Lauro Cyneiros* | Garanhuns, 08/05/1976
Que simplesmente linda
A se jogar do espaço!...
Parece que é o lençol que a Natureza
Manda enxugá-lo ao sol...
Mas acontece que o sol se esconde
No nevoeiro que envolve
O matutino arrebol...
Enquanto a nívea glacial garoa,
Tênue, suave, cândida, divina,
Vem, levemente, angelical, franzina,
Descendo no azevém...
E, excelsamente, peregrina, algente,
Esparge a alcova da Aurora albente,
Que despertando vem...
Incorpora-se à paisagem multifária,
Da cidade ideal!
Sua aspersão às ruas e às vitrinas,
Às árvores, às praças e aos jardins
De flores aromais,
Já é tão vinculada ao ambiente
Que, até, já se tornara
Um idílio natural...
Quando, por um fenômeno climático,
Torna-se arredia
Da Cidade serrana
Essa garoa fria,
O Morro do Magano adoeceria
Ante o acesso fatal...
E, naquela altitude, gemeria
Como geme o enfermo no hospital...
E o Monte Sinai, ao lado oposto,
Ereto, colossal,
Perderia o bairrismo
À sua terra natal...
E o parque Pau Pombo
Ali, adjacente à Catedral,
À frustração desse adorno,
Que não diria, afinal?!...
E a terra dos guarás e dos anuns,
Esse núcleo de glória ascensional,
pelas asas dos simuns,
Seu pesar revelaria
À esfera glacial...
Porquanto, Garanhuns,
Sem a cortina fria
Da original garoa.
De certo não seria
*Poeta, jornalista, escritor e historiador.

Nenhum comentário:
Postar um comentário