Muito se escreve em nossos dias. Enorme, a publicação de livros, jornais, revistas. Literatura imensa, variada, informa a vida do homem. Instrução sem limites. Depois, uma tecnologia sofisticada nos progressos da produção, exibe, com exuberância, a inteligência e a capacidade humana. Na divulgação da técnica e de seus métodos, outro acervo de publicações especializadas nos incontáveis departamentos do saber.
Grande, extraordinário, o progresso atual das ciências. A multiplicação de suas especializações é tamanha, que o homem especializado neste ou naquele setor, cada vez procura saber "mais e mais de menos e menos", na feliz assertiva de Will Durant.
Todos os campos do conhecimento humano recebem o esclarecimento necessário, preciso, dentro de sua área, numa quase perfeição tecnicista. Os resultados ai estão à vista de todos. E, para ver e sentir a expansão deste desenvolvimento material e humanidade tem olhos de ver e sensibilidade acurada. Com efeito, de prodígios, capacita-se a inteligência humana, na inegável maturidade científica.
A evolução tecnológica trouxe-nos a sociedade de consumo. Adquirimos bens, não porque deles necessitamos, mas tangidos pela competição, pela avidez, pelo egoísmo das ambições desmedidas. Ansiedade, fome de produtos industrializados escrevem a enfermidade do nosso tempo. É a "patologia da normalidade", modernamente analisada e conceituada psiquiatricamente, dizendo que a nossa sociedade, o nosso mundo está enfermo.
Diversifica-se a produção literária, nos setores da especialização, segundo vimos. Contudo, o homem sofre. Desajusta-se a humanidade. Crescem os desequilíbrios. Gritam as crises. Aumentam nossas interrogações. No ar, uma insatisfação generalizada. Explodem os estados de angústias. Multidões resvalam aos processos de fuga. E as drogas afundam o homem nas estradas do crime...
Perguntas continuam sem respostas. Problemas, sem soluções. Porventura, já resolveu a ciência, - o problema do próprio homem? Suas necessidades básicas, fundamentais, já teriam recebido a devida solução? Não. Desníveis sociais e psicológicos exibem os quadros do desajuste atual. Falta-nos a humanização da ciência, numa humanidade cada vez mais desumana. Grupos contra grupos. Nações contra nações. Indivíduos contra indivíduos. Uma guerra sem limites, nos lares e no mundo.
Desnível extraordinário, numa longa caminhada da criatura humana. De uma lado, o progresso material, ilimitado. De outro, o atraso moral. A horizontalidade da vida apresenta-nos a desumanidade do homem, embrutecido, enleado no egotismo de suas prisões. O desamor atual martela na consciência sofrida de milhões. Uma agressividade espalha a violência, semeando de desarmonias, de odiosidades, de sangue, os campos do homem. A exploração do nosso progresso horizontal infiltra-se nos segmentos da vida. Mina-lhes os valores de sua cultura, na religião, na ciência, na filosofia. A horizontalidade cultural, sem Deus, num processo de educação - quebrada, desintegrada, retrata o niilismo do nosso tempo, a desumanização do homem - materializado, do homem - coisa.
*Jurista e escritor.
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