundo nos oferecer como sinais de Sua divindade. Vale, ainda aqui, relembrar o grande Tagore, quando, por seu estro iluminado, nos dizia: "Queres encontrar Deus? - Baixa teus olhos e fita uma flor ou ergue a tua vista e olha uma estrela". Pena é que ainda muito continuemos de olhos fechados e de ouvidos tampados, cegos e surdos para não termos ouvidos de escutar nem olhos de enxergar a Ciência que se disfarça nas obras da Criação.
O fluido cósmico excursiona todos os planos e não se afasta das leis universais e físicas, pois são normas espirituais, divinas, transitando pela natureza de todos os corpos. Ele é a matéria-prima com a qual trabalham os operários do Pai em todos os campos da vida. É o operar contínuo da Espiritualidade Maior. É atividade espírita, visto ser a operosidade de Espíritos, mostrando-se, pela invisibilidade das causas, a visibilidade de tantos efeitos falando a voz de Deus.
*Jurista e escritor / Garanhuns, PE - 2011.
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