terça-feira, 5 de agosto de 2025

A garoa de Garanhuns

Lauro de Alemão Cysneiros

Lauro Cyneiros* | Garanhuns, 08/05/1976

Que simplesmente linda

A se jogar do espaço!...

Parece que é o lençol que a Natureza

Manda enxugá-lo ao sol...

Mas acontece que o sol se esconde

No nevoeiro que envolve

O matutino arrebol...


Enquanto a nívea glacial garoa,

Tênue, suave, cândida, divina,

Vem, levemente, angelical, franzina,

Descendo no azevém...

E, excelsamente, peregrina, algente,

Esparge a alcova da Aurora albente,

Que despertando vem...


Incorpora-se à paisagem multifária,

Da cidade ideal!

Sua aspersão às ruas e às vitrinas,

Às árvores, às praças e aos jardins

De flores aromais,

Já é tão vinculada ao ambiente

Que, até, já se tornara

Um idílio natural...


Quando, por um fenômeno climático,

Torna-se arredia

Da Cidade serrana

Essa garoa fria,

O Morro do Magano adoeceria

Ante o acesso fatal...

E, naquela altitude, gemeria

Como geme o enfermo no hospital...


E o Monte Sinai, ao lado oposto,

Ereto, colossal,

Perderia o bairrismo

À sua terra natal...


E o parque Pau Pombo

Ali, adjacente à Catedral,

À frustração desse adorno,

Que não diria, afinal?!...


E a terra dos guarás e dos anuns,

Esse núcleo de glória ascensional,

pelas asas dos simuns,

Seu pesar revelaria

À esfera glacial...


Porquanto, Garanhuns,

Sem a cortina fria

Da original garoa.

De certo não seria

A terra de Simôa Gomes.

*Poeta, jornalista, escritor e historiador.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Garanhuns a cidade dos gerânios

Luzinette Laporte de Carvalho * | Garanhuns , Novembro de 1977 Garanhuns começa a se afirmar como " A Cidade dos Gerânios ": ouvim...