domingo, 3 de agosto de 2025

Ave Maria

Luzinette Laporte de Carvalho

Luzinette Laporte de Carvalho*

A oração da Ave Maria, na sua primeira parte, é bíblica e se refere a Jesus. O Anjo Gabriel vai solicitar-lhe um fiat/sim. Deus quer alguém, uma pessoa humana, para inserir no Seu plano de amor... "Trama de amor", disse alguém. E escolheu Maria. As escolhas de Deus são luminosas. Ele é a Sabedoria. O anúncio do Anjo: "Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é contigo". Não apenas "está": é!

E, à pergunta de Maria: "Como se fará isto, se eu não conheço varão"? (Isto é, sem relação sexual!) "O Espírito do Senhor te cobrirá com sua Sombra". Cobrir. Envolver e penetrar. Eis Maria, a possuída por Deus. Pelo Amor de Deus. E o Filho que lhe será dado, tem o nome de Jesus. Eis a profunda ligação entre o Pai do Céu, o Filho (Jesus) e o Espírito de Amor, com Maria. O Pai se comunica, é com ela. O Filho é gerado em seu seio, pelo Espírito que a fecunda. O Espírito, "o AMOR que circula no seio da Trindade." Por isso, Isabel, "cheia do Espírito Santo" grita: "Bendita és entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. E de onde me vem a honra de receber a visita da mãe do meu senhor"? Mãe do meu Deus. Mãe de Deus. Ou a Bíblia enganou-se, embaraçou-se com esta expressão: Senhor. Que Senhor? Deus. "Bendita aquele que acreditou". A fé, em Maria. Toda a narrativa nos leva ao Apóstolo Evangelista João: "E o Verbo se fez carne e habitou entre nós". A Palavra de Deus pousou, nasceu, criou-se em Maria. Ela é/foi o Tabernáculo onde o Filho de Deus "se fez carne". Mãe do meu Senhor. Do meu Deus. "Ave Maria, cheia de graça"! O Espírito do Senhor cobriu-se. Consagrou-te. Desde então, toda ela pertence a Deus. Não se pode conceber que alguém mais a possua. Não cabe nem mesmo na sensibilidade, quanto mais na razão. Não é porém aqui e agora que se pode falar sobre tão imensa graça para o mundo inteiro. Porque. Ele veio, viveu, cresceu, passou no mundo "fazendo o bem". Morreu na Cruz para nos salvar. Ressuscitou. Ainda estamos no templo da Páscoa, isto é, da Ressureição. Por isso cantamos: "O Cristo, nossa Páscoa, foi imolado". E o canto do "aleluia!" enche a liturgia.

A segunda parte é um pedido: "Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora da nossa morte. Amém". Sabemos que o milagre de Canaã ainda não era tempo, mas realizou-se. Porque Maria disse ao Filho: "Estão sem vinho", falta vinho. A preocupação com os amigos, com todos. E Jesus adverte: "Minha hora ainda não chegou." Mas antecipou o milagre, para atendê-la. Ninguém é capaz de chegar até onde... Mas o Povo de Deus sabe que tem Mãe. E sabe também que à mãe a gente vai com o coração aberto. Entre nós e o Pai, "o Único Mediador" é Jesus. Porém entre nós e Jesus, Maria, os Apóstolos, os Santos.

"Não se vai ao Pai se não por Mim", afirma Jesus. E o sabemos e assim fazemos. Mas, entre nós e Jesus, o Homem Deus, o Deus que se Se fez Homem, o "Verbo" que Se fez carne..." nosso relacionamento é de irmãos. Para isso Ele nasceu e morreu e Ressuscitou. "Foi para isso que vim". Busquemos, pois, o Deus que se inseriu na humanidade. O Deus - Conosco, o Emanuel.

Através de Maria, Sua Mãe, "Rogai por nós, Santa Mãe de Deus, para que sejamos dignos das promessas de Cristo".

Quem não crê, não pode entender a fé, o milagre. Não queriam matar Jesus porque ressuscitou Lázaro? E não queriam matar Lázaro por ser o testemunho do milagre? "Tudo é graça". Maria, a cheia de graça", a escolhida, a Mãe do meu Senhor, rogai por nós a teu Filho Jesus - Amém. 

*Professora, jornalista, cronista e escritora | Garanhuns, Maio de 2012.

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